quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Ilusionismo com o PAC


O governo federal anunciou mais R$ 142,1 bilhões para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), para aplicação até 2010, como se os investimentos em infraestrutura e energia fossem um sucesso e consumissem dinheiro sem parar. Pura propaganda. Sem a Petrobrás, o PAC seria um fracasso ainda mais evidente, mas a Petrobrás, sem o PAC, continuaria sendo uma empresa gigante, com uma enorme agenda de investimentos.

No entanto, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, refere-se a esse programa como "a mola mestra" da economia brasileira. Mais uma vez ele está errado. O País avançou nos últimos anos graças ao desempenho de quem menos dependia do governo como planejador e executor de uma agenda de crescimento - e isto inclui a Petrobrás e o setor privado.

Quando o PAC foi lançado, no começo do segundo mandato do presidente Lula, ficou bem clara uma de suas principais características. Tratava-se, embora a ministra Dilma Rousseff insista em negá-lo, de um grande pacote formado por alguns projetos novos, muitos antigos e vários em andamento. A incorporação da pauta de investimentos da Petrobrás, formada de projetos de longo prazo e revista periodicamente, deixou evidente a manobra ilusionista.

Segundo a ministra, o governo pretende antecipar a realização das obras do PAC para fortalecer a economia e diminuir o impacto da crise internacional. É uma boa ideia. Mas o Brasil já será beneficiado se o Executivo federal atingir o objetivo mais simples, e muito mais modesto, de tirar o atraso de 62% das obras sob sua responsabilidade e passar a executá-las num ritmo razoável, compatível com um padrão mediano de administração. Por enquanto, o padrão gerencial desse governo é indisfarçavelmente subnormal.

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Fonte: ESTADAO - Opinião 05/02/09

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