quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Verba para comunistas dispara em 4 anos


Por Rodrigo Mattos

As contribuições dos patrocinadores da Olimpíada e da Copa ao PC do B foram praticamente quintuplicadas da eleição de 2006 para a realizada no ano passado.

O cálculo leva em conta recursos aos comitês financeiros únicos, sem considerar dinheiro aos candidatos.

Há quatro anos, o partido recebeu R$ 194,6 mil da Coca-Cola, por meio das subsidiárias Recofarma Indústria do Amazonas Ltda. e da Rio de Janeiro Refrescos Ltda.

Foi o único patrocinador que deu dinheiro aos comunistas naquele pleito.
Para 2010, o valor da doação da Coca-Cola foi a R$ 550 mil, um aumento de 182% em relação à eleição anterior.

Como comparação, a contribuição eleitoral da empresa a todos os partidos apresentou um crescimento de 94% nesses quatros anos.

O McDonald's não deu dinheiro a partidos em 2006, mas, no ano passado, doou R$ 40 mil ao PC do B.

O Banco Alvorada, controlado pelo Bradesco, até deu R$ 60 mil ao partido, mas na época não tinha associação com Olimpíada ou Copa.

Em 2002, o PC do B não ganhou nada dos parceiros dos Jogos do Rio e da Copa.
Ainda houve salto na arrecadação do Comitê Financeiro Único do Rio, cidade-sede da Olimpíada-2016, multiplicada por oito em 2010 e chegando a R$ 3,2 milhões.


PC do B fatura com parceiros de 2014 e 2016


Patrocinadores da Olimpíada do Rio-2016 e da Copa de 2014 fizeram doações na eleição de 2010 para o PC do B, partido do ministro do Esporte, Orlando Silva Jr.

O ministério participa da elaboração de leis que darão benefícios aos parceiros comerciais dos dois eventos. Ainda atua em negociações com a Fifa e o COI (Comitê Olímpico Internacional).

Levantamento da Folha mostra que o PC do B recebeu R$ 940 mil de patrocinadores da Olimpíada e da Copa, contra nada no pleito de 2002.

Os doadores foram a Coca-Cola, o McDonald's e o Bradesco. As duas primeiras empresas são patrocinadoras dos dois eventos, e o banco, apenas dos Jogos do Rio.

O dinheiro foi dado ao Comitê Financeiro Único do PC do B em três Estados: Amazonas, São Paulo e Rio. O que faturou mais foi o da a capital fluminense, sede da Olimpíada e da decisão da Copa.

A Coca-Cola deu a maior fatia do dinheiro. Principal subsidiária da empresa no Brasil, a Recofarma Indústria do Amazonas Ltda. doou R$ 450 mil aos comunistas.

A Rio de Janeiro Refrescos Ltda., distribuidora na capital do Rio, deu R$ 100 mil.
A empresa é a mais interessada nos eventos: está garantida no rol de patrocinadores principais da Fifa (até 2022) e do COI (até 2020).

O PC do B recebeu R$ 350 mil do Banco Alvorada, controlado pelo Bradesco.

No final do ano passado, o banco ganhou a concorrência para prestar os serviços financeiros e de seguros para a Olimpíada de 2016.

A Arcos Dourados Comercio Ltda., nome do McDonald's no Brasil, doou R$ 40 mil aos comunistas.

A rede de alimentação é patrocinadora oficial da Olimpíada desde 1976 e tem contrato até pelo menos Londres-2012. No caso da Copa do Mundo, seu contrato vem desde 1994 e está em vigor.

As doações dos três patrocinadores olímpicos representam em torno de um sétimo do total ganho pelo PC do B nos Estados de São Paulo, Rio e Amazonas (sede da Coca-Cola), os que mais arrecadaram na última campanha.

Feito em conjunto pelo Esporte e pela Casa Civil, a Lei do Ato Olímpico deu exclusividade a esses e outros parceiros do COI no uso de espaços de publicidade em áreas federais relacionadas aos Jogos-2016, como aeroportos. Foi aprovada no Congresso.

A versão em estudo da Lei Geral da Copa, da qual o Ministério do Esporte também participa da gestação, prevê também limites de áreas exclusivas para patrocinadores da Fifa. Ainda determina prisão para quem tentar fazer marketing pirata com a Copa.

Essas medidas estavam nas garantias dadas pelo governo à Fifa e ao COI em negociações das quais o ministério de Orlando Silva Jr. também participou. São imposições para receber os eventos.

Fonte: Folha de S.Paulo

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