sábado, 27 de abril de 2013

Eike, Emblema e Indício


Demétrio Magnoli *

Eike Batista valia US$ 1,5 bilhão em 2005, US$ 6,6 bilhões em 2008, US$ 30 bilhões em 2011 e US$ 9,5 bilhões em março passado, depois de 12 meses em que seu patrimônio encolheu num ritmo médio de US$ 50 milhões por dia. Desconfie das publicações de negócios quando se trata do perfil dos investimentos de grandes empresários. Apenas cinco anos atrás uma influente revista de negócios narrou a saga de Eike sem conectá-la uma única vez à sigla BNDES. Mas o ciclo de destruição implacável de valor das ações do Grupo X acendeu uma faísca de jornalismo investigativo. Hoje o nome do empresário anda regularmente junto às cinco letrinhas providenciais - e emergem até mesmo reportagens que o conectam a outras quatro letrinhas milagrosas: Lula.

A história de Eike é, antes de tudo, um emblema do capitalismo de Estado brasileiro. Durante o regime militar, Eliezer Batista circulou pelos portões giratórios que interligavam as empresas mineradoras internacionais à estatal Vale do Rio Doce. Duas décadas depois seu filho se converteu no ícone de uma estratégia de modernização do capitalismo de Estado que almeja produzir uma elite de megaempresários associados à nova elite política lulista.

"O BNDES é o melhor banco do mundo", proclamou Eike em 2010, no lançamento das obras do Superporto Sudeste, da MMX. O projeto, orçado em R$ 1,8 bilhão, acabava de receber financiamento de R$ 1,2 bilhão do banco público de desenvolvimento, que também é sócio das empresas LLX, de logística, e MPX, de energia. No ano seguinte o banco negociou com o empresário duas operações de injeção de capital no valor de R$ 3,2 bilhões, aumentando em R$ 600 milhões sua participação na MPX e abrindo uma linha de crédito de R$ 2,7 bilhões para as obras do estaleiro da OSX, orçadas em pouco mais de R$ 3 bilhões, no Porto do Açu, da LLX. Hoje o endividamento do Grupo X com o banco mais generoso do mundo gira em torno de R$ 4,5 bilhões - algo como 23% do seu valor total de mercado.

"A natureza sempre foi generosa comigo", explicou Eike. "As pessoas ricas foram as que mais ganharam dinheiro no meu governo", explicou Lula. A política, não a economia, a "natureza" ou a sorte, inflou o balão do Grupo X. Dez anos atrás o BNDES não era "o melhor banco do mundo". Alcançou essa condição por meio de uma expansão assombrosa de seu capital deflagrada no final do primeiro mandato de Lula da Silva. A mágica sustentou-se sobre o truque prosaico da transferência de recursos do Tesouro Nacional para o BNDES. O dinheiro ilimitado que irrigou o Grupo X e impulsionou uma bolha de expectativas desmesuradas no mercado acionário é, num sentido brutalmente literal, seu, meu, nosso, dos filhos de todos nós e das crianças que ainda não nasceram, mas pagarão a conta da dívida pública gerada pela aventura do empresário emblemático.

Eike é emblema, mas também indício. A saga da célere ascensão e do ainda mais rápido declínio do Grupo X contém uma profusão de pistas, ainda não exploradas, das relações perigosas entre o círculo interno do lulismo e o mundo dos altos negócios.

Na condição de "consultor privado", em julho de 2006 o ex-ministro José Dirceu viajou à Bolívia, num jatinho da MMX, exatamente quando o governo de Evo Morales recusava licença de operação à siderúrgica de Eike. Nos anos seguintes, impulsionado por um fluxo torrencial de dinheiro do BNDES, o Grupo X atravessou as corredeiras da fortuna. Durante a travessia, em 2009 o empresário contou com o beneplácito de Lula para uma tentativa frustrada de adquirir o controle da Vale, pela compra a preço de oportunidade da participação acionária dos fundos de pensão, do BNDES e do Bradesco na antiga estatal. Naquele mesmo ano o fracasso de bilheteria Lula, o Filho do Brasil, produzido com orçamento recordista, contou com o aporte de R$ 1 milhão do empreendedor X.

A parceria entre os dois "filhos do Brasil" não foi abalada pela reversão do movimento da roda da fortuna. Em janeiro passado, a bordo do jato do virtuoso empresário, Eike e o ex-presidente visitaram o Porto do Açu. O tema do encontro teria sido um plano de transferência para o Açu de um investimento de R$ 500 milhões de um estaleiro que uma empresa de Cingapura ergue no Espírito Santo. Em março, depois que Lula lhe recomendou prestar maior atenção às demandas dos empresários, Dilma Rousseff reuniu-se com 28 megaempresários, entre eles o inefável X. Dias depois, numa reunião menor, a presidente e um representante do BNDES se teriam sentado à mesa com Eike e seus credores privados do Itaú, Bradesco e BTG-Pactual.

Equilibrando-se à beira do abismo, o Grupo X explora diferentes hipóteses de resgate. O BNDES, opção preferencial, concedeu um novo financiamento, de R$ 935 milhões, à MMX e analisa uma solicitação da OSX, de créditos para a construção de uma plataforma de petróleo. Entrementes, diante da deterioração financeira do "melhor banco do mundo", emergem opções alternativas. No cenário mais provável, o Porto do Açu seria resgatado por uma série de iniciativas da Petrobrás e da Empresa de Planejamento e Logística. A primeira converteria a imensa estrutura portuária sem demanda em base para a produção de petróleo na Bacia de Campos. A segunda esculpiria um pacote de licitações de modo a ligar o porto fincado no meio do nada à malha ferroviária nacional, assumindo os riscos financeiros da operação.

No registro do emblema, a vasta mobilização de empresas estatais e recursos públicos para salvar o Grupo X pode ser justificada em nome da "imagem do País no exterior", como sugere candidamente o governo, ou da proteção da imagem do próprio governo e de seu modelo de capitalismo de Estado, como interpretam as raras vozes críticas. No registro do indício, porém, o resgate em curso solicitaria investigações de outra ordem e de amplas implicações - que, por isso mesmo, não serão feitas.


* Demétrio Magnoli é sociólogo e doutor em Geografia Humana pela USP. E-mail:demetrio.magnoli@uol.com.br.

Hora de mudar o ECA



Por : José Serra *

Em novembro de 2003 um casal de namorados foi sequestrado por um bando quando acampava num sítio na Grande São Paulo. Felipe, de 19 anos, foi morto com um tiro na nuca no dia seguinte. Liana, de 16, foi estuprada, torturada e assassinada no quinto dia, com 15 facadas.

Um dos bandidos, o Champinha, de 16 anos, foi internado na Fundação Casa, onde poderia passar, no máximo, três anos, como determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Mas a Justiça, diante de laudos psiquiátricos, não permitiu que ele fosse posto em liberdade quando esse período se encerrou. Em 2007 Champinha conseguiu fugir, mas foi recapturado. Um juiz impediu, porém, que ele fosse transferido para a Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, pois conviveria com detidos adultos, embora, àquela altura, ele já tivesse 20 anos, dois acima do limite da maioridade penal. Mas era impossível interná-lo num dos hospitais públicos, que não dispõem da contenção física necessária para pacientes psiquiátricos perigosos. Preparamos, então - eu era governador -, uma unidade especial de saúde para poder recebê-lo. Hoje, há seis internados nesse local.

Um procurador federal, pasmem, acaba de entrar com ação pedindo o fechamento dessa unidade e a entrega dos internos a hospitais. Imaginem como seria a internação de Champinha e dos outros na ala psiquiátrica de um hospital comum. Na verdade, se prevalecer, a ação do procurador implicará soltar esses internados perigosos, que só teriam de receber acompanhamento ambulatorial.

O episódio ilustra, de modo emblemático, a necessidade de alterar a legislação vigente para dirimir dúvidas e fixar critérios que combinem, com mais clareza, os direitos humanos dos infratores e a segurança da população, que, ainda que alguns se surpreendam, também é um direito humano - e de pessoas que não infringiram lei alguma. A interdição dessas mudanças e até do debate é liderada pelo governo federal e pelas bancadas do PT no Congresso, por oportunismo político e ideológico.

Há outros temas que envolvem o assunto, como a maioridade penal. O artigo 228 da Constituição estabelece que são penalmente inimputáveis os menores de 18 anos, que devem sujeitar-se a legislação especial. Mas a eventual mudança desse artigo é improvável, dadas a politização do assunto, a dificuldade de alterar a Constituição e também do debate sobre se esse ponto é ou não cláusula pétrea, que, portanto, não pode ser objeto de emenda. Há, porém, um caminho mais curto, eficaz e viável para punir os crimes violentos praticados por jovens que têm plena consciência dos seus atos. É a mudança do § 3.º do artigo 121 do ECA, que estabelece que, "em nenhuma hipótese, o período de internação excederá a três anos". Esse trecho da lei permitiu, por exemplo, que fosse posto em liberdade em fevereiro de 2010 um adolescente que integrou o bando que, num carro, arrastou e matou uma criança no Rio, três anos antes. É o que vai acontecer com o rapaz que recentemente matou o estudante Victor Deppman, em São Paulo. O assassino completou 18 anos três dias depois do crime.

Opositores da mudança do prazo máximo de internação consideram meramente "oportunistas" as iniciativas a respeito motivadas por algum crime recente. Nada mais falso: o tema vem sendo debatido no Congresso há 13 anos, a partir de um projeto de lei do deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS). Outros parlamentares apensaram propostas, como os líderes do PSDB Jutahy Magalhães (em 2003) e Carlos Sampaio (em 2013). A ex-deputada Rita Camata, a grande relatora (e desde então a maior defensora) do ECA em 1990, apresentou um projeto, dez anos depois, prevendo a ampliação dos prazos de internação nos casos de crimes hediondos e ligados ao tráfico de entorpecentes. Em 2003 o governador Geraldo Alckmin fez a defesa dessa ampliação, reiterada este ano, quando relançou o debate e encaminhou proposta, por meio de Sampaio. Em fevereiro de 2007, quando governador, publiquei artigo na Folha de S.Paulo defendendo a proposta de ampliação do prazo máximo para dez anos, preparada pelo então secretário de Justiça, Luiz Marrey. Acolhida pelos governadores do Sudeste, foi por eles logo apresentada aos presidentes da Câmara e do Senado.

Outro argumento contrário à alteração do ECA enfatiza que os jovens que cometeram crimes hediondos são minoria entre os infratores. E daí? A morte de apenas uma pessoa, já se disse, nos diminui. O assassinato nos ofende. E a garantia da impunidade, por força da lei, nos humilha. Ora, leis contra o crime punem mesmo é a minoria criminosa, ou seria impossível viver em sociedade. A punição dos que violam o pacto democrático é condição necessária para que o comportamento indesejável não se multiplique.

Diz-se ainda que só políticas sociais oferecem uma resposta adequada. Trata-se de preconceito inaceitável contra os pobres. Qual é a inferência? Que sua condição social os predispõe à violência? Mais ainda, vamos dizer às pessoas que aceitem, estoicamente, a morte violenta de seus filhos, maridos, mulheres e namorados enquanto não alcançamos uma sociedade desenvolvida e igualitária?

É natural e saudável que a comoção causada por eventos trágicos nos leve a refletir e cobrar providências, evidenciando a omissão do governo federal e a resistência dos petistas em fazer o óbvio. Políticas sociais, educacionais e de juventude são urgentes, mas não bastam para impedir a violência. A questão deve ser tratada com racionalidade e responsabilidade. Os brasileiros não podem ser reféns - e vítimas passivas - de disputas de caráter ideológico. A população não quer saber de dogmas ou se uma ideia é rotulada como "de esquerda" ou "de direita". Quer o combate à violência escandalosa que há no País. Criar uma oposição entre a segurança pública e a defesa dos direitos humanos é uma trapaça intelectual. Se o governo resiste, o Congresso tem de se lembrar que é ele, por excelência, o Poder que representa a vontade do povo.


* José Serra é ex-governador e ex-prefeito de São Paulo.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Contrato feito após ida de Lula à Costa Rica é investigado




Licitações vencidas por construtoras brasileiras no exterior para execução de obras que tiveram o apoio de Luiz Inácio Lula da Silva são investigadas por suspeita de corrupção e irregularidades.

Na semana passada, o chefe do Ministério Público da Costa Rica, Jorge Chavarría, determinou a abertura de investigação sobre a concessão, por 30 anos, da rodovia mais importante do país à OAS que desembolsará US$ 524 milhões. Estima-se que ela recupere o valor em cinco anos e arrecade US$ 4 bilhões na vigência do contrato.

O Ministério Público investigará se houve tráfico de influência e enriquecimento e associação ilícitos. O inquérito se baseia em petição de advogados, segundo a qual o contrato tem "a finalidade de enriquecer a OAS".

Os advogados alegam ainda que houve pagamento de propina. "A história não conhece um caso tão evidente de corrupção em nosso país."

A comissão de controle da Assembleia Nacional também abriu investigação. "A rodovia será a mais cara da América Latina: cada quilômetro custará US$ 9 milhões", disse o deputado José María Villalta. No Brasil, o custo de 1 km é um terço disso, segundo o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte).

Parlamentares também questionam o fato de o ministro de Obras Públicas e Transportes, Pedro Castro, ter assessorado a OAS antes de assumir o cargo, além de o contrato isentar a empresa de pagar alguns impostos.




VIAGENS

A OAS recebeu a concessão após viagem de Lula em agosto de 2011, paga pela empreiteira. Naquele momento, a empresa tentava entrar no mercado local, mas a imprensa questionou o papel do ex-presidente nas negociações.

Meses depois, o governo anunciou a concessão. Como a Folha revelou, empreiteiras bancaram viagens para quase metade dos países visitados por Lula depois que ele deixou o Planalto.

O petista declarou que elas servem para "vender" produtos brasileiros no exterior.

"A OAS patrocinou a visita de Lula, o sentou com a presidenta [Laura Chinchilla] e o processo da rodovia se acelerou", disse Nuria Badilla, que fez passeata contra a obra na semana passada.

UNESCO

No Panamá, obra da Odebrecht gera polêmica por estar em área eleita pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. Lula visitou parte do projeto em 2011, em viagem bancada pela empresa, e depois teve jantar com o presidente panamenho e o diretor da empreiteira no país.

Vencida pela Odebrecht, a licitação de US$ 777 milhões previa um túnel sob o mar. Após a concorrência, o governo autorizou a construção de um aterro. Com aditivos aprovados, o valor a ser pago até 2016 é de US$ 782 milhões.

Segundo Ramón Arias, advogado que assina pedido de investigação feito pela Sociedade de Engenheiros, a ponte custa menos que o túnel e gera ganho ilegal de US$ 480 milhões para a empreiteira.

"Engenheiros calculam que o custo da obra é de menos de US$ 300 milhões", disse Arias. A Unesco notificou o Panamá, que pode perder o título se não alterar a obra.

OUTRO LADO

Os governos da Costa Rica e do Panamá informaram que preparam estudos para sanar irregularidades encontradas.

A Costa Rica anunciou a retirada do ministro de Transportes, Pedro Castro, da negociação da concessão para a OAS e a suspensão do início das obras. O ministro foi assessor da empreiteira.

Em nota, o governo anunciou ainda ter formado um grupo de engenheiros, arquitetos e professores para "realizar uma auditoria técnica".

Segundo o ministério, "a atualização dos preços foi estudada pela Câmara de Construção". Em 2004, a obra foi avaliada em US$ 197 milhões; hoje, em US$ 524 milhões.

A OAS não respondeu aos questionamentos enviados há duas semanas. O contrato informa que os preços de pedágio foram pesquisados por consultoria internacional e que os valores apresentados pela empresa são "congruentes" com dados do governo.

Carlos Ho, diretor de Projetos Especiais do Ministério de Obras do Panamá, disse que a alteração do projeto de um túnel para uma ponte foi baseada em premissas técnicas. A Odebrecht informou que a concorrência permitia um desenho alternativo.

A opção escolhida pelo Panamá, diz a empresa, é US$ 103 milhões mais econômica. "Os fundos foram destinados para a infraestrutura."

O Instituto Lula informou não ter conhecimento das investigações e que não fará comentários por não ter relação com os contratos.

domingo, 21 de abril de 2013

Número de ministérios dobra, Esplanada fica pequena e governo precisa pagar aluguel para acomodar aliados


Brasília tinha 16 ministérios no mandato de JK em 1960, mas agora possui quase 40 pastas

A criação da Secretaria da Micro e Pequena Empresa no início de abril representou o 39º ministério do governo federal. Antes dele, porém, a estrutura do Executivo já era grande demais para caber no projeto original de Brasília.

Assim que a cidade foi construída, na década de 1960, e a capital do País foi transferida para o Planalto Central, o governo mantinha 11 ministérios e cinco órgãos da Presidência, com status de ministério. Eram, ao todo, 16 pastas.

Cinco décadas depois, o número mais que dobrou. O governo Dilma mantém 24 ministérios e 15 órgãos da presidência. O mais recente é a Secretaria de Micro em Pequena Empresa que ainda não tem chefe definido, mas o novo ministro também deve ser acomodado fora da Esplanada.

Isso porque a Esplanada dos Ministérios, que fica no centro de Brasília, foi projetada com 17 prédios idênticos ao longo dos 16 quilômetros de extensão da via, além do Palácio da Justiça, onde fica o Ministério da Justiça, e o Palácio do Itamaraty, onde funciona o Ministério das Relações Exteriores.

Alguns prédios abrigam servidores e ministros de mais de uma pasta. É o caso, por exemplo, do bloco B da Esplanada, que abriga os Ministérios da Cultura e do Meio Ambiente.

Aluguéis
Para comportar todos os servidores e ministros, o governo gasta, pelo menos, R$ 6,4 milhões por mês para alugar prédios fora da Esplanada dos Ministérios.

Mesmo com espaços compartilhados, é impossível acomodar toda a estrutura na Esplanada, lugar que foi inicialmente planejado pra isso. Somente o Ministério da Saúde, por exemplo, conta com cerca de 6.000 servidores.

Além do edifício-sede e seu anexo, que ficam na Esplanada, o Ministério da Saúde ocupa outras seis unidades — quatro delas alugadas. Para pagar os aluguéis dos quatro prédios são gastos, todos os meses, R$ 1,8 milhão.

Um dos alugueis mais caros é o do espaço que o Ministério da Cultura aluga para comportar todos os servidores, além da sede na Esplanada. A pasta ocupa seis andares de um prédio no centro de Brasília pelo valor mensal de R$ 1,3 milhão. São R$ 16,7 milhões por ano.

Outro aluguel milionário é o do prédio ocupado pela AGU (Advocacia-Geral da União). O órgão tem um prédio próprio, mas precisa alugar outro, de mais de 34 mil metros quadrados, por R$ 1,5 milhão por mês.

Inchaço

Para o cientista político da UnB (Universidade de Brasília), João Paulo Peixoto, “tamanho não é documento”. Segundo o professor, o fato de o Brasil ter 39 ministérios não significa que a política pública é eficiente. Pelo contrário, o especialista acredita que quanto mais ministérios, mais difícil fica a administração.

— O tamanho do governo não está relacionado com eficiência. Aqui já tem prédios de ministérios espalhados em vários pontos da cidade com um custo elevado de aluguel.

Segundo o professor, a tradição histórica é de uma estrutura mais “enxuta”, com uma média de 25 ministérios. O cientista político explica que a estrutura foi crescendo ao longo dos anos para que o governo conseguisse contemplar toda a base política de apoio.

— A principal questão é a eleitoral. O governo tem necessidade e oferecer cargos aos partidos que o apoiam.

O professor de Relações Internacionais da UCB (Universidade Católica de Brasília), Creomar de Souza, também entende que o número de ministérios é alto para abrigar os aliados.

Além disso, o especialista alega que, no Brasil, há a crença de que quanto maior a máquina pública, mais fácil fica atender as demandas da sociedade. No entanto, ele acredita que é necessário definir prioridades.

— Quanto mais equilibrado o Estado, melhor para atender as demandas. É preciso procurar um estado ideal.

História

Desde JK, Brasília abrigou a estrutura do governo dos últimos 13 presidentes, entre eles os comandantes da ditadura. Durante o regime militar, passaram pelo Planalto cinco governantes.

O maior número de ministérios nesse período foi registrado no governo do último presidente, João Figueiredo, que manteve 26 pastas — 16 ministérios e dez órgãos da presidência.

Entre os presidentes da período democrático, o presidente que estruturou o governo de maneira mais enxuta foi Fernando Collor, com apenas 15 ministérios, além de 13 órgãos da Presidência — um total de 28 pastas.

sábado, 13 de abril de 2013

Insanidade Ideológica


DENIS LERRER ROSENFIELD

O trivial, por força de repetição, torna-se banal, por mais aterrador que eventualmente possa ser. Acostumamo-nos com determinados fatos como se fossem "normais", quando, na verdade, são expressões de uma profunda anomalia. Perde-se a capacidade de indignação, enfraquecendo os indivíduos moralmente. Sem essa força moral a sociedade cai na apatia e, o que é pior, na conformidade com o imperdoável.

Dois fatos são particularmente importantes para frisar esse estado de espírito. Pertencem às páginas policiais, porém deveriam fazer parte do político no mais alto senso, o da congregação dos cidadãos em torno de uma vida pública regida por valores morais.

No Rio de Janeiro cinco pessoas, entre elas um menor, estupraram uma jovem turista numa van. O fato ganhou dimensão internacional por se tratar de uma estrangeira, obrigando as autoridades policiais a uma ação eficaz, pois a repercussão ultrapassou nossas fronteiras. O mais estarrecedor, contudo, é que o mesmo bando já havia estuprado pelo menos mais duas mulheres, estas brasileiras, que, infelizmente, não contaram com o apoio da opinião pública internacional. Os estupradores transitavam livremente pela cidade sem ser maiormente incomodados. Seu "erro" foi terem estuprado uma estrangeira.

A partir daí, os criminosos foram encontrados, outros "feitos" deles vieram à tona, dentre os quais roubos e crimes sexuais. Logo, trata-se de pessoas já conhecidas por seus crimes que perambulavam livremente pela cidade. A questão que se coloca é: como tais indivíduos passeiam pelas cidades sem ser incomodados?

No Brasil está se desenvolvendo uma insanidade ideológica, baseada numa "interpretação" muito singular dos direitos "humanos", segundo a qual tais pessoas assim agem por condicionantes sociais ou psicológicas, passíveis de recuperação. Presas, logo são soltas, cumprindo pequenas penas, absolutamente desproporcionais aos atos cometidos. Estuprar, roubar e matar compensa!

Mulheres estupradas e pessoas assassinadas são consideradas, nessa lógica, fora dessa esfera particular dos direitos "humanos", pois os verdadeiros beneficiários de tais "direitos" são os criminosos. Estes agradecem o apoio ideológico que termina conferindo-lhes impunidade!

Kant, um dos maiores filósofos morais da humanidade, considerava haver crimes irremissíveis. Crimes que não podem ser perdoados e deveriam tirar seus autores de circulação, pois são perniciosos para a coletividade. Há indivíduos cuja propensão para o mal é irrecuperável, fazendo parte dessa dimensão também aterradora da natureza humana. O ser humano é capaz dos mais nobres atos morais quanto dos mais vis e cruéis. Essa é a sua natureza. Políticas públicas, dentre as quais a penal e a prisional, que não levarem a sério essa concepção estão fadadas à ineficácia, à futilidade e ao descaso para com o bem público.

Beccaria, frequentemente citado por defensores dessa interpretação muito particular dos direitos humanos, por ter proposto a abolição da pena de morte, não o fez por achá-la cruel, mas por considerá-la não suficientemente forte. Pensava que indivíduos que cometem esse tipo de crime deveriam ser retirados do convívio humano para sempre, com prisão perpétua e trabalhos forçados. Deveriam pagar pelo que fizeram. Já Kant era um claro defensor da pena de morte.

No crime do Rio houve o envolvimento de um menor. Em São Paulo, uma gangue de crianças faz arrastões numa avenida que liga a capital a São Caetano. Elas assaltam motoristas em plena via pública. São identificadas, eventualmente presas em flagrante e, por sua condição de menores, logo soltas. Pela lei, não podem ser presas, são encaminhadas ao Conselho Tutelar, que as entrega a suas mães, voltando imediatamente à rua para a prática de novos crimes.

Dada a natureza da lei, no caso do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a polícia nada pode fazer, ficando literalmente de mãos amarradas. Em vez da proteção dos cidadãos, é obrigada a ser observadora de crimes. Os papéis estão completamente distorcidos, se não pervertidos, por uma lei que é considerada um grande avanço dos direitos humanos. Avanço mesmo é na insanidade ideológica.

O ECA estabelece condições restritivas para o trabalho dos adolescentes, frisando que eles devem, sobretudo, estudar. Graças a essas restrições, esses jovens terminam nem estudando nem trabalhando, oferecendo-se a eles a alternativa do crime, coberta pela impunidade.

O trabalho forma. Há instituições como a Ampliar, em São Paulo, voltadas para a formação de jovens, que se encontram com as mãos amarradas. Seu trabalho poderia ser muito mais bem utilizado, servindo de exemplo para todo o País, se o ECA fosse objeto de uma profunda revisão.

Pegue-se ainda o caso do menor estuprador do Rio de Janeiro. Se apanhado, ficará poucos anos numa instituição para menores e depois será liberado com a ficha "limpa". A situação é a seguinte: temos o estuprador e também o assassino da ficha limpa. Voltarão às ruas para cometer outros estupros, roubos e assassinatos. Aprenderam com nossas leis "humanas" que o crime compensa. Os humanos objetos de seus atos nada contam nessa perspectiva. Estes é que são tirados de circulação.

Uma das questões que devem ser seriamente tratadas é a da diminuição da idade de responsabilidade penal. Menores criminosos são responsáveis por suas ações. Na Grã-Bretanha é assim e, no entanto, ninguém vai dizer que é um Estado "inumano" ou socialmente injusto. A permanecer a situação atual, menores criminosos continuarão a ser considerados como irresponsáveis, tendo o caminho do crime aberto à sua frente, sem nenhuma punição relevante. São tratados com leniência. Aprendem com o crime, em vez de ser afastados dele por leis rigorosas e por políticas públicas baseadas no trabalho e nas responsabilidades sociais e individuais.

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,insanidade-ideologica,1018281,0.htm
* Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia na UFRGS. E-mail:denisrosenfield@terra.com.br.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Fux disse que ia me absolver', diz Dirceu sobre julgamento do mensalão


O ex-deputado federal e ex-ministro José Dirceu de Oliveira e Silva, 67 anos, contou ontem sua versão a respeito de uma promessa que teria recebido de absolvição no processo do mensalão.

'Penso que era melhor se tivesse morrido', diz ex-ministro
 
Em entrevista ao Poder e Política, programa da Folha e do UOL, Dirceu disse ter sido "assediado moralmente" durante seis meses por Luiz Fux, que era ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e desejava ir para o STF (Supremo Tribunal Federal).


A reunião entre ambos ocorreu num escritório de advocacia de conhecidos comuns. Ao relatar esse encontro, Dirceu faz uma acusação grave. O ex-ministro afirma não ter perguntado "nada" [mas Fux] "tomou a iniciativa de dizer que ia me absolver".

Num outro trecho da entrevista, segundo Dirceu, "ele [Fux], de livre e espontânea vontade, se comprometeu com terceiros, por ter conhecimento do processo, por ter convicção".
O ex-ministro afirma ainda que Fux "já deveria ter se declarado impedido de participar desse julgamento [do mensalão]".

No início de 2011, Fux foi nomeado pela presidente Dilma Rousseff para o STF. Durante o julgamento do mensalão, votou pela condenação de Dirceu -que acabou sentenciado a de dez anos e dez meses de reclusão mais multa.

Em entrevista à Folha em dezembro do ano passado, Fux admitiu ter se encontrado com Dirceu, mas negou ter dado qualquer garantia de absolvição. "Se isso o que você está dizendo [que é inocente] tem procedência, você vai um dia se erguer", teria sido a frase que o então candidato ao STF ofereceu ao petista.

Agora, Dirceu contesta em público essa versão de Fux. Foi a sua primeira entrevista formal depois de ter sido condenado. O ex-ministro da Casa Civil de 2003 a 2005, durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva, acha "tragicômico" que Fux declare ter tomado conhecimento mais a fundo do processo do mensalão apenas ao assumir no STF: "É que soa ridículo, no mínimo (...) É um comportamento quase que inacreditável".

O fato de Fux ter prometido absolver Dirceu ajudou na nomeação para o STF? A presidente Dilma levou isso em consideração? Dirceu: "Não acredito que tenha pesado, não acredito que tenha pesado. Eu não participei da discussão da nomeação dele porque sempre fiz questão de não participar".

A seguir, trechos da entrevista: clique em mais informações


Brasil coloca sob sigilo apoio financeiro a Cuba e a Angola


O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) tornou secretos os documentos que tratam de financiamentos do Brasil aos governos de Cuba e de Angola. Com a decisão, o conteúdo dos papéis só poderá ser conhecido a partir de 2027.

O BNDES desembolsou, somente no ano passado, US$ 875 milhões em operações de financiamento à exportação de bens e serviços de empresas brasileiras para Cuba e Angola. O país africano desbancou a Argentina e passou a ser o maior destino de recursos do gênero.

Indagado pela Folha, o ministério disse ter baixado o sigilo sobre os papéis porque eles envolvem informações "estratégicas", documentos "apenas custodiados pelo ministério" e dados "cobertos por sigilo comercial".
Editoria de Arte/Folhapress


Os atos foram assinados por Pimentel em junho de 2012, um mês após a entrada em vigor da Lei de Acesso à Informação. É o que revelam os termos obtidos pela Folha por meio dessa lei.

Só no ano passado, o BNDES financiou operações para 15 países, no valor total de US$ 2,17 bilhões, mas apenas os casos de Cuba e Angola receberam os carimbos de "secreto" no ministério.

Segundo o órgão, isso ocorreu por que havia "memorandos de entendimento" entre Brasil, Cuba e Angola que não existiam nas outras operações do gênero.

O ministério disse que o acesso a esses outros casos também é vetado, pois conteriam dados bancários e comerciais já considerados sigilosos sem a necessidade dos carimbos de secreto.

INEDITISMO

Antes da nova Lei de Acesso já existia legislação que previa a classificação em diversos graus de sigilo, mas é a primeira vez que se aplica o carimbo de "secreto" em casos semelhantes, segundo reconheceu o ministério. O órgão disse que tomou a decisão para se adaptar à nova lei.

O carimbo abrange praticamente tudo o que cercou as negociações entre Brasil, Cuba e Angola, como memorandos, pareceres, correspondências e notas técnicas.

As pistas sobre o destino do dinheiro, contudo, estão em informações públicas e em falas da presidente Dilma.

Em Havana, onde esteve em janeiro para encontro com o ditador Raúl Castro, ela afirmou que o Brasil bancava boa parte da construção do Porto de Mariel, a 40 km da capital, obra executada pela empreiteira Odebrecht.

Ela contou ainda que o Brasil trabalhava para amenizar os efeitos do embargo econômico a Cuba. "Impossível se considerar que é correto o bloqueio de alimentos para um povo. Então, nós participamos aqui, financiando, através de um crédito rotativo, US$ 400 milhões de compra de alimentos no Brasil."

Na visita a Luanda, em Angola, Dilma falou em 2011 que "os mais de US$ 3 bilhões disponibilizados pelo Brasil fazem de Angola o maior beneficiário de créditos no âmbito do Fundo de Garantias de Exportações" do BNDES.

A Folha revelou que o ex-presidente Lula esteve em Angola, em 2011, onde participou de um evento patrocinado pela Odebrecht. O Desenvolvimento diz que os financiamentos têm o objetivo de dar competitividade às empresas brasileiras nas vendas ao exterior. A Folha não conseguiu falar com as assessorias das embaixadas de Cuba e de Angola

Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/poder/1259471-brasil-coloca-sob-sigilo-apoio-financeiro-a-cuba-e-a-angola.shtml

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Arqueólogos descobrem centro da cidade suméria onde viveu Abraão


Na imagem, uma placa de argila encontrada nas escavações do complexo que teria sido a casa de Abraão na cidade de Ur 

Arqueólogos britânicos encontraram em escavações um grande complexo perto da antiga cidade de Ur, no Iraque. Eles acreditam que a estrutura, provavelmente de 4 mil anos, tenha servido como centro administrativo de Ur, na época em que o profeta Abraão, de acordo com a Bíblia, lá vivia antes de ir para Canaã.
 O personagem bíblico é citado no livro do Gênesis e é considerado o responsável pelo Judaísmo, Cristianismo e Islamismo.

De acordo Stuart Campbell, arqueólogo da Universidade de Manchester que liderou as escavações, o complexo está próximo do local onde foi parcialmente reconstruído um zigurate, um tipo de templo sumério.

“É uma descoberta muito empolgante”, disse Campbell, por causa do tamanho da área, com cerca de 80 metros de cada lado. Segundo o arqueólogo, complexos deste tamanho e idade eram raros.

“Aparentemente, trata-se de algum tipo de prédio público. Devia ser algum prédio administrativo, com conexões religiosas ou controle de mercadorias da cidade de Ur”, disse.

O complexo de quartos ao redor do pátio foi descoberto a 20 quilômetros de Ur, a última capital da dinastia real suméria, cuja civilização floresceu há 5 mil anos.

Campbell afirma que um dos artefatos encontrados era uma placa de argila que mostrava um adorador vestindo uma longa túnica se aproximando de um local sagrado. Além dos artefatos, o local revelou as condições ambientais e econômicas da região.

Campbell afirma que um dos artefatos encontrados era uma placa de argila que mostrava um adorador vestindo uma longa túnica se aproximando de um local sagrado. Além dos artefatos, o local revelou as condições ambientais e econômicas da região.

Fonte:http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/2013-04-04/arqueologos-descobrem-centro-da-cidade-sumeria-onde-viveu-abraao.html

sábado, 6 de abril de 2013

Além da Imaginação


Dora Kramer - O Estado de S.Paulo


Algo de sobrenatural, no sentido metafísico do excesso, está acontecendo quando um ministro de Estado toma posse acusando a presidente da República (responsável por sua nomeação) de ter cometido uma injustiça ao demitir um antecessor, colega de partido, por suspeita de corrupção no ministério dos Transportes.

As denúncias que levaram a presidente Dilma Rousseff a demitir Alfredo Nascimento ainda no primeiro ano de governo resultaram em dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal e o ato da demissão rendeu prestígio e popularidade à governante ontem apontada pelo novo titular da pasta, César Borges, como autora da iniquidade.

"Hoje se corrige uma injustiça cometida a Vossa Excelência, que foi denunciado, mas nada, nada, nada foi provado", disse Borges referindo-se a Nascimento, muito aplaudido pela plateia.

Entre os que ovacionavam estavam o deputado Paulo Maluf, caçado pela Interpol, o deputado Natan Donadon, prestes a ser preso por ter sido condenado pelo STF por corrupção, e o presidente do Senado, Renan Calheiros, denunciado ao Supremo por uso de documentos falsos e desvio de dinheiro público.

Tom Jobim dizia que nosso País não é para amadores. A frase literal: "O Brasil não é para principiantes". Tivesse vivido mais uns 20 anos (morreu em 1994) provavelmente chegaria à conclusão de que o panorama nacional foge também à compreensão dos profissionais.

A presidente, cujos assessores são sempre tão ciosos em lustrar-lhe a imagem de pessoa irascível, achou ruim? Caso tenha achado, fez que não notou que o Palácio do Planalto servia de palco para ato de desagravo de um dos varridos na dita "faxina ética".

Sorriu e atribuiu ao empossado a tarefa de consolidar a presença do PR - até então tratado feito lixo no governo a fim, naturalmente, de "segurar" o partido na aliança até a eleição de 2014. Afinal, o que é a coerência (não, não, falar em decência soaria grosseiro) diante dos 70 segundos a que tem direito a legenda no horário eleitoral?

Em verdade, o que se passou naquela cerimônia foi um jogo de aparências. O PR fingindo que estava satisfeito, a presidente fazendo de conta que preservava autoridade ao impor nome de sua preferência, mas o que fica é o seguinte: o ministério não é garantia de nada e Dilma tropeçou na austeridade.

A conta só não soma zero porque o País continua a arcar com o prejuízo do modelo pervertido de loteamento da máquina pública mediante critério puramente eleitoral.

Legado. Além de ministros "faxinados" de partidos depois reincorporados ao governo, além da ilusão "vendida" ao governador Sérgio Cabral de que a divisão dos royalties do petróleo seria resolvida no Palácio do Planalto, e os problemas daí decorrentes na aprovação da nova lei pelo Congresso, o ex-presidente Lula deixou várias heranças nada benditas para a sucessora Dilma Rousseff.

A construtora Odebrecht, por exemplo, arcou com os custos do estádio do Corinthians, o Itaquerão, confiante na promessa de Lula de que o BNDES entraria com R$ 400 milhões. Como a construção de campos de futebol está fora do alcance legal da instituição, o problema se transferiu para o Banco do Brasil, o agente financeiro, que há meses negocia com a Odebrecht as garantias, ora não aceitas pela empresa, ora não aceitas pelo BB.

E com isso, a pendenga se estende na proporção direta em que se reduzem as chances de o estádio ficar pronto para a abertura da Copa do Mundo como previsto no anúncio retumbante do então presidente.

Vale o Escrito



Nelson Motta, O Globo

No Brasil democrático são cada vez mais frequentes as notícias de mentirosos, caluniadores e difamadores de jornais, revistas, rádios, televisões e blogs condenados na Justiça a pagar indenizações que lhes castigam o bolso e a retratações humilhantes que os desmoralizam publicamente. Isto vale para qualquer meio de comunicação. Menos para os livros, que ainda podem ser proibidos judicialmente pelos biografados ou seus herdeiros a qualquer momento, por qualquer motivo.

Essa aberração tipicamente brasileira está em vias de extinção com a nova lei que libera biografias, já aprovada na Câmara, deixando um rastro de destruição na história e na memória nacional. O livro é livre, mas cada um responde na Justiça por suas palavras. Vale o escrito.

Há alguns anos fui processado por um personagem secundário da Jovem Guarda que queria ser indenizado porque membros do seu conjunto foram citados no meu livro “Noites tropicais” como acusados por um juiz carioca de corrupção de menores, em 1965. Mesmo com a advogada da editora apresentando testemunhos e farta comprovação do noticiário de imprensa da época, fomos condenados: a indenização era de tal ordem que quebraria a editora, uma das maiores do Rio de Janeiro.

A juíza reconhecia que as provas eram verdadeiras, mas alegava que, pela lei em vigor, só o próprio biografado, ou referido em uma biografia alheia, tem direito à publicação de sua história pessoal. Ponto final. Mesmo se for um criminoso condenado, mesmo se a sua história for pública. Por ela, não teríamos biografias nem de Hitler, bastaria seus herdeiros reivindicarem seus direitos no Fórum do Rio de Janeiro. Na instância superior ganhamos por 3 a 0, e o processo foi encerrado.

Diante disso, antes de escrever “Vale tudo, o som e a fúria de Tim Maia”, fizemos um acordo com o herdeiro do Síndico. Cedi uma fração dos meus royalties, a editora cedeu dos seus, e lhe demos um “levado” que o fazia sócio do livro. Era mais jogo pagar um “direito de imagem” o herdeiro do biografado — em direito a censura prévia ou posterior — o que enfrentar um processo caro e perigoso.

Bruno Gagliasso protesta contra Marco Feliciano com beijaço gay




Bruno deixou a produção de “Isto é Calypso” para protagonizar a novela das seis que sucederá “Flor do Caribe”.


Não tá fácil para o deputado pastor Marco Feliciano. Quem aderiu ao protesto contra o deputado que assumiu a Comissão dos Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, em Brasilia, foi o ator Bruno Gagliasso.

Bruno, que volta para a televisão na próxima novela das seis, “O Pequeno Buda”, postou uma foto no Instagram dando um beijaço no ator Matheus Naschtergale. “”Quanto menos vc sabe mais vc julga.”#felicianonãomerepresenta”, disse o ator.

Alguns fãs ficaram chocados e não concordaram com a imagem: “Acho desnecessária essa campanha que os artistas tão fazendo… Não concordo com as atitudes do Deputado… Mas fica parecendo que ser gay é obrigatório… Venhamos e convenhamos”, disse a internauta @analuiza_mcruz. Outras apoiaram o protesto de Gagliasso: “Ahazou @bgagliasso! #felicianonãomerepresenta #preconceitotambémnão”.

Bruno Gagliasso seria o protagonista do primeiro beijo gay masculino da TV brasileira quando o personagem dele em “América”, de Glória Perez, se apaixonou por um cowboy. A cena foi gravada mas foi eliminada na edição do capítulo final da novela, em 2007.

Esse é mais uma forma de protesto de um artista que não apoia a permanência de Feliciano na comissão. Sem falar que Bruno Gagliasso estava cotado para o papel de Chimbinha, no filme “Isto é Calypso”, ao lado de Débora Secco. Na tarde desta quarta-feira (03), o diretor do filme disse que ainda não tem um substituto, mas está em negociação. Ele também desmentiu o boato de que o filme teria sido cancelado

Fonte:http://portalps.virgula.uol.com.br/bruno-gagliasso-protesta-contra-marco-feliciano-com-beijaco-gay/

Daniela x Joelma


Governo = Marketing=Mentira



Charge: Sponholz

Daniela Mercury sai do armário e assume espôsa


Recém-separada do publicitário italiano Marco Scabia, a cantora baiana Daniela Mercury surpreendeu o público nesta quarta-feira (3) ao assumir um relacionamento com uma mulher. "Malu agora é minha esposa, minha família, minha inspiração pra cantar", escreveu a artista em sua página no Instagram. 

Malu Veçosa é jornalista. editora-chefe da TV Bahia e ex-namorada da assessora de imprensa Fabiana Crato, que trabalhou com Daniela até o Carnaval deste ano. "Eu comuniquei meu casamento com Malu para tratar com a mesma naturalidade que tratei outras relações. É uma postura afirmativa da minha liberdade e uma forma de mostrar minha visão de mundo.

 Numa época em que temos um Feliciano desrespeitando os direitos humanos, grito o meu amor aos 7 ventos. Quem sabe haja ainda alguma lucidez no Congresso Brasileiro!", disse em nota a cantora, que estava em turnê em Portugal

quinta-feira, 4 de abril de 2013

O Governo Surpreendido


No ano passado, a Polícia Federal e a Controladoria Geral da União detectaram um desvio de R$ 312 milhões em verbas do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), uma autarquia ligada ao Ministério da Integração Nacional. Apesar de quase desconhecido, o orçamento do Dnocs, para este ano, será de pouco mais de R$ 1 bilhão.

Só em 2011, 30% das verbas do Dnocs foram desviadas, em "graves irregularidades", diz o relatório divulgado há quatro semanas, pela Presidência da República.

A maior obra do Nordeste de combate à seca é a transposição do rio São Francisco - que custa R$ 8,2 bilhões e se arrasta há cinco anos. Em Alagoas, a maior obra é uma mini-transposição do São Francisco: o canal do Sertão já gastou R$ 540 milhões. A obra vem desde 1992 e enfrentou ações judiciais, entre elas, por superfaturamento. Na semana passada, o Ministério da Integração Nacional garantiu dois trechos, mas não há data para conclusão do Canal.

Fonte: Site do terra e Jornal do Brasil

quarta-feira, 3 de abril de 2013

A Luta Continua

Dora Kramer - O Estado de S.Paulo

Dia desses o presidente do PT, Rui Falcão, declarou que o partido já estava conformado: ao menos enquanto Dilma Rousseff for presidente não há chance de o governo encampar projeto de regulação dos meios de comunicação.

E não há mesmo, porque o objetivo central do PT não é a necessária modernização das regras do setor com sua adaptação aos novos tempos, o chamado marco regulatório. A ideia é distorcer o marco da democracia - a liberdade de expressão para todos, não só para a imprensa -, buscando formas de controle do Estado sobre os meios de comunicação.

Com esse pano de fundo é que se desenrola a divergência entre o partido e o Ministério das Comunicações, comandado pelo também petista Paulo Bernardo, por causa da concessão de incentivos fiscais a empresas de telecomunicação.

Nesse cenário é que Rui Falcão fez uma declaração que só aparentemente traduz a desistência de insistir em levar ao Congresso um projeto de restrição de liberdade com o nome de "controle social da mídia".

Ludibria-se a sociedade insinuando que a ela caberá o comando quando o que se pretende mesmo é dar ao governo o poder de subtração de um direito fundamental da pessoa.

Em verdade, o PT - ou a ala mais atrevida do partido - não desistiu de nada. Lança mão de qualquer pretexto para demonstrar sua insatisfação com a veiculação livre de informações e opiniões.

Obrigados, por determinação de Lula, a recuar de uma manifestação oficial contra o resultado do julgamento do mensalão no último encontro partidário, os petistas resolveram improvisar atacando as desonerações a empresas de comunicação. Coisa que não fazem quando há redução de impostos à indústria automobilística, aos produtos da chamada "linha branca", medidas que rendem votos e popularidade.

O documento, além do equívoco de conceito, já que a finalidade da desoneração é permitir a ampliação de investimentos em serviços de banda larga, continha um erro crasso: falava em R$ 60 bilhões quando o total das isenções fiscais é de R$ 6 bilhões.

Inicialmente isso passou despercebido da imprensa, mas o ministro Paulo Bernardo viu, reclamou com Rui Falcão e a divergência veio a público.

Confronto desnecessário, em tese. Do ponto de vista do PT, mais um pretexto para fomentar a interdição da crítica e criar uma discussão que lhe permita sair do isolamento no Congresso.

Hoje não tem apoio nos partidos aliados, mas quanto mais o Parlamento se desmoralizar, quanto mais isso repercutir negativamente nos meios de comunicação, quem sabe? O PT pode ganhar adeptos para travar o mau combate.

Colateral. A participação de artistas, intelectuais e setores outrora influentes na sociedade em causas de interesse público, hoje perde importância.

Descontadas ínfimas exceções, afastaram-se da política. Por medo da patrulha, cansaço ou equívoco ideológico que resultou em omissão, quando não conivência explícita, em casos como o do mensalão.

Agora, quando resolvem abraçar um combate, eles não têm voz forte o suficiente para interferir nos resultados. O exemplo mais recente, mas não o único, é o engajamento nos protestos contra a permanência do deputado Marco Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos.

De onde se constata que o bom combate perde a eficácia quando tem dois pesos.

A passividade diante da corrupção, a defesa da tese de que o PT só fez o que todo mundo faz e que a "mão suja" é instrumento inerente à política acabaram levando governantes e representantes em geral a se liberar de quaisquer constrangimentos. A indignação não sensibiliza.

Na percepção dos partidos e políticos cooptados, se o PT pode pintar e bordar tudo o mais é permitido sob a proteção da "marca" antes associada a ideais de razoável conduta.

Fonte: Estadão

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Crescimento brasileiro pode ser ameaçado por fuga de cérebros

1 de abril de 2013
Autor: Comunicação Millenium

Políticas públicas mal elaboradas, excessiva burocracia das universidades e dificuldades na emissão de vistos de trabalho são algumas das principais ameaças ao desempenho brasileiro na corrida global por cérebros. De acordo com a reportagem “A guerra global pelos talentos”, publicada pela revista “Exame” da primeira quinzena de abril, o Brasil tem um dos maiores déficits de mão de obra qualificada do mundo.

 Apenas 7% da população nacional entre 24 e 35 anos têm nível superior de formação. Estimativas mostram que a indústria brasileira tem 150 mil vagas ociosas para engenheiros.Além do fenômeno da fuga de cérebros, quando os pesquisadores brasileiros deixam o país para fazer carreira em universidades dos países desenvolvidos como Estados Unidos, França e Japão, também sofremos com a baixa de estudiosos estrangeiros em solo nacional. Nos últimos cinco anos, apenas 2% dos 250 mil vistos concedidos a estrangeiros destinavam-se a profissionais com 17 anos de estudos, período equivalente a conclusão da pós-graduação.

Até mesmo a Argentina atrai mais estudantes norte-americanos do que o Brasil. Isso revela que, apesar de ter enviado 22 mil universitários ao exterior desde sua criação, em 2011, o programa de intercâmbio do governo Federal “Ciência sem Fronteiras” trouxe poucos profissionais de outras nacionalidades para o país. Para uma nação em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, essa é uma constatação preocupante. Em um futuro próximo, a capacidade de atrair intelectuais será um dos principais fatores de vantagem competitiva dos países e é possível que o país fique atrás mais uma vez.

Oportunidades a vista

A inauguração de novos centros de pesquisa no Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) como o laboratório da multinacional norte-americana General Electric e de outras 12 empresas como Siemens e Usiminas criam oportunidades inéditas para os profissionais do país. Ainda assim corremos o risco de empregar estrangeiros vindos dos países mais afetados pela crise econômica mundial, principalmente na Europa.

Confira os gráficos da mão de obra qualificada(fonte: Revista “Exame”)


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