domingo, 21 de julho de 2013

Líder estudantil ganha R$ 9.361,80 do PT ?



Em 1992, minha geração foi à rua pelo impeachment do Collor. Na ocasião, o então presidente da UNE Lindbergh Farias (agora senador e já com investigação em curso) ficou com a fama de ter negociado com o então Governador Fleury um pequeno mimo para os estudantes: a Lei estadual 7.844, de 13/05/92, garante o direito à meia-entrada aos alunos do ensino fundamental, médio e superior.

Agora, tudo indica, que caminhamos para uma nova moeda de troca: o passe-livre.

Deryck é estudante de mentirinha e um estudante chapa-branca. Ele ocupa o cargo de diretor de Projetos e Ações Temáticas da Secretaria Municipal da Juventude, nome pomposo para um cargo que, segundo o blog 24 horas, lhe rende todo mês o generoso salário de R$ 9.361,80 (prefeitura petista).

Deryck Santana foi entrevistado pelo Jornal Anhanguera 2º Edição, na noite desta sexta-feira, para falar sobre o passe livre estudantil adotado pelo governador Marconi Perillo (PSDB), pelo prefeito Paulo Garcia (PT) e demais prefeitos dos municípios da região metropolitana de Goiânia.

Segundo o blog 24 horas, o “estudante” faz parte da tropa de choque “jovem” que foi formada no Paço Municipal na época de Iris Rezende e assumida como herança por Paulo Garcia.

Foi Deryck, juntamente com o secretário municipal da Juventude, Pablo Resende, quem organizou as “reuniões” de Paulo Garcia com estudantes, para discutir a questão do passe estudantil, na verdade uma encenação para a imprensa – que caiu no embuste.", diz o blog 24horas

O ponto é: fica evidente que a UNE presta contas aos chefões petistas.

Todos sabem qual é a ordem do alto comando petista: distraiam os estudantes, falem da ditadura do passado, enquanto organizamos a ditadura do presente.

Meu recado: resta aos estudantes mudar de liderança ou pedir o seu bolsa-UNE.

Dilma, Cristina e o 'efeito Orloff'


Por Suely Caldas

Ao analisar as contas públicas do governo federal, o Tribunal de Contas da União (TCU) alertou para o risco de "argentinização do Brasil", referindo-se aos truques e maquiagens a que o governo Dilma Rousseff tem recorrido para manipular o resultado fiscal do País. Na Argentina, estatísticas sociais e indicadores econômicos ficaram desacreditados, desmoralizados desde que o governo interveio no Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), demitiu profissionais sérios e passou a maquiar pesquisas e índices econômicos. O divórcio da realidade é tal que o índice de inflação oficial em 2012 ficou em 10,8 % e o real, em 26,9%.

O alerta do TCU faz lembrar o fenômeno "efeito Orloff" nas relações Brasil-Argentina. Nos anos 1980, uma propaganda de TV no Brasil mostrava dois homens - um bebendo uma dose de vodca e outro sóbrio e saudável que respondia ao primeiro: "Eu sou você amanhã". O objetivo do anúncio era avisar que bebida de qualidade não provoca ressaca. Mas os economistas brasileiros rapidamente inverteram a ideia e passaram a chamar de "efeito Orloff" os erros cometidos pela Argentina e depois repetidos no Brasil no enfrentamento da hiperinflação. Para o TCU, o Brasil estaria começando a praticar o "efeito Orloff" ?

Não chega a tanto. Aqui seria impensável destruir quase 80 anos de trabalho do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), transformando-o em uma instituição servil, desonesta, mentirosa e desrespeitada mundo afora, como é hoje o Indec argentino. Obrigado a  trabalhar com índices oficiais produzidos pelos governos dos países, o Fundo Monetário Internacional (FMI) já ameaçou até suspender a Argentina, caso continue falsificando estatísticas.

É verdade que os mirabolantes truques do Ministério da Fazenda para alcançar a meta fiscal tornam nossa contabilidade desacreditada, carregando junto bancos públicos e empresas estatais, usados pelo governo como meros instrumentos de maquiagem. E acabam produzindo efeito contrário ao pretendido porque só o governo e mais ninguém acredita que a meta de 2012 foi cumprida e tampouco será a de 2013. Bancos, fundos de investimentos, instituições financeiras e consultorias calculam seus próprios números, já descontando a camuflagem, e é com eles que trabalham. Ou seja, além de produzirem um resultado desacreditado, o ato de tentar falsear contribui para nutrir o cenário de desconfiança em relação à economia brasileira, já baqueada pela estranha combinação de inflação alta e crescimento medíocre. E este é um cenário ruim para um país que precisa atrair investimentos privados.

Mas há uma diferença fundamental: enquanto a Argentina resolve o descumprimento de metas e compromissos com falsificações grosseiras, gestos autoritários e desrespeito às regras da democracia, intervindo e demitindo funcionários honestos do Indec, o governo brasileiro não ousa fazer o mesmo com o IBGE. E as triangulações financeiras - criticadas e contestadas - que faz com o Banco do Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Petrobrás e Eletrobrás podem até desaparecer da dívida líquida, mas inevitavelmente aparecem e inflacionam a dívida bruta. E isso o governo não esconde.

No câmbio. É verdade também que o Brasil começa a enfrentar problemas na área cambial que a Argentina vive há tempos, desde 2011. Porém há outra diferença a favor do Brasil: até agora o País não perdeu reservas cambiais e a desvalorização do real em relação ao dólar não tem sido mais grave do que têm enfrentado outras moedas, desde que o Federal Reserve anunciou a retirada de estímulos à economia dos EUA. Apesar disso, preocupa a fuga de capitais de investidores estrangeiros: só da Bovespa saíram R$ 4,073 bilhões no mês passado. E a explicação maior é a desconfiança com os rumos da economia, além do desastre com as ações das empresas do Grupo X, de Eike Batista.

Já a vizinha Argentina vem perigosamente perdendo reservas desde outubro de 2011, quando o governo começou a aplicar medidas de controle do câmbio. Só este ano a perda chegou a US$ 5,242 bilhões e entre 2010 e o mês passado o estoque das reservas desabou de mais de US$ 50 bilhões para US$ 38 bilhões. E como reagiu a presidente Cristina Kirchner? Na segunda-feira anunciou anistia para quem fugiu do controle cambial: nos próximos 90 dias quem repatriar ou legalizar dólares guardados em casa ou em caixas-fortes de bancos poderá fazê-lo sem pagar qualquer taxa ou imposto: o cidadão entrega os dólares não declarados a qualquer banco e recebe em troca papéis garantidos pelo governo. Economistas argentinos apostam que a anistia vai transformar o país em temporário paraíso de lavagem de dinheiro.

Guardadas as diferenças (a favor da brasileira), há uma semelhança entre Dilma e Cristina: como as duas gostam de intervir na economia! E com enormes chances de cometer equívocos. Exemplo no Brasil foi o programa de renovação das concessões elétricas e redução da conta de luz: estrangulou a Eletrobrás e vem sendo desfeito pelos reajustes concedidos à tarifa das empresas. Além disso, o engessamento dos modelos dos leilões atrasou investimentos em rodovias, ferrovias e aeroportos, fundamentais para aliviar gargalos da produção industrial do País.

Mas Cristina Kirchner faz muito pior. Com a inflação fugindo do controle, desde fevereiro ela decretou congelamento de preços dos alimentos em supermercados. Era para ser temporário, mas já renovou duas vezes e, na quinta-feira, fechou quatro supermercados por "desrespeito ao congelamento". Criou uma lei determinando eleição com voto popular do Conselho da Magistratura, intervindo diretamente no Poder Judiciário. Felizmente, a juíza Maria de Cubría declarou a lei inconstitucional porque "suprime a necessária independência política dos juízes". Sem programas consistentes de governo, as duas vivem apagando incêndios, evidentemente com mais erros do que acertos. Mas as ações de Cristina são bem mais desastradas porque denotam desespero.

Por isso, caro leitor, por enquanto estamos livres do "efeito Orloff" e vamos torcer para assim continuar.

SUELY CALDAS, JORNALISTA, É PROFESSORA DE COMUNICAÇÃO DA PUC-RIO. E-MAIL: SUCALDAS@TERRA.COM.BR

Fonte:Estadao

quinta-feira, 11 de julho de 2013

A esquerda e os mitos difamatórios

Por Olavo de Carvalho

No show de ignorância dado à Folha de S. Paulo, em entrevista, pelos líderes da FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty), recém encerrada, a estrela maior foi sem dúvida o sr. Milton Hatoum, que, incapaz de lembrar o nome de um só escritor brasileiro importante, que fosse de direita, ainda completou a performance com esta maravilha: "Diziam que Nelson Rodrigues era, mas discordo. Era provocador, irônico, e na ditadura lutou para libertar presos."

De um lado, é impossível, a quem quer que tenha lido o cronista carioca, ignorar seu anticomunismo intransigente, seu horror aos "padres progressistas", seu apoio ao governo militar e até o orgulho com que ele se qualificava publicamente de "reacionário".

É óbvio que o sr. Hatoum só conheceu o pensamento de Nelson Rodrigues por ouvir falar, e ainda assim com muita cera nos ouvidos. Em segundo lugar, socorrer e proteger presos e perseguidos políticos durante a ditadura foi uma das ocupações mais constantes dos intelectuais de direita, entre os quais Adonias Filho, Josué Montello, Antônio Olinto, Gilberto Freyre e Paulo Mercadante. Para cúmulo de ironia, o mais célebre e aguerrido defensor de presos políticos naquela época foi o advogado Heráclito Sobral Pinto, um católico ultraconservador que confessava e comungava todos os dias e, quando não estava tirando gente da cadeia, estava escrevendo furiosas diatribes contra o Concílio Vaticano II.

Hoje seria chamado de "fundamentalista" e jogado no lixo com a multidão
dos outros "ninguéns".

O que nunca se viu no mundo foi o beautiful people comunista correr em massa para estender a mão a perseguidos da ditadura soviética, chinesa, húngara, polonesa, romena ou cubana. Ao contrário, sempre que aparecia algum foragido revelando as torturas e padecimentos sem fim nos cárceres comunistas, a gangue se reunia, não raro em escala mundial, para achincalhá-lo como "agente do imperialismo".

Se o sr. Hatoum não conhece nem Nelson Rodrigues, seria loucura esperar que soubesse algo, por exemplo, do caso Kravchenco, em que toda a intelectualidade esquerdista se juntou para desmoralizar o ex-funcionário soviético que denunciava os horrores do Gulag. Kravchenco reuniu testemunhas, provou o que dizia e venceu um processo judicial contra toda a plêiade dos bem-pensantes.

Soljenítsin, quando esteve nos Estados Unidos, contou que os dissidentes soviéticos nunca receberam a menor ajuda da elite esquerdista americana, mas apenas de sindicatos de trabalhadores (na época, acentuadamente anticomunistas).

Quando esteve no Brasil, o pastor Richard Wurmbrand, homem que por dezesseis anos sofrera torturas e maus tratos numa prisão romena (confirmados em público por uma comissão médica da ONU), a mídia esquerdista o tratou como se fosse um demônio, um conspirador fascista.

A mentalidade esquerdista intoxica-se de mitos difamatórios de maneira a não cair jamais na tentação de ver no adversário um rosto humano. Até hoje os quatrocentos guerrilheiros mortos na ditadura, muitos deles caídos de armas na mão, merecem mais lágrimas do que os cem milhões de civis desarmados que eles, como membros do movimento comunista internacional, ajudaram a matar.

Até hoje os que nadam em indenizações milionárias como prêmio da sua cumplicidade com os regimes mais bárbaros e genocidas não consentem em dizer uma só palavra de conforto às vítimas da guerrilha brasileira, dando por pressuposto que a condição de ser humano é monopólio da esquerda, que aqueles que a esquerda matou, mesmo transeuntes inocentes, não passam de cachorros loucos abatidos pelo bem da saúde pública. Para o sr. Hatoum, basta um sinal de bondade na pessoa de Nélson Rodrigues, para produzir a conclusão automática e infalível: Não, ele não pode ter sido de direita.

Nunca li os romances do sr. Hatoum, mas até admito, como hipótese extrema, que um idiota possa escrever um bom livro de ficção. O que é inadmissível é aceitar como "intelectual", como formador de opinião, um sujeito que formou a sua na base do puro zunzum e sai por aí arrotando julgamentos sobre o que desconhece.

Hoje, esse tipo de gente domina todo o mercado editorial, as universidades e a mídia cultural, mas um dia a juventude brasileira, cansada de ser ludibriada por esses farsantes, adquirirá cultura por conta própria (espero sinceramente ajudá-la nisso) e não se curvará
mais às opiniões recebidas. Submeterá seus gurus aos testes mais duros e chutará o traseiro daqueles que forem desmascarados como ignorantes palpiteiros a serviço de interesses mafiosos e partidários.

Garanto que, entre meus alunos, há pelo menos cem que são incomparavelmente superiores a eles em inteligência e conhecimentos. O renascimento cultural do Brasil vem-se preparando no silêncio e na modéstia do trabalho sério, do esforço genuíno, na paciente aquisição dos instrumentos da vida intelectual superior.

Quando esses jovens ocuparem o espaço que merecem, não haverá mais lugar para os picaretas de luxo, para os comedores insaciáveis de verbas públicas, para os apadrinhados de um governo que vive da mentira e da corrupção. Quando soar a hora,
cada um destes últimos, desprovido da interproteção mafiosa, será julgado no tribunal
da competência e da honradez intelectual e, muito previsivelmente, jogado às trevas do anonimato, de onde nunca deveria ter saído.

Olavo de Carvalho é ensaísta, jornalista e professor de Filosofia

Fonte: http://www.dcomercio.com.br/index.php/opiniao/sub-menu-opiniao/112360-a-esquerda-e-os-mitos-difamatorios

Leia também:  Alguém e Ninguém

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Médicos portugueses rejeitam proposta do MS para trabalhar no interior do país

“Brasil não está nos tratando com dignidade”
Leia entrevista com José Manuel Silva, presidente da Ordem dos Médicos de Portugal:

Médicos de Portugal rejeitam a proposta feita pelo Ministério da Saúde de abrir vagas temporárias no interior do Brasil e acusam o governo brasileiro de não tratar os portugueses com "dignidade". Presidente da Ordem dos Médicos de Portugal, José Manuel Silva alerta que dificilmente um profissional do país aceitará as condições impostas e diz que o plano do ministro Alexandre Padilha é "desprestigiante".

Como os portugueses receberam a proposta brasileira?
Essa proposta deixa os médicos portugueses confinados a uma região. Não é uma forma de tratar com dignidade profissionais portugueses. Há muitos médicos brasileiros em Portugal e não fizemos isso com eles. O que o Brasil oferece é desprestigiante. A qualidade dos profissionais em Portugal é alta e a proposta desconsidera essa qualidade.

Mas Portugal vive sua pior crise em 30 anos, com desemprego recorde. A proposta brasileira não seria uma solução?
Temos acordos com Alemanha, Reino Unido, Dinamarca e França. Todos nos oferecem melhores condições que o Brasil. Dificilmente algum médico português aceitará as condições oferecidas pelo Brasil. Até porque a situação de trabalho nesses locais mais distantes certamente é mais dura e haveria problemas de adaptação.

Qual sua posição sobre a oferta de que os médicos portugueses não tenham de revalidar o diploma?
Qualquer proposta entre governos deve primeiro passar por aprovação do Conselho Federal de Medicina no Brasil As condições de reconhecimento de diploma devem respeitar as regras de cada país.

Mas o senhor está disposto a dialogar com o governo brasileiro?
Temos disposição para o diálogo. Mas ele não pode ocorrer apenas entre governos. Não foi positiva a forma como foi apresentada a ideia. Assim como pedimos isso de um brasileiro aqui, a lei brasileira deve ser aplicada para um estrangeiro.

Fonte: Jornal O Estado de S. Paulo, publicada no dia 22 de maio de 2013.

Tobby entrevista - Dilma

Punk da Dilmarquia

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Fogos de Artifício


DORA KRAMER - O Estado de S.Paulo

Dos pactos ao plebiscito às carreiras, passando pela Constituinte exclusiva e uma reunião ministerial inócua, nada do que o governo federal disse ou fez nos últimos dias "colou". Uma série de palpites infelizes descolados da realidade.

Evidência de total falta de sintonia com o conteúdo do que diz o respeitável público e ausência de um diagnóstico (planejamento) sobre os problemas a serem resolvidos em ordem de prioridade conforme as necessidades reais do País. Em duas palavras: propaganda enganosa.

Pode ser só uma primeira impressão, mas tudo indica que o artificialismo "morreu" como solução para situações difíceis, que feitiçarias marqueteiras não têm mais o mesmo efeito reparador e as velhas artimanhas estão com a validade vencida.

Pelas propostas até agora apresentadas ficou claro que o governo só tinha uma agenda: navegar na onda da popularidade da dupla Dilma/Lula com o único objetivo de vencer eleições por apreço ao poder pelo poder.

O Congresso não rejeita a realização de um plebiscito no molde proposto porque seja contra o princípio da consulta ao povo. Esta conclusão rudimentar é a que o Planalto gostaria que prevalecesse, mas não é isso que emerge do debate a respeito.

As coisas são mais complexas que uma mera jogada de transferência de responsabilidades. Ao contrário, trata-se de usurpação ladina de prerrogativas. Inversão dolosa dos fatos.

Ou a presidente e seus conselheiros não sabem que a função de convocar e definir a pauta do plebiscito é do Congresso? Ou desconhecem que uma consulta da complexidade da reforma política não se faz assim de estalo? Ou não notaram que a ira contra políticos não era motivada por regras eleitorais e sim pelo dar de ombros do Estado traduzido em desleixo administrativo e degradação moral?

Bobagem achar que o governo não entendeu. Entendeu perfeitamente o nome do jogo. Até porque do contrário teríamos de admitir que o Brasil é governado há dez anos por um bando de tolos. São mesmo bem espertos. Mas, como reza o velho dito, a esperteza quando é muita vira bicho e come o dono. Pelo jeito, é o caso.

O Congresso só tem uma maneira de desarmar o truque: fazendo a sua parte, trabalhando direito, atuando com autonomia, adotando critérios de decência, abrindo mão de privilégios.

Quanto à reforma política, é colocar mãos e cabeças à obra para a elaboração de uma pauta voltada para o eleitor que depois seria chamado a referendo para aprovar ou rejeitar as mudanças. Nem tão devagar que pareça embromação nem tão depressa que dê margem a retrocessos. Para 2014 ou 2016. Importante é que valha a pena para sempre.

Piloto automático. Não foi um "equívoco", como disse o presidente da Câmara depois de descoberto, o que o levou a lotar de parentes um avião da FAB em caravana para assistir à final da Copa das Confederações no Maracanã.

Foi o uso contínuo do cachimbo que faz a boca torta. Em outras palavras: a força do hábito. Agora mudado à força. Há um mês o deputado Henrique Eduardo Alves responderia às críticas com evasivas sobre a prerrogativa do cargo para o uso do transporte, a ociosidade da aeronave e coisas do gênero.

A reposição do valor das passagens não o redime do ato que fala mais alto que qualquer explicação sobre a razão dos protestos. Suas excelências terão de fazer mais que dar declarações de apoio "à voz das ruas" e aprovar uma batelada de leis. Vão precisar mudar de comportamento.

Hoje dificilmente a sociedade veria com a condescendência de outrora as férias no Palácio da Alvorada patrocinadas pelo então presidente Lula a um grupo de amigos de um de seus filhos. Todos transportados em avião oficial, como a família Alves.

Charge: Sponholz

O ocaso de Dilma . O ciclo petista se encerrou.


Por Fernando Gabeira

Não creio que o PT esteja querendo dar um golpe com essa história de plebiscito. Na verdade, não têm condições de dar um golpe nesse momento da história do Brasil.

O ciclo petista se encerrou. Hoje, a pesquisa da Data Folha indica uma queda de 27 pontos na aceitação da presidente Dilma, queda só comparável ao de Fernando Collor, antes do impeachment.

O PT sonha em passar o projeto de lista fechada.

Mas nesse momento da história do Brasil, tentar fazer aprovar um método que afasta o eleitor de seu candidato e dá à burocracia do partido o direito de escolher quem será eleito, terá forte oposição no próprio Congresso.

Se me lembro do que vi, vai haver uma batalha campal para evitar a vitória de lista fechada, na qual apenas os caciques partidários se beneficiam.

O que dirão os eleitores quando perceberem que não elegem mais um deputado mas sim uma lista fechada, produzida nos bastidores dos partidos?

Vamos primeiro deixar que haja a batalha pelas perguntas no plebiscito. Primeiro, a pergunta sobre a viabilidade. Depois cuidaremos dessa especificamente, o grande sonho do PT para eleger apenas os mais bem colocados no partido e forçar os outros à obediência, para que um dia seu nome possa subir mais na lista fechada.

Toda o esforço do PT é para reforçar a hierarquia interna. E isto num momento em que os jovens que foram as ruas contestam hierarquias fechadas, sentem-se lideres de si próprios.

O momento é de ampliação da liberdade e o PT propõe um esquema mais rígido. Eles não só estão no fim. São incapazes de decifrar o novo momento e tiram do bolso respostas do passado, que não solucionam as questões do presente.

Não se trata apenas da corrupção, da picaretagem, da fanfarronice, a própria estrutura mental dos petistas pertence a outra época. Talvez nesse ponto, exista uma ponta de sensação: os passos dos dinossauros em tempo de grandes manifestações oriundas das redes sociais.

Dilma chamou ao palácio do Planalto todos os movimentos domesticados, alguns recebendo dinheiro do PT. Queria simular um “reencontro do com o povo”, só que o povo eram figurantes colhidos entre os comensais do regime.

Lamento que um setor do movimento gay tenha se prestado a isso. Desde quando começou a receber verbas oficiais, alguns de seus líderes vestiram sua gravata e se comportam como sombrios funcionários do governo.

Não deixa de ser curioso ver o governo encenar com seus figurantes um acordo que não existe entre ele e os manifestantes reais.
Dilma é dura como esse penteado que inventaram para ela. É uma espécie de marionete nas mãos dos lideres do PT que vão encenar ad nauseam seus rituais burocráticos e autoritários.

O povo para eles sempre foram aqueles movimentos que chamaram ao palácio do Planalto: o “nosso povo”que abana a cauda sempre que é preciso.

Essa UNE é simplesmente decrépita. Viveu anos à custa do governo, silenciou sobre todas as injustiças e agora vem encenar a representatividade de uma revolta que não fez e, se chamada antecipadamente a participar, diria não.

O governo e seus apoiadores são muito cínicos, muito deformados pela corrupção generalizada que estimularam no Brasil.
Podem sobreviver como Maluf sobrevive. Podem ter até seus eleitores, como Maluf os têm.

Dificilmente serão donos do país, como têm sido até hoje. Que outro governo poderia ter a audácia de realizar uma política externa partidária, em detrimento dos interesses nacionais?

Que outro governo faria uma Copa do Mundo plantando elefantes brancos, estádios que depois dos jogos cairão na inutilidade?
Que outro governo sairia montando embaixada por dezenas de países minúculos, alguns sem nenhum retorno no horizonte?

Lembro-me da discussão da compra do avião para Lula. Os defensores da ideia diziam: é para projetar nosso poder no exterior.
Eles não imaginariam a crise de 2008 que trazia todo o planeta de novo para a realidade. A projeção de poder não é mais material, a ostentação inútil é apenas o reflexo de um complexo de inferioridade que existe no país e sobretudo do profundo complexo de inferioridade do próprio Lula.

O nunca antes neste país era apenas o sempre de antes nesse país, era apenas o sempre de antes na curso da humanidade: um conto de fanfarras e bandeirolas, significando nada.

charge: Sponholz

PF combate esquema de desvio em 11 Estados

Federais acompanham Sebastião José Vieira Filho, ex-procurador de Montes Claros, acusado de envolvimento no esquema denunciado em abril pelo EM


A Polícia Federal deflagrou ontem operação para desbaratar quadrilha acusada de desvio de verbas públicas em mais de 100 municípios de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Sergipe, Santa Catarina, Rio, Pernambuco, Maranhão, Paraíba, Pará e Bahia. O esquema, segundo a PF, foi montado para fraudar licitações. Só em Minas foi houve desvio de mais de R$ 70 milhões em recursos públicos.

Dois ex-prefeitos de municípios mineiros - Warmillon Fonseca Braga (DEM), de Pirapora, e José Benedito Nunes (PT), de Janaúba - foram presos. Já o ex-prefeito de Montes Claros, Luiz Tadeu Leite (PMDB) é considerado foragido. Ele também teve a prisão decretada e é procurado pela Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), pois estaria em Miami (EUA). Leite teria viajado para os EUA há cerca de uma semana, com a justificativa de fazer um tratamento médico.

Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em imóveis de outros suspeitos de integrar a quadrilha.

Segundo o delegado Marcelo Freitas, chefe da PF em Montes Claros, onde foram centralizadas as investigações, a prisão do ex-prefeito é "questão de tempo". Ao todo, de acordo com a PF, foram executados 20 mandados de busca e apreensão, 21 de sequestro de bens e valores, três de condução coercitiva e nove de prisão temporárias.

Entre os presos está o advogados e ex-procurador da prefeitura de Montes Claros Sebastião Vieira, que ainda ocupa cargo comissionado no município. O também advogado e ex-procurador da prefeitura montes-clarense Farley Menezes foi alvo de condução coercitiva para prestar depoimento.

O delegado contou que a quadrilha envolve ainda pessoas físicas e jurídicas e servidores públicos. Segundo Freitas, o grupo direcionava licitações para uma empresa do Espírito Santo para aquisição de precatórios com créditos junto à Receita, que eram depois repassados para serem compensados em tributos pelos municípios, artifício vedado pela lei.

 A PF apurou que também havia negociação de documentos falsos, com assinaturas nos nomes de Cláudio Maia Silva e Ângelo Marinho como auditores da Receita, apesar de essas pessoas não fazerem parte dos quadros do órgão.

De acordo com o delegado da PF, o esquema provocou uma "sangria de milhões de reais dos cofres públicos", principalmente do "sofrido" norte mineiro.

Os acusados serão indiciados por crime contra a administração pública, formação de quadrilha, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, fraude em licitações, corrupção ativa e passiva. As penas, somadas, ultrapassam 30 anos de prisão.

Defesa. Os advogados dos ex-prefeitos e dos ex-procuradores municipais presos na operação não foram localizados ontem pelo Estado. Em nota, o advogado Sanzio Baioneta, que representa Luiz Tadeu Leite, contestou a condição de foragido do seu cliente. Ele disse que o ex-prefeito havia comunicado à PF que iria deixar o País para um tratamento médico.

Plebiscito é só embromação!


Por JOSÉ NÊUMANNE *


A presidente Dilma Rousseff tem feito o possível para fazer do limão das multidões contra tudo nas ruas das cidades brasileiras a mesma limonada envenenada com que seu Partido dos Trabalhadores (PT) tenta em vão engabelar o País desde 2007. Há seis anos os petistas querem moldar as instituições republicanas a seus interesses específicos e impor a suas bases no Congresso Nacional uma reforma política que favoreça, se não uma imitação tupiniquim do bolivarianismo chavista, pelo menos a garantia de sua permanência no poder. 

Mas a acachapante maioria no Legislativo não bastou para aprovar o que os maiorais do socialismo caboclo consideram fundamental para manter suas "boquinhas". Agora o povo foi para a rua e a chefe do governo tentou incontinenti surrupiar suas palavras de ordem para convocar uma Constituinte exclusiva, capaz de satisfazer os caprichos que a reforma constitucional não possibilitou. O óbvio golpe sujo não colou, mas ela mantém idêntica embromação em forma de consulta popular, o plebiscito.

Acontece que as multidões ocuparam as ruas para reclamar, primeiro, da elevação da tarifa do transporte público. E daí em diante, sem oposição à altura que os represente na democracia, os manifestantes passaram a protestar contra o óbvio: a inflação, a impunidade, a violência, a corrupção e, sobretudo, a péssima prestação de serviços por um Estado que cobra um absurdo de impostos. A Central Única dos Trabalhadores (CUT), braço sindical do PT (ou será o contrário?), foi rechaçada a pauladas de manifestação no Rio.

 E ninguém no País ouviu os gritos de "fascistas" com que militantes esquerdistas tentaram abafar o clamor apartidário que abortou a tentativa de infiltrar bandeiras do partido e camisas vermelhas numa passeata na Avenida Paulista. Esses invasores obedeciam à palavra de ordem do presidente nacional petista, Rui Falcão, que queria reverter a onda contra políticos numa manifestação a favor de Dilma e seus correligionários, alvos prioritários da insatisfação generalizada.

A resposta do governo foi de um cinismo atroz. Com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante Oliva, no papel de Richelieu do Cerrado, dona Dilma pediu ao povo na rua o aval para uma reforma política de interesse exclusivo de sua grei. O PT quer lista fechada de candidatos indicados pela oligarquia partidária para furtar do eleitor o direito de escolher seu parlamentar preferido. E financiamento público exclusivo para campanha eleitoral para extorquir do bolso do contribuinte despesas de propaganda de candidatos, cada vez mais altas. O cidadão já contribui para o tal Fundo Partidário e está com as finanças exauridas de tanto patrocinar vantagens e benesses dos "pais da Pátria".

Ao fazê-lo, ela diz que está ouvindo a "voz rouca das ruas". Mas o povo quer mudar tudo e ela só dará mais do mesmo. Enquanto seu ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciava que aumentará a carga tributária, com que o brasileiro não suporta mais arcar, para pagar promessas feitas para dissolver as passeatas das massas, ela reuniu 37 de seus 39 ministros, quase todos recrutados das bancadas dos partidos que alicia para seu palanque para a reeleição.

Talvez ela não tenha nomeado um ministro para cuidar das redes sociais porque o 40.º à mesa lembrará certo conto das 2.001 noites. Tal referência certamente não é nada agradável enquanto Rosemary Noronha, amiguinha íntima de seu padrinho e antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, protagoniza um escândalo em que é acusada pela Polícia Federal (PF) de fazer parte de uma quadrilha que traficava influência na cúpula federal. Por que Dilma não aproveita a capacidade auditiva que nunca tinha demonstrado antes para dispensar seu ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, da condição de Maquiavel do Planalto para que ele solucione este caso e descubra quem lucrou com a tenebrosa transação da compra da refinaria de Pasadena pela Petrobrás?

Mas ela preferiu foi se aproveitar com desfaçatez oportunista da conquista da Copa das Confederações, definindo a própria gestão, contestada em praça pública, como "padrão Felipão". Mesmo tendo o Datafolha revelado na véspera sua queda de 27 pontos porcentuais e a constatação de que já não ganharia a reeleição no primeiro turno. Em vez de reunir o Ministério, cujo número a incapacita de conversar com um por um, ela deveria tê-lo reduzido a 12, número fixado por Jesus Cristo como ideal para uma equipe administrável. Mas como esperar isso de quem convoca governadores, prefeitos, sindicalistas, gays e lésbicas para que a escutem, e não para ouvi-los?

Pelos decibéis de suas broncas em subordinados, que contrastam com o papel de boneco de Olinda (só que falante!) que ela desempenha em pronunciamentos públicos convocados para embromar os cidadãos, que trata como súditos, Dilma deve ter muita dificuldade em ouvir a própria voz. Quanto mais a dos interlocutores que convoca para... escutá-la! Seus berros de "otoridade", porém, não impedirão que os clamores da rua cheguem às casas dos brasileiros. 

A queda vertiginosa nas pesquisas deixa claro que as favas para a reeleição já não são contadas e, se ainda é cedo para prever sua eventual derrota no pleito, não custa lembrar que a galáxia de adesões obtidas com a barganha de cargos por apoio parlamentar pode encolher com os índices de prestígio.

De fato, seu antecessor e padrinho Lula caiu para 28 pontos (dois menos do que ela agora) na pesquisa Datafolha feita à época em que o mensalão foi denunciado e, ainda assim, se reelegeu. Só que agora o julgamento desse escândalo no Supremo Tribunal Federal STF) e a condenação de seus companheiros Dirceu e Genoino deram à Nação a certeza de que seu partido em nada contribuiu para reduzir a corrupção no País. E se ela continuar condescendendo com a inflação e a impunidade, os cidadãos poderão sair de suas casas e das ruas para votar contra a perenização do status quo que os deixa indignados.