Por Jorge Serrão
Entrevistas com Luiz Inácio Lula da Silva são de uma imensa inutilidade jornalística. Conversas com ele não servem para buscar ou elucidar a verdade. Lula sempre se comporta como o dono da própria verdade - que não aceita ser questionada. Ele é o refém psicológico de um mito - no caso um mitomaníaco. Acredita nas versões que conta e ponto final. Quem o idolatra acha maravilhoso o que fala. Quem não gosta dele o taxa de mentiroso. E nunca se chega a conclusão alguma, minimamente útil, sobre o que ele falou.
A recente entrevista exclusiva ao jornalista Roberto D'Avila não fugiu a essa regra. Lula teve a coragem de alegar que a descoberta de corrupção na Petrobras foi um susto para ele e para todo mundo. Lula também reclamou que recebe um tratamento diferente (pior) que os outros políticos - o que não tem qualquer base de verdade objetiva. E só faltou jurar que não conspira contra Joaquim Levy e muito menos contra Dilma Rouseff. Ele conseguiu até pregar a tese de que não existe nenhum motivo para Dilma sair da Presidência da República. Enfim, este é o camarada $talinácio - um ditador cordial, eternamente na pele pragmática de um cameleônico sindicalista de resultados.
Certamente, o ponto alto da entrevista de Lula tenha sido esta pérola de declaração: "Só tenho um valor na vida: é vergonha na cara que aprendi com uma mãe analfabeta. Duvido que tenho neste país um empresário que esteja na Lava-Jato ou não que esteja, que goste de mim ou que não goste, que diga que um dia conversou qualquer coisa comigo que não fosse coisa possível de ser concretizada. Fui presidente do sindicato (dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema), fui presidente do PT, fui presidente da República e nunca um desgraçado neste país falou assim para mim: Ô Lula, quero te dar uma pera. Se tem uma coisa que eu tenho orgulho, é isso".
Lula tem orgulho do que ele é e representa. Logo, não há maneiras objetivas de refutá-lo. A mente dele, sempre que mente, é previsível. Lula é o grande ator de sempre. Aquele sindicalista, de codinome Boi, que colaborava com a equipe de inteligência e repressão do falecido delegado Romeu Tuma, no Departamento da Ordem Política e Social, continua o mesmo. Um dia Lula até chegou a brincar que seria uma "metamorfose ambulante". Era piada! Lula é imutável. É o filho legítimo de Bruzundanga - fruto do casamento mitológico de um País que não existe com um demônio que é filho da carcomida "Carta de Lavoro" fascista.
Falta pouco para que Lula se torne uma página virada na História do Brasil? Melhor acreditar que não. $talinácio segue seu caminho, apesar do imenso desgaste de imagem. Objetivamente, com as regras do jogo da politicagem em vigor, ele não tem adversários a altura para derrotá-lo ou destruí-lo. Este é o grande perigo. Mito decadente, mesmo quando paga mico, ainda é um perigo e muito duro de ser vencido. Lula está sempre pronto para a guerra. Pode nem ser o melhor dos estrategistas. Mas não é otário. É muito esperto. O Diabo não aceitaria a concorrência dele na presidência do Inferno.
Perdida, mesmo, é Dilma. Ela é refém do Lula, do Michel Temer, da própria incompetência gerencial e da incapacidade de fazer politicagem. Dilma é uma brizolista sem talento. Péssima de retórica, pobre de raciocínio próprio, porém arrogante como ela só. O lamentável é que o Brasil e os brasileiros são os maiores prejudicados pela incapacidade dela de governar. No atual andar dos acontecimentos, ela não sairá do poder. Aguentá-la até 2018 será possível?
Resposta sincera? Bruzundanga suporta qualquer coisa... Lula é o cara mais bem informado da nossa Republiqueta. Por isso, derrubá-lo é questão de sorte. Não é impossível. Mas é pouco provável. Se ele realmente quiser, Dilma fica, mesmo na corda bamba. Se ele não quiser, ela pode dar lugar a Temer. Isto não deve acontecer porque Lula prefere que tudo permaneça como está. Com Dilma ruim, fica a ilusória imagem de que, com ele, já foi bom...
Fonte:
http://www.alertatotal.net