quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Charles da Flauta


Está previsto para hoje 6, o primeiro show público de Charles Pereira da Silva desde que parou de usar crack -apontado como um gênio da flauta, ele se entregou à droga e foi viver, esquecido e vestido com trapos, numa caverna no Minhocão. Seus pulmões estavam infectados por uma tuberculose. A volta ao palco tem um toque simbólico -afinal, Charles vai tocar num local que, por muito tempo, estava contaminado. "Estou limpo", orgulha-se. "Aprendi a viver um dia por vez."

Charles vai tocar no anfiteatro da praça Victor Civita, onde existiu, no passado, uma incineradora de lixo -o local era tido como uma área imprestável por causa da contaminação do solo. O terreno foi reciclado para servir como uma vitrine de experiências de sustentabilidade e como espaço cultural, trazendo vida ao que parecia sem perspectivas.

"Estou tentando me reciclar todos os dias", diz Charles, que, quando menino, tocava no centro da cidade e, de acordo com maestros como Júlio Medaglia, poderia ter sido o maior flautista brasileiro.

Medaglia conseguiu uma bolsa para o menino estudar com o primeiro flautista da Filarmônica de Berlim. Mas Charles já estava contaminado pelo crack e não viajou.

Apoiado pela assistente social Renata Aparecida Ferreira, começou a tratar a tuberculose enquanto tentava se manter limpo. Mas passou por altos e baixos -o mais baixo foi quando trocou a flauta por crack.

Fizeram uma "vaquinha" e Charles conseguiu, há duas semanas, ter a sua flauta -e é justamente com ela que vai subir no palco, que também enfrenta a descontaminação. Seu projeto agora é gravar um novo CD . Ouça ele tocando flauta nesse link
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/noticias/gd200308a.htm
Fonte:catraca livre 05/11/08

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