sábado, 17 de novembro de 2012

Gaza ameaça Jerusalém pela primeira vez


A escalada de violência entre Israel e a faixa de Gaza se expandiu ontem aos arredores de Jerusalém, cidade sede do governo israelense, que, pela primeira vez em duas décadas, acionou seu alerta contra ataques aéreos.

Após mais de 500 ataques em três dias de ofensiva, Israel cogita uma invasão por terra. Ontem o governo autorizou a convocação de até 75 mil soldados da reserva e as principais estradas em torno de Gaza foram fechadas.

Dezesseis mil já receberam o chamado e começaram a se concentrar na divisa com Gaza, no sul. Apesar da preparação, analistas acreditam que Israel não tem interesse numa escalada por terra.

"Israel não vai fazer a paz nem derrubar o Hamas", disse o comentarista político Amnon Abramovitch, sobre o grupo islâmico que controla Gaza. "O objetivo é obter um cessar-fogo prolongado."

Isso pode mudar se Tel Aviv e Jerusalém continuarem na linha de tiro, como nos últimos dois dias. Ontem a grande Tel Aviv voltou a ser alvo de ataque pelo segundo dia seguido. Como na véspera, não houve vítimas.

Segundo a polícia israelense, um foguete disparado de Gaza caiu numa área aberta perto de Gush Etzion, bloco de assentamentos na Cisjordânia ocupada por Israel desde 1967, ao sul de Jerusalém.

Não causou vítimas ou danos e errou por mais de 20 km o Knesset (Parlamento israelense), alvo declarado do Hamas. Mas o foguete quebrou uma barreira psicológica importante ao colocar em alerta o centro de poder israelense.

Foi a primeira vez desde a Guerra do Golfo, em 1991, que o alarme antiaéro soou em Jerusalém. Na época, a cidade foi poupada dos mísseis iraquianos, que tinham na mira a área de Tel Aviv.

Numa demonstração de apoio ao Hamas, o premiê egípcio, Hisham Qandil, visitou a faixa de Gaza e fez fortes críticas à ofensiva israelense, que chamou de "desastre".
Nas três horas da visita, Israel suspendeu os ataques.

A Tunísia anunciou que enviará hoje seu chanceler a Gaza, continuando a caravana de apoio de governos árabes pós-revolucionários.
Enquanto a ofensiva lançada na quarta-feira por Israel contra o Hamas em Gaza se intensifica, assim como a represália palestina, aumentam os temores de que ela repita a guerra de 2008-2009.

Em três dias, a aviação de Israel efetuou mais de 500 ataques em Gaza, a começar pela execução do chefe militar do Hamas, Ahmed Jabari, na quarta. O número de palestinos mortos chegou ontem a 27.

O Exército afirma que a maioria dos alvos é de lançadores de foguetes. A prioridade são os de médio alcance do tipo Fajr, iranianos, que ameaçam Tel Aviv e Jerusalém.
O foguete de ontem foi o primeiro lançado contra Jerusalém desde 1970, quando dois mísseis foram lançados a partir da cidade de Batir.

"Nossa mensagem é curta e simples: não há segurança para nenhum sionista em cada polegada da Palestina, e novas surpresas virão", disse Abu Obeida, porta-voz do braço armado do Hamas.

Israel afirma que restaram poucos foguetes iranianos em poder do Hamas após os ataques recentes, mas o grupo diz que os projéteis recentemente disparados são do tipo M75, fabricados em Gaza.

O fortalecimento do poder de fogo do Hamas e de outros grupos radicais de Gaza nos últimos quatro anos está demonstrado pela potência e quantidade do armamento usado agora. Nos primeiros três dias, cerca de 600 projéteis foram lançados, o equivalente a três semanas da guerra de 2008-2009.

O país voltou a sofrer uma chuva de foguetes, mas quase um terço foi interceptado pelo sistema "Domo de Ferro".

Fonte: Folha

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