quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

É governo versus militares



Primeiro foi a crise militar por causa da ideia de se investigar eventuais crimes das Forças Armadas durante o regime militar e agora o ranking dos caças. É governo versus militares.

Primeiro, é preciso interpretar a fala do presidente, ao lado de Sarkozy: na verdade, ele deixa Sarkozy feliz mas não afirma que o Brasil vai comprar; apenas entrar em negociação. Ainda se pode imaginar, um oculto “inclusive” – negociar aviões, inclusive o Rafalle.

O governo já havia esclarecido, que seria uma decisão técnica – para não atropelar a Força Aérea, agora o Ministério da Defesa fala em decisão política e estratégica, para não pressionar a presidência da República. Vale lembrar que nem os presidentes militares atropelaram decisões técnicas na compra de material bélico.

É bom lembrar também que há estrategistas civis no governo e no PT, lembrando da conveniência de estreitar relações com a França, como aliança com uma potência do norte que não seja um parceiro de tamanho esmagador, como os Estados Unidos.

Muitos especialistas dizem que a experiência com o Mirage não foi 100% na parte de manutenção dos aviões e na parte de custo. Isso teria deixado os técnicos do Ministério da Aeronáutica desconfiados da “transferência” de tecnologia dos franceses. Quem vai pilotar o avião é o pessoal da Aeronáutica. Eles têm que ter segurança no avião e na manutenção.

O Rafalle não tem experiência em guerra. Tem experiência em manobras no Mediterrâneo e já caiu Rafalle.

O episódio pode ser um segundo atrito em poucos dias com o setor militar. O outro foi a assinatura de um decreto preparado pela dupla ministro da Justiça Tarso Genro e secretário de direitos humanos, Paulo Vanucchi, que na prática cancela a lei de anistia pela metade: continuaria a valer para quem sequestrou, matou, assaltou e jogou bombas, e deixaria de valer para quem teria torturado, para pegar coronéis da reserva.

O argumento é de que a Constituição considera tortura imprescritível – só que terrorismo também está lá como imprescritível. O argumento desconhece o princípio de que a lei só retroage para beneficiar o réu e não o inverso. A anistia é de 1979 e a Constituição, de 1988.

O presidente Lula explicou ter assinado na pressa, na Dinamarca, ao acompanhar a Conferência do Clima. Mas afinal, em Brasília, estava o presidente em exercício José Alencar. Por que não deram a ele para assinar? Por que já foi ministro da Defesa e está a par da polêmica?

Fonte: Alexandre Garcia 06/01/10

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