Por Milton Pires
Cada vez que a imprensa noticia que os professores estão insatisfeitos com salários, que os policiais não aguentam mais trabalhar sem armamento, e que os médicos estão desesperados com as emergências lotadas, as reações costumam ser de dois tipos: crítica ou solidariedade. O que não fica evidente, à primeira vista, é o que existe de comum nas duas.
Sabem o que é? É a noção de “classe”! É a ideia, já sedimentada, de que esses assuntos – uma vez trazidos à tona pela imprensa – sejam sempre exclusivamente manifestação de interesses econômicos.
Não interessa, nesse artigo, o fato de eu ser médico. Eu poderia muito bem ter sido professor, policial ou astronauta – tanto faz. O que causa perplexidade é a capacidade que esse conceito – o de classe – adquiriu para pautar toda e qualquer discussão racional.
Vejam, frequentei uma universidade pública. Como cidadão, e pagando impostos, fui eu que financiei e financio até hoje o funcionamento dela. Agora, segundo se dissemina pela imprensa, eu não sou mais cidadão. Eu pertenço à “classe” dos médicos.
Devo, segundo o senso comum, retribuir (seja lá o que isso queira dizer) à sociedade o fato de ter estudado medicina numa faculdade federal! Invocam inclusive o código de ética da minha profissão e enchem a boca para perguntar com satisfação - “onde está seu juramento, Dr.Milton?”
Pergunto a vocês: fazer um país inteiro (inclusive um enorme número de médicos, policiais e professores) pensar assim é ou não é uma revolução? Quanto tempo os alunos ainda vão passar dentro das escolas aprendendo que revoluções são movimentos “armados”? A quem serve esse tipo de mentira, hein?
“Dividir para conquistar”... Não havia legião romana que não soubesse isso. A escória petista que governa o Brasil pode, de fato, ser escória; mas não é burra. Sabem perfeitamente bem do que eu estou falando. Esse tipo de gente, que sabe como ninguém aproveitar-se do caos, está fazendo a mesma coisa com o nosso país! Será que isso não fica claro?
Meus amigos, mais de uma vez eu escrevi que o PT não é favor de pretos nem contra os brancos. Ele não gosta de homossexuais nem de “machões”...não defende as “vadias” nem as freiras..e vou continuar SEMPRE escrevendo esse tipo de coisa. No momento somos nós, os médicos, a “bola da vez”.
Já disse, e sigo dizendo, que isso não tem nada de “pessoal” conosco e que esse partido desgraçado prepara muito mais coisa para enfiar goela abaixo das pessoas. Controle de imprensa, unificação das polícias, pena de morte...são apenas alguns dos itens na pauta dessa ralé.
O que está acontecendo com a classe médica no Brasil é um recado. As pessoas, pelo menos a parte mais esclarecida que poderia haver entre elas, estão perdendo uma grande oportunidade. Estão desperdiçando a chance de entender um aviso da história...
O aviso daquilo que se prepara no país – o caminho para uma ditadura total. Essa ditadura se construiu, e continua sendo construída, através de um estado corporativo..de um governo que conseguiu cooptar o poder econômico comportando-se, nesse sentido, como capitalista enquanto produz em silêncio a maior revolução cultural da nossa história.
Lembrem-se: não faz a mínima diferença se existem médicos mafiosos” e médicos “que cumprem o juramento”. Não se importem com “policiais corruptos ou policiais honestos”...Esqueçam essa coisa de “professor grevista e professor que pensa nas crianças” ou de que existem “civis e militares”.
A única coisa que vocês precisam saber é que pode haver, para o governo, dois tipos de cidadãos – aqueles que são contra e aqueles que são a favor do PT! Essas são as duas únicas classes...
Milton Simon Pires é Médico.
Fonte: alertatotal.net
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