quinta-feira, 30 de setembro de 2010
As Boquinha Fechadas
Por Arnaldo Jabor
Estamos vivendo um momento grave de nossa história política em que aparecem dois tumores gêmeos de nossa doença: a união da direita do atraso com a esquerda do atraso.
O Brasil está entregue à manipulação pelo governo das denúncias, provas cabais, evidências solares, tudo diante dos olhos impotentes da opinião pública, tapando a verdade de qualquer jeito para uma espécie de "tomada do poder". Isso; porque não se trata de um nome por outro - a ideia é mudar o Estado por dentro.
Tudo bem: muitos intelectuais têm todo o direito de acreditar nisso. Podem votar em quem quiserem. Democracia é assim.
Mas, e os intelectuais que discordam e estão calados? Muitos que sempre idealizaram o PT e se decepcionaram estão quietinhos com vergonha de falar. Há o medo de serem chamados de reacionários ou caretas.
Há também a inércia dos "latifúndios intelectuais". Muitos acadêmicos se agarram em feudos teóricos e não ousam mudá-los. Uns são benjaminianos, outros hegelianos, mestres que justificam seus salários e status e, por isso, não podem "esquecer um pouco do que escreveram" para agir. Mudar é trair... Também não há coragem de admitirem o óbvio: o socialismo real fracassou. Seria uma heresia, seriam chamados de "revisionistas", como se tocassem na virgindade de Nossa Senhora.
O mito da revolução sagrada é muito grande entre nós, com o voluntarismo e o populismo antidemocrático. E não abrem mão de utopias - o presente é chato, preferem o futuro imaginário. Diante de Lula, o símbolo do "povo que subiu na vida", eles capitulam. Fácil era esculhambar FHC. Mas, como espinafrar um ex-operário? É tabu.
Tragicamente, nossos pobres são fracos, doentes, ignorantes e não são a força da natureza, como eles acham. Precisam de ajuda, educação, crescimento para empregos, para além do Bolsa-Família. Quem tem peito de admitir isso?
É certo que já houve um manifesto de homens sérios outro dia; mas faltam muitos que sabem (mas não dizem) que reformas políticas e econômicas seriam muito mais progressistas que velhas ideias generalistas, sobre o "todo, a luta de classes, a História". Mas eles não abrem mão dessa elegância ridícula e antiga. Não conseguem substituir um discurso épico por um mais realista. Preferem a paz de suas apostilas encardidas.
Não conseguem pensar em Weber em vez de Marx, em Sérgio Buarque em vez de Florestan Fernandes, em Tocqueville em vez de Gramsci.
A explicação desta afasia e desta fixação num marxismo-leninismo tardio é muito bem analisada em dois livros recentemente publicados: Passado Imperfeito, do Tony Judt (que acaba de morrer), e o livro de Jorge Caldeira História do Brasil com Empreendedores (Editora Companhia da Letras e Mameluco).
Ali, vemos como a base de uma ideologia que persiste até hoje vem de ecos do "Front Populaire" da França nos anos 30, pautando as ideias de Caio Prado Jr. e deflagrando o marxismo obrigatório na Europa de 45 até 56. Os dois livros dialogam e mostram como persiste entre nós este sarapatel de teses: leninismo, getulismo desenvolvimentista - e agora, possível "chavismo cordial".
A agenda óbvia para melhorar o Brasil é consenso entre grandes cientistas sociais. Vários "prêmios Nobel" concordam com os pontos essenciais das reformas políticas e econômicas que fariam o Brasil decolar.
Mas, não; se o PT prevalecer com seu programa não-declarado (o aparente engana...), não teremos nada do que a cultura moderna preconiza.
O que vai acontecer com esse populismo-voluntarista-estatizante é previsível, é bê-á-bá em ciência política. O PT, que usou os bons resultados da economia do governo FHC para fingir que governou, ousa dizer que "estabilizou" a economia, quando o PT tudo fez para acabar com o Real, com a Lei de Responsabilidade Fiscal, contra tudo que agora apregoa como atos "seus". Fingem de democratas para apodrecer a democracia por dentro.
Lula topa tudo para eleger seu clone que guardará a cadeira até 2014. Se eleito, as chamadas "forças populares", que ocupam mais de 100 mil postos no Estado aparelhado, vão permanecer nas "boquinhas", através de providências burocráticas de legitimação.
Os sinais estão claros.
As Agências Reguladoras serão assassinadas.
O Banco Central poderá perder a mínima autonomia se dirigentes petistas (que já rosnam) conseguirem anular Antonio Palocci, um dos poucos homens cultos e sensatos do partido.
Qualquer privatização essencial, como a do IRB, por exemplo, ou dos Correios (a gruta da eterna depravação) , será esquecida.
A reforma da Previdência "não é necessária" - já dizem eles -, pois os "neoliberais exageram muito sobre sua crise", não havendo nenhum "rombo" no orçamento.
A Lei de Responsabilidade Fiscal será desmoralizada.
Os gastos públicos aumentarão pois, como afirmam, "as despesas de custeio não diminuirão para não prejudicar o funcionamento da máquina pública".
Portanto, nossa maior doença - o Estado canceroso - será ignorada.
Voltará a obsessão do "Controle" sobre a mídia e a cultura, como já anunciam, nos obrigando a uma profecia autorrealizável.
Leis "chatas" serão ignoradas, como Lula já fez com seus desmandos de cabo eleitoral da Dilma ou com a Lei que proíbe reforma agrária em terras invadidas ilegalmente, "esquecendo-a" de propósito.
Lula sempre se disse "igual" a nós ou ao "povo", mas sempre do alto de uma "superioridade" mágica, como se ele estivesse "fora da política", como se a origem e a ignorância lhe concedessem uma sabedoria maior. Em um debate com Alckmin (lembram?), quando o tucano perguntou a Lula ao vivo de onde vinha o dinheiro dos aloprados, ouviu-se um "ohhhh!...." escandalizado entre eleitores, como se fosse um sacrilégio contra a santidade do operário "puro".
Vou guardar este artigo como um registro em cartório. Não é uma profecia; é o óbvio. Um dia, tirá-lo-ei do bolso e sofrerei a torta vingança de declarar: "Agora não adianta chorar sobre o chopinho derramado!"...
Fonte: Estadão 28/09/10
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Truques Contábeis Escondem Aumento de Gastos
Por Miriam Leitão
As contas públicas do governo estão muito confusas, por conta dos truques contábeis. Hoje, os indicadores como de superávit primário, por exemplo, já não querem dizer mais nada; vão alterando as regras e não dá para comparar o superávit de hoje com o de cinco anos atrás.
A última novidade foi a capitalização da Petrobras, que foi feita, entre outras coisas, para aumentar o superávit primário. Parte do dinheiro vai ser para o governo atingir a meta, que já foi reduzida. O Tesouro, que já tinha dado R$ 180 bilhões, deu ontem mais R$ 30 bilhões ao BNDES. Como dá a título de empréstimo, não entra na conta como se tivesse saído do Tesouro, porque um dia, o banco vai pagar. Agora, porque o BNDES aumentou sua participação na Petrobras, vai transferir R$ 22 bilhões. Esse dinheiro formará o superávit primário. Ninguém está entendendo mais nada: estatal empresta para estatal, Tesouro empresta, mas não entra na conta.
É uma confusão enorme. O governo está tirando uma das qualidades das contas públicas brasileiras dos últimos anos. Desde antes da Lei de Responsabilidade Fiscal, o Brasil vem se esforçando para que as contas fiquem mais transparentes. Mas agora, estão desmoralizando as metas. É feito para confundir. O objetivo é gastar mais e fingir que não estão aumentando os gastos.
Fonte: CBN 28/09/10
Botox nas contas públicas
Opinião : Estado de São Paulo
O governo federal está usando botox nas suas contas. Inventou um jeito de gastar, endividar-se e deixar o resultado fiscal mais bonito. A Petrobrás ainda vai precisar de muitos anos para começar a explorar comercialmente o pré-sal, mas sua capitalização já rende benefícios ao governo. A operação de embelezamento contábil envolve o BNDES e o Fundo Soberano do Brasil (FSB).
O resultado previsto inclui uma receita não tributária de uns R$ 30 bilhões para o Tesouro, a obtenção mais fácil do superávit primário programado para o ano e um resultado neutro no endividamento líquido. A dívida bruta aumentará, naturalmente, mas em Brasília não se dá muita importância a esses detalhes prosaicos da realidade.
O BNDES comprará ações da Petrobrás com financiamento da União. Para conceder esse crédito, o Tesouro foi autorizado a emitir papéis da dívida pública no valor de até R$ 30 bilhões. A emissão foi autorizada pela Medida Provisória n.º 505, assinada em 24 de setembro. O texto saiu no Diário Oficial do dia 27 e foi republicado, com retificação, no dia seguinte.
Com esse empréstimo se realizará a primeira parte da operação. O banco deverá ao Tesouro um montante igual ao valor dos títulos, acrescido de um custo equivalente à Taxa de Juros de Longo Prazo. Assim, a dívida líquida não será aumentada e os analistas, segundo o cálculo do governo, continuarão julgando a situação do Tesouro tão boa quanto antes.
Mas especialistas divergem dessa interpretação. A dívida bruta crescerá e não há como descartar esse fato. O exame das contas públicas, na maior parte dos países, tem como referência a dívida representada por todos os papéis emitidos. É uma questão de bom senso. O governo poderá desperdiçar seus créditos ou simplesmente não recebê-los, mas continuará tendo de pagar a dívida bruta. É essa, compreensivelmente, a perspectiva dos credores.
O outro lance da operação envolve as transações contábeis entre o Tesouro, os agentes financeiros do governo e a Petrobrás. A União vende à empresa 5 bilhões de barris de petróleo do pré-sal, ao preço total de R$ 74,8 bilhões. A Petrobrás paga esse montante ao Tesouro. Ao mesmo tempo, a empresa vende ações no mesmo valor. Mas o Tesouro compra apenas uma parte desses papéis, gastando US$ 45 bilhões. O resto é comprado pelo BNDES e pelo FSB.
A diferença - cerca de R$ 30 bilhões - entre o total vendido pela Petrobrás e a parcela comprada pelo Tesouro é um ganho fiscal para o governo. Esse valor é contabilizado como parte do superávit primário. Com isso, fica muito mais fácil atingir a meta fixada para o ano, um resultado primário equivalente a 3,3% do PIB.
Até julho, o superávit primário de todo o setor público ficou em apenas 2% do PIB, por causa do grande aumento dos gastos governamentais. O resultado teria sido pior, se os lucros das estatais não reforçassem as contas. Mas o ministro da Fazenda e o secretário do Tesouro têm reiterado sua confiança na obtenção do resultado fiscal programado para o ano. Mas essa previsão não se baseia num plano de contenção dos gastos do governo.
Ao contrário, o Tesouro deverá continuar gastando livremente nos próximos meses. Novas despesas foram autorizadas há poucos dias, com base numa reavaliação da receita e na expectativa de um resultado um pouco menos negativo nas contas da Previdência. Um governo comprometido com a austeridade aproveitaria essa oportunidade para ajustar suas contas. Nem seria necessário um sacrifício significativo. Bastaria não gastar o dinheiro extra.
A nova transferência de até R$ 30 bilhões será somada aos R$ 180 bilhões emprestados ao BNDES pelo Tesouro desde o ano passado. Numa declaração recente, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, havia dado por encerradas essas operações de ajuda ao banco. Talvez estivesse sendo sincero naquela ocasião. Nesse caso, terá mudado de ideia com uma rapidez notável. Mas isso é compreensível. Estranho, mesmo, seria o governo adotar uma política fiscal mais séria neste momento.
Fonte: Estadão 29/09/10
João Almeida diz que Lula deveria ter sido afastado em 2005
O líder do PSDB na Câmara, deputado João Almeida (PSDB/BA), rebateu a afirmação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, em entrevista exclusiva ao Portal Terra, falou sobre possível plano dos adversários para derrubá-lo do poder, no ano de 2005, quando ocorreram as denúncias do chamado “Mensalão”. O parlamentar, entretanto, admitiu que há quem se arrependa de não ter feito o impeachment de Lula na época.
- Movimento para derrubar? Movimento organizado, puxado por alguma liderança expressiva de oposição? Não, não houve. Hoje, muito se arrepende por não se ter feito isso na época. Eu fui um dos que acharam que não devia fazer impeachment. Lula fez estripulias para merecer mais do que isso. Como não foi impedido naquela época, agora está reeditando tudo aquilo, e pior. Só que ele está no fim do governo. A Dilma pretende estar no começo do governo. É mais grave.
Almeida rechaçou, ainda, outra declaração de Lula, que disse duvidar da existência de um país “com mais liberdade de comunicação que o Brasil”. Questionado sobre outra afirmação do presidente, de que a “grande imprensa” tem um candidato, o parlamentar respondeu:
-O Lula vem investindo, e não é de agora, contra a liberdade de imprensa. Ele chegou ao absurdo de dizer que a opinião pública é ele. Pensa que a popularidade que tem lhe dá oportunidade para fazer todas essas locuras. Perdeu a noção do que é certo e do que é errado. A popularidade subiu para cabeça dele. Ele está querendo se transformar em instituição máxima do País.
Na visão do deputado, “Luiz Inácio Lula da Silva agride, a todo momento, os princípios basilares da democracia, com a linha de autoritarismo”.
-Não se pode pensar em democracia sem imprensa livre. Livre significa sem absolutamente qualquer restrição. Liberdade não pode ser qualificada.
Indagado sobre possíveis abusos praticados pela imprensa, Almeida optou por uma comparação:
-Abusos até podem existir em certa medida, mas o controle é pior do que o abuso. Querer estabelecer regra, controle para imprensa de maneira geral, isso não é democracia. Transcrito do Terra Magazine.
Fonte: Imprensa Livre 25/09/10
Jornal “O Estado de São Paulo” declara apoio a José Serra e critica postura de Lula
Leia na íntegra o editorial publicado na edição de domingo (26), do jornal O Estado de São Paulo, também conhecido como Estadão, onde o periódico declara apoio político ao candidato a presidente José Serra (PSDB), além de tecer duras críticas ao atual presidente Lula e aos ataques feitos por ele à imprensa, na semana passada.
Segundo o editorial, o Estadão diz que “o apoio deve-se também à convicção de que o candidato Serra é o que tem melhor possibilidade de evitar um grande mal para o País.”
Leia o texto na íntegra a seguir:
Editorial: O mal a evitar
A acusação do presidente da República de que a Imprensa “se comporta como um partido político” é obviamente extensiva a este jornal. Lula, que tem o mau hábito de perder a compostura quando é contrariado, tem também todo o direito de não estar gostando da cobertura que o Estado, como quase todos os órgãos de imprensa, tem dado à escandalosa deterioração moral do governo que preside.
E muito menos lhe serão agradáveis as opiniões sobre esse assunto diariamente manifestadas nesta página editorial. Mas ele está enganado. Há uma enorme diferença entre “se comportar como um partido político” e tomar partido numa disputa eleitoral em que estão em jogo valores essenciais ao aprimoramento se não à própria sobrevivência da democracia neste país.
Com todo o peso da responsabilidade à qual nunca se subtraiu em 135 anos de lutas, o Estado apoia a candidatura de José Serra à Presidência da República, e não apenas pelos méritos do candidato, por seu currículo exemplar de homem público e pelo que ele pode representar para a recondução do País ao desenvolvimento econômico e social pautado por valores éticos. O apoio deve-se também à convicção de que o candidato Serra é o que tem melhor possibilidade de evitar um grande mal para o País.
Efetivamente, não bastasse o embuste do “nunca antes”, agora o dono do PT passou a investir pesado na empulhação de que a Imprensa denuncia a corrupção que degrada seu governo por motivos partidários. O presidente Lula tem, como se vê, outro mau hábito: julgar os outros por si. Quem age em função de interesse partidário é quem se transformou de presidente de todos os brasileiros em chefe de uma facção que tanto mais sectária se torna quanto mais se apaixona pelo poder.
É quem é o responsável pela invenção de uma candidata para representá-lo no pleito presidencial e, se eleita, segurar o lugar do chefão e garantir o bem-estar da companheirada. É sobre essa perspectiva tão grave e ameaçadora que os eleitores precisam refletir.
O que estará em jogo, no dia 3 de outubro, não é apenas a continuidade de um projeto de crescimento econômico com a distribuição de dividendos sociais. Isso todos os candidatos prometem e têm condições de fazer. O que o eleitor decidirá de mais importante é se deixará a máquina do Estado nas mãos de quem trata o governo e o seu partido como se fossem uma coisa só, submetendo o interesse coletivo aos interesses de sua facção.
Não precisava ser assim. Luiz Inácio Lula da Silva está chegando ao final de seus dois mandatos com níveis de popularidade sem precedentes, alavancados por realizações das quais ele e todos os brasileiros podem se orgulhar, tanto no prosseguimento e aceleração da ingente tarefa – iniciada nos governos de Itamar Franco e Fernando Henrique – de promover o desenvolvimento econômico quanto na ampliação dos programas que têm permitido a incorporação de milhões de brasileiros a condições materiais de vida minimamente compatíveis com as exigências da dignidade humana.
Sob esses aspectos o Brasil evoluiu e é hoje, sem sombra de dúvida, um país melhor. Mas essa é uma obra incompleta. Pior, uma construção que se desenvolveu paralelamente a tentativas quase sempre bem-sucedidas de desconstrução de um edifício institucional democrático historicamente frágil no Brasil, mas indispensável para a consolidação, em qualquer parte, de qualquer processo de desenvolvimento de que o homem seja sujeito e não mero objeto.
Se a política é a arte de aliar meios a fins, Lula e seu entorno primam pela escolha dos piores meios para atingir seu fim precípuo: manter-se no poder. Para isso vale tudo: alianças espúrias, corrupção dos agentes políticos, tráfico de influência, mistificação e, inclusive, o solapamento das instituições sobre as quais repousa a democracia – a começar pelo Congresso.
E o que dizer da postura nada edificante de um chefe de Estado que despreza a liturgia que sua investidura exige e se entrega descontroladamente ao desmando e à autoglorificação? Este é o “cara”. Esta é a mentalidade que hipnotiza os brasileiros. Este é o grande mau exemplo que permite a qualquer um se perguntar: “Se ele pode ignorar as instituições e atropelar as leis, por que não eu?”
Este é o mal a evitar.
25 de setembro de 2010
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Venezuela: resultado das eleições limita poder de Chávez
O presidente Hugo Chávez fez o maior número de cadeiras na Assembleia Legislativa, mas perdeu o que queria: a maioria qualificada, ou seja, 2/3 das cadeiras. Ele está com 96; e a oposição, com 61. Outro partido menor fez duas. Ainda faltam seis cadeiras para serem decididas, mas mesmo assim, ele não terá as 110 cadeiras necessárias. Para algumas decisões, como mudanças de leis e nomeação de juízes, é preciso 2/3.
Para se favorecer, ele fez alterações nas regras eleitorais, como sempre faz. O problema do Chávez é esse: cada vez que está em situação desfavorável, muda as regras do jogo para continuar ganhando. Com essas alterações, regiões do país onde ele tinha mais controle têm maior representação; mudou o número de representantes de um setor, diminuindo de outro, mais antichavista. As intenções de voto mostravam empate entre os dois lados, mas o governo fez mais cadeiras, mas não em número suficiente.
Se der um bom cenário, ele começa a ter limitação a seu poder, que é quase absoluto hoje, exatamente por essas mudanças sucessivas nas regras. Agora, quando perdeu a prefeitura de Caracas, fez alterações para tirar todos os poderes administrativos da capital. Esse é o temor em relação a ele, que estava lutando para manter os 2/3, mas perdeu. Terá de negociar, mas o que sabe é impor sua forma de governar.
A boa notícia é que a oposição, que cometeu o erro de boicotar as últimas eleições, compareceu. Num país onde o voto não é obrigarório, 70% dos eleitores foram votar.
É um bom resultado, porque limita um pouco os poderes de Hugo Chávez.
Fonte: CBN
Charge: Sonholz
Votos de protesto: o que acontece quando um cacareco assume o mandato
O campeão de votos nas eleições à Câmara Municipal de São Paulo em 1959 não estava entre os 540 candidatos inscritos para disputar as 45 vagas. Com 100.000 eleitores, um rinoceronte chamado Cacareco, hospedado no Jardim Zoológico da capital, conquistou 5.000 votos a mais que a legenda mais votada – o Partido Social Progressista (PSP).
Nas eleições de 2002, dos 4.298 candidatos que disputaram as 513 vagas na Câmara dos Deputados, o mais votado foi Enéas Carneiro, do Partido da Reedificação da Ordem Nacional (Prona). Com 33 segundos no horário eleitoral gratuito e o bordão “Meu nome é Enéas”, popularizado na eleição presidencial de 1989, sempre proferido aos brados, conquistou 1.573.112 votos, consagrando-se como o deputado mais votado da história do Brasil. Tanto Cacareco quanto Enéas foram contemplados pelo chamado voto de protesto.
Cacareco, uma fêmea de 900 quilos, vizinha de um elefante asiático no Jardim Zoológico da capital, teve a candidatura lançada pelo jornalista Itaborahy Martins, do jornal O Estado de S. Paulo. Insatisfeitos com o nível dos candidatos, os eleitores aderiram à ideia e algumas gráficas resolveram imprimir o nome do rinoceronte nas cédulas eleitorais – naquela época não havia voto eletrônico nem as cédulas oficiais, fornecidas pela Justiça Eleitoral. Com a avalanche de votos, vários mesários decidiram contá-los. As estimativas indicam que foram 100.000.
Em 2002, também cansados dos candidatos habituais, os eleitores transformaram Enéas no Cacareco do novo milênio. A barba exagerada, as frases de efeito e o tom de voz dois decibéis acima ganharam popularidade.
A diferença entre os dois cacarecos é que o primeiro continuou encarcerado no Jardim Zoológico. Já o candidato do Prona não só assumiu o mandato em 2003 como levou outros cinco deputados nas costas: o cardiologista Amauri Gasques (18.417 votos nominais), o professor Irapuan Teixeira (673), o clínico geral Elimar Damasceno (484), o advogado Ildeu Araújo (382) e o homeopata Vanderlei Assis (275). Com 127.638 votos, no entanto, o candidato Jorge Tadeu, do PMDB, não se elegeu.
A distorção acontece porque a eleição para deputados federais e estaduais no Brasil acontece pelo sistema proporcional. Mais do que a quantidade de votos recebidos por cada parlamentar, o que realmente determinará quem será eleito é o quociente eleitoral, ou seja, a soma de todos os votos recebidos por um partido dividida entre o número de candidatos desse partido. Assim sendo, o eleitor pode votar em um candidato e ajudar a eleger uma dezena de outros em quem jamais votaria.
Na Câmara, Damasceno, o deputado de 484 votos, entre outras propostas esdrúxulas, apresentou um projeto de lei que proibia transexuais de trocarem de nome. A tramitação do texto está parada. No mesmo ano, defendeu o suporte psicológico para os gays que “voluntariamente deixarem a homossexualidade”.
A proposta foi rejeitada por unanimidade. Teixeira, outro “candidato oculto” de Enéas, com seus 637 votos, propôs incluir a Bíblia na lista de livros obrigatórios para o Ensino Médio. Também quis obrigar os condenados a mais de 30 anos de prisão a doarem um dos órgãos duplos, como pulmões e rins, além de medula ou dois terços do fígado.
Neste ano, o cacareco da vez é o cantor e humorista Tiririca. No jargão político, esse tipo de candidato é chamado de “biombo” porque esconde quem são os outros deputados que pegarão carona na avalanche de votos direcionados àquela figura – na maioria das vezes – excêntrica.
Caso receba a quantidade de votos estimada (cerca de um milhão), Tiririca, que concorre a uma vaga na Câmara pelo PR, ajudará a reeleger, por exemplo, o deputado federal Valdemar Costa Neto, um dos protagonistas do escândalo do mensalão – o maior esquema de corrupção da história política republicana. A coligação ‘Juntos por São Paulo’, que inclui o PR, PT, PTdoB, PCdoB e PRB, conta ainda com outros três mensaleiros, José Genoíno, João Paulo Cunha e José Mentor, além de Devanir Ribeiro, acusado de ter recebido remessas de dinheiro sujo para reforçar o caixa das campanhas do PT em 2002. Outros cacarecos da aliança são Lula da Silva, sósia do presidente, e o compositor, cantor e humorista Juca Chaves.
Pelo PTN, o ex-pugilista Maguila, a apresentadora de TV Mulher Pêra, e um suposto tetraneto do Zumbi dos Palmares, Obamendes, tentam atrair votos para a legenda. A funkeira Tati Quebra-Barraco e o estilista Ronaldo Ésper fazem o mesmo pelo PTC, partido que em 2006 foi representado na Câmara pelo estilista Clodovil Hernandes. Esses são alguns exemplos de que, ao contrário do que prega o slogan de Tiririca (“Pior que tá não fica”), o Congresso pode, sim, ficar ainda pior.
Fonte: Veja
cHARGE:Padua
sábado, 25 de setembro de 2010
''Lula poderá ser um poder paralelo''
Merval Pereira lança o livro: O Lulismo no Poder, mostrando os oito anos do Governo de Lula. Leia abaixo a entrevista de Merval para o jornal O Estado de São Paulo:
A releitura de 372 artigos selecionados entre aqueles que publicou no jornal O Globo, entre junho de 2002 e junho de 2010, levou Merval Pereira à conclusão de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva instalou no poder um lulismo que marcará o governo nos próximos anos, com a eventual vitória do PT e de Dilma Rousseff.
Os artigos publicados no livro O Lulismo no Poder, a ser lançado terça-feira na Academia Brasileira de Letras, no Rio (Editora Record, 784 páginas, R$ 79,90), apresentam uma visão realista e, às vezes, profética do governo Lula, embora alguns deles tenham sido ultrapassados pelos acontecimentos. "Resolvi manter essas colunas porque mostram como se faz o jornalismo político no dia a dia."
Quais são os indícios de que o lulismo assumiu o poder?
Cito o aparelhamento do Estado, o Bolsa-Família e a política externa. Vê-se aí que há uma lógica nesse governo. A confusão entre público e privado sempre existiu no governo Lula. Com o escândalo do mensalão, descobriu-se que, antes de chegar à administração federal, o PT já tinha essa mistura nas prefeituras que comandava. Foi a mesma coisa no controle dos meios de comunicação. Desde o primeiro momento, o governo apareceu com várias propostas de controle, como o Conselho Nacional de Jornalismo e o projeto para controlar a cultura.
O ex-ministro José Dirceu tem o maior destaque em seu livro. Foi com ele que se desenvolveu o lulismo?
Esse é o período do mensalão, quando Lula ficou enfraquecido e quase caiu. Depois que se recuperou, ele acelerou o projeto. Dirceu era e é até hoje fortíssimo no PT. A saída do Dirceu fez com que o lulismo crescesse. Lula passou a ser a figura central. Antes, era o Palocci, era o Dirceu. Claro que Lula nunca foi uma figura decorativa, mas havia personagens que tinham autonomia no governo. A partir da saída desses dois, especialmente do Dirceu, o lulismo cresceu. Lula teve essa sorte, é um homem de sorte. Quando a crise do mensalão veio, começaram a vir também os efeitos dos programas assistencialistas, que transformaram Lula num mito no Nordeste.
Quem constrói o lulismo, os petistas ou também Lula?
Principalmente o Lula. Tem aí uma figura central que é o Patrus Ananias. Porque o Fome Zero/Bolsa-Família, do jeito que estava montado pela turma do Frei Betto, era um projeto de reforma estrutural, da estrutura do Estado. Frei Betto queria fazer comissões regionais sem políticos, para distribuição do Bolsa-Família, e a partir daí fazer educação popular. Era um projeto muito mais de esquerda, muito mais voltado para mudanças estruturais da sociedade. O Bolsa-Família hoje é um programa para manter a dominação do governo sobre esse povo necessitado. Patrus transformou-o num instrumento político espetacular, que foi o começo da força do lulismo.
Em fevereiro de 2004, sua coluna mostrava que Lula estava por baixo e que talvez fosse melhor ele desistir da reeleição para voltar em 2010. Isso mudou. Foi aí que o lulismo disparou?
Deixei no livro vários artigos que foram depois superados pelos fatos justamente para mostrar como é feito o jornalismo político, no dia a dia. Naquele momento, Lula estava morto. Eu me lembro de que, no PSDB, achavam que era só deixar o Lula sangrando até a eleição. Aí a coisa virou. Na recuperação, Lula foi em frente, viu que tinha um respaldo popular, que era muito menor do que hoje.
O lulismo continuaria sem o Lula no poder, com a eventual eleição de Dilma, ou supõe que o Lula voltaria mais tarde?
Eu achava antes que o Lula não ia querer voltar em 2014 e que ia ter uma vida política no exterior, abrir uma ONG ou um instituto, que ia andar pelo mundo fazendo palestras e sendo homenageado. Esse projeto furou um pouco, depois da crise com o Irã, depois das crises internacionais em que se meteu.
Lula então se voltaria mais para o Brasil?
Ele está reagindo muito mal à perspectiva de ficar fora do poder. Vai querer permanecer atuando, vai querer escolher ministros da Dilma, vai querer interferir. Isso previsivelmente provocará uma crise política. Dirceu já disse que a eleição da Dilma é um projeto do PT. Se Dilma for eleita, é por causa do Lula e não por causa do PT. Se o PT está querendo tomar conta do governo tanto quanto o Lula, vai dar confusão. E, se o Lula passar a viajar pelo País, a fazer comícios, será um poder paralelo no governo. Não sei como o PT vai reagir, como a Dilma vai reagir.
Fonte:Estadão 25/09/10
Depósitos comprovam propina paga a filho de Erenice
Documentos bancários em poder da Polícia Federal, obtidos ontem pelo Grupo Estado, confirmam que o filho da ex-ministra Erenice Guerra recebeu propina de R$ 120 mil seis dias depois de a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) conceder permissão de voo à Master Top Linhas Aéreas (MTA).
A polícia recebeu a documentação quinta-feira das mãos do empresário Fábio Baracat, que representava a MTA em Brasília. Pela primeira vez, documentos bancários comprovam o pagamento do lobby feito na Casa Civil. O escândalo derrubou Erenice Guerra da chefia da pasta.
Os papéis mostram ainda que Israel Guerra e seus sócios tentaram cobrar propina numa negociação para que a Infraero reduzisse, em fevereiro deste ano, uma multa de R$ 723 mil imposta à MTA por deixar um avião parado na pista por mais de 30 dias. O valor da propina, nesse caso, era de R$ 50 mil.
Fonte: O Estado de São Paulo 25/09/10
Charge: Sponholz
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Jabor e festival celebram um Rio que só existe em sonhos
Duas décadas depois de trocar o cinema pelo jornalismo, onde construiu uma bem-sucedida carreira como articulista conservador, Arnaldo Jabor mereceu a honra de exibir na noite de quinta-feira “Suprema Felicidade”, o filme que marca o seu retorno à sétima arte, na abertura do Festival de Cinema do Rio.
Foi uma noite de celebração de um Rio de Janeiro que não existe mais. E não apenas porque o filme de Jabor se passa entre as décadas de 40 e 50. A sessão de gala, com direito a tapete vermelho e “black-tie”, ocorreu no reformado Cine Odeon, isolado por grades dos mendigos e dos integrantes da equipe do “Pânico” que ocupavam a decadente Cinelândia.
Num esforço de afirmação que contrasta com o tamanho e a tradição do Rio, todos os patrocinadores do evento justificaram seus investimentos pelo fato de o festival ser “carioca”. Jabor, exilado em São Paulo, falou da sua percepção que a cidade vive uma “renascença cultural”. E completou: “Depois de 30 anos sendo governada por canalhas, corruptos e incompetentes”.
“Suprema Felicidade” constrói-se como um mosaico, a partir das vivências de um menino nascido no pós-guerra, filho de um militar autoritário e uma dona-de-casa frustrada. Estudante em um colégio de padres, vive a adolescência entre brigas de turmas, paixões platônicas e aventuras na zona. Sua principal referência é o avô, músico e boêmio.
“O mundo está muito pós-utópico”, disse Jabor antes da sessão. “Fui fazer um filme sobre uma coisa que eu conheço – eu mesmo”. “Jabor, você é foda”, uma mulher gritou da platéia neste momento.
Com requintes fellinianos, o Rio idealizado da infância de Jabor conta também com um gentil comprador de revistas e jornais velhos, um pipoqueiro que ensina piadas sacanas aos meninos, o onipresente mata-mosquitos, padres maliciosos, gente que dança na rua, prostitutas de todos os tipos (jovens e velhas, bonitas e feias, magras e gordas) e, até, um teatro de anões.
Há momentos sublimes, de grande beleza, em “Suprema Felicidade”. Cenas de impacto, construídas em registro operístico ou teatral, que mostram um Jabor em forma, sensível e afiado. Idem em algumas falas: “Ninguém é feliz, Paulinho. Com sorte, é alegre”, ensina o avô ao menino que protagoniza a história.
Mas são momentos e diálogos soltos, que não formam um conjunto consistente nem atraente. É difícil, em muitos momentos, compartilhar das lembranças de Jabor. Na sessão exclusiva para convidados da estréia, lotada, com gente sentada no chão, pelo menos três dezenas de espectadores deixaram o cinema antes do fim do filme.
Fonte: Estadão
Ame-me ou dane-se
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Lula no auge de seu Egocentrismo se acha acima de tudo e de todos, ninguém pode mais que ele, portanto qualquer crítica ou denúncia de irregularidades em seu governo é uma ofensa pessoal. Lulinha "Paz e amor"tá mostrando sua verdadeira face "odinho e ditador". Mas o povão que dá sua grande popularidade não entende nada do que está acontecendo o importante é rebolar ao som de Netinho, rir das piadas do Tiririca, libidinar-se com a Mulher Pera e depois arrepender-se cantando música gospel com o marido de Mara Maravilha.
Foto: capa do Jornal Extra do Rio de Janeiro
OAB defende a liberdade de imprensa contra a ofensiva do PT, Lula e Dilma.
O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, alertou em discurso na noite desta quinta-feira (23), no Rio de Janeiro, sobre os riscos correntes à liberdade de imprensa no Brasil. Durante evento de abertura do Colégio de Presidentes de Seccionais da OAB, Cavalcante demonstrou-se preocupado com a visão do governo sobre o papel dos meios de comunicação e dos profissionais que neles trabalham.
"Ataques à liberdade de imprensa são verberados, perigosamente, dentro do próprio governo, da figura do presidente da República, como se de repente jornalistas e formadores de opinião tomassem parte de uma conspiração eleitoral", afirmou. "[Os ataques] são, na verdade, um atentado ao estado de direito na medida em que a liberdade de imprensa é um bem fundamental à cidadania desse país e à democracia. Eu tenho certeza que mais do que isso, o mais importante é privilegiarmos e fortalecermos as instituições. Elas são muito maiores que os homens, sejam eles presidentes sejam eles de quaisquer condição social",
continuou. "A liberdade de imprensa é uma instituição da República, é um direito constitucional inegociável. Não será o ataque de uma autoridade ou de quem quer que seja que vai jogar por terra esse direito tão dificilmente conquistado", afirmou.
Ainda no discurso, o presidente da OAB lembrou os recentes "escândalos", como "casos de quebra de sigilo fiscal e financeiro com envolvimento de agentes públicos", assim como "denúncias sobre a existência de tráfico de influência e corrupção na esfera do poder, resultando no afastamento de uma ministra de Estado e na prisão de mais um governador", em referência à queda da ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, e à prisão do governador do Amapá, Waldez Goez.
"Por fim, acredito ser este o momento propício para diante de tãos maus exemplos advindos do sistema eleitoral partidário, rediscutir o nosso processo eleitoral interno, não deixando ser contaminados por práticas condenáveis e toda sorte de abusos", completou.
Fonte: G1
Charge: Duke
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Marina e Serra são preferidos na USP
Os candidatos à Presidência Marina Silva (PV) e José Serra (PSDB) são os preferidos dos alunos e professores da Universidade de São Paulo (USP), segundo pesquisa Datafolha, realizada em parceria com a Escola de Comunicação e Artes (ECA), divulgada nesta quarta (22).
No total, Marina tem 30% das intenções de voto, Serra 27%, Dilma 21%, e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), 7%. O levantamento, que entrevistou 1.014 pessoas em 29 faculdades ou institutos, mostra que Serra lidera na Faculdade de Economia e Admistração (FEA), Engenharia (Poli), Medicina e Direito.
Marina ganha na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, no Instituto de Matemática e Estatística e na Escola de Artes, Ciências e Humanidades. Dilma e Marina empatam na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e na ECA. A popularidade do presidente Lula, que na última pesquisa nacional atingiu 79%, ficou em 53% na
Fonte: Claudio Humberto 22/09/10
'Contenha seu entusiasmo pelo Brasil', diz colunista do 'Wall Street Journal'
Desde que o Brasil descobriu novas e promissoras reservas de petróleo na sua costa em 2007, o país parece ter abandonado várias reformas que deveriam deixá-lo em sintonia com sua ambição de conquistar um lugar entra as nações mais industrializadas do mundo.
É o que diz um artigo no Wall Street Journal nesta segunda-feira assinado por Mary Anastasia O'Grady, editora e colunista do jornal americano de finanças.
O texto, intitulado "Contenha seu entusiasmo pelo Brasil", questiona o otimismo manifestado no país sobre o sucesso das parcerias público-privadas na reinvenção "de um Brasil com sua nova riqueza".
O'Grady se refere em particular ao entusiasmo manifestado pelo empresário Eike Batista em uma recente passagem por Nova York.
Ela conta que Batista, apontado como o homem mais rico do Brasil e o oitavo mais rico do mundo pela revista Forbes, "encantou a plateia com seu entusiasmo, não apenas por seus próprios projetos no desenvolvimento da exploração de petróleo, de portos e de estaleiros, como também pelo seu país".
"Apesar dos muitos erros do passado, ele (Batista) disse que o Brasil mudou e está pronto para reclamar seu lugar de direito entre as nações industrializadas", escreve.
Mas a autora do artigo se diz "cética" quanto ao otimismo de Batista, e se pergunta se o resto do país também vai se beneficiar das oportunidades que se abriram para o empresário no setor de gás e petróleo.
"Quanto mais a elite do país fala sobre sua parceria público-privada para reinventar o Brasil com sua recém descoberta riqueza, mais soa como o mesmo velho corporativismo latino", diz ela.
O'Grady admite que o Brasil melhorou "em relação ao que era em meados da década de 90, quando hiperinflação alimentou caos nacional", e disse que "o crédito por controlar os preços vai para o ex-presidente de dois mandatos (Fernando) Henrique Cardoso, cujo governo implementou o Plano Real".
A autora minimiza o papel do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no comando do país, dizendo que "uma revisão de sua gestão revela que a melhor coisa que ele fez como chefe-executivo do país foi nada".
"Além da reforma da lei de falências e a melhoria da legislação relativa a seguros, ele (Lula) fez muito pouco."
A jornalista considera positivo que mudanças sejam gradativas, mas diz que "o problema é que desde que o Brasil descobriu petróleo abundante na costa em 2007, parece ter abandonado até as reformas modestas".
No artigo, ela sugere que faltam reformas que facilitem a operação de muitas empresas de pequeno e médio porte.
Citando um relatório do Banco Mundial de 2010, O'Grady diz que o Brasil não tem um bom histórico em relação à abertura de empresa, pagamento de impostos, contratação de funcionários e obtenção de alvará de construção.
Fonte: BBC 05/04/07
Charge: Sponholz e contraovento
Blogueiro ( Nassif ) que critica a mídia é contratado da EBC
A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) contratou há uma semana, sem licitação, os serviços do jornalista Luis Nassif por R$ 180 mil. O contrato terá vigência de seis meses. Foi assinado pela presidente da estatal, Tereza Cruvinel, no dia 16 e publicado na segunda-feira no Diário Oficial da União.
Nassif foi contratado, segundo a EBC, para prestar serviços de "entrevistador e comentarista" para o telejornal Repórter Brasil e o Programa 3 a 1.
Desde terça-feira, o jornalista tem destacado em seu blog informações em defesa do protesto contra a imprensa marcado para hoje a partir das 19 horas no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Nassif é do conselho consultivo do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, que integra a organização do protesto, intitulado "Contra o Golpismo Midiático e em Defesa da Democracia". Movimentos sociais de apoio ao governo, como centrais sindicais e a UNE, já manifestaram adesão ao movimento.
A EBC informou que o jornalista foi contratado porque a legislação "prevê a dispensa de licitação para pessoas ou empresas de notória especialização".
Nassif fechou um novo acordo depois de ter expirado, em julho, o contrato de R$ 1,2 milhão que tinha para fazer o programa Brasilianas.
Nassif disse que sua contratação sem licitação se deve ao fato de o contrato ter como objetivo um "trabalho intelectual", com "pessoas com reputação em sua área e reconhecimento público, que ajudam a reforçar a cara da emissora". "Em relação à minha área - comentários econômicos -, há muitos e muitos anos fico entre os três jornalistas mais votados (no prêmio Comunique-se) na categoria jornalismo de economia, mídia eletrônica, além dos prêmios que recebi como jornalista de economia da mídia impressa", afirmou.
Fonte: Estadão 23/09/10
Quem é Hélio Bicudo
Você sabe quem é Hélio Bicudo? foi um dos fundadores do PT. Mas hoje não concorda com essas atitudes das lideranças petistas de ataques a imprensa e outras instituições democráticas.
Hélio Pereira Bicudo (Mogi das Cruzes, 5 de julho de 1922), é um jurista e político brasileiro. Militante dos Direitos Humanos.
Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, turma de 1947.
Como Procurador de Justiça no Estado de São Paulo, destacou-se, juntamente com o então Promotor de Justiça Dirceu de Mello, no combate ao Esquadrão da Morte.
Durante o governo Carvalho Pinto, em São Paulo, foi o primeiro presidente das Centrais Elétricas de Urubupungá - Celusa, construtora das usinas de Jupiá e de Ilha Solteira.
Foi ministro interino da Fazenda no governo João Goulart, substituindo Carvalho Pinto de 27 de setembro a 4 de outubro de 1963.
Foi secretário dos Negócios Jurídicos do município de São Paulo na gestão de Luíza Erundina de 1989 a 1990 e deputado federal.
Em 1986 foi candidato ao senado pelo PT, ficando em terceiro lugar, atrás dos eleitos Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso, ambos do PMDB.
Em fevereiro de 2000, foi empossado como presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, com sede em Washington. É o terceiro brasileiro a ocupar a presidência da entidade.
Foi vice-prefeito de São Paulo de 2001 a 2004, durante a gestão de Marta Suplicy.
Criou e preside a Fundação Interamericana de Defesa dos Direitos Humanos (FidDH), entidade que atua junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos denunciando e acompanhado casos de desrespeito aos Direitos Humanos no Brasil.
Fonte: Wikipédia
Após ataques de Lula, juristas lançam 'Manifesto em Defesa da Democracia'
Hélio Bicudo lendo o Manifesto em frente a Faculdade de Direito São Francisco
Juristas que marcaram sua trajetória na luta pela preservação dos valores fundamentais lançaram ontem nas Arcadas do Largo de São Francisco, em São Paulo, o Manifesto em Defesa da Democracia, com críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O palco para o ato público foi o mesmo onde, há 33 anos, o jurista Goffredo da Silva Telles leu a Carta aos Brasileiros, contra a tirania dos generais.
O agravo em 43 linhas condena o presidente Lula, que, na reta final da campanha à sua sucessão, distribui hostilidades à imprensa e faz ameaças à liberdade de expressão e à oposição.
Uma parte do pensamento jurídico e acadêmico do País que endossou o protesto chamou Lula de fascista, caudilho, autoritário, opressor e violador da Constituição. O presidente foi comparado a Benito Mussolini, ditador da Itália nos anos 30. "Na certeza da impunidade (Lula), já não se preocupa mais nem mesmo em valorizar a honestidade. É constrangedor que o presidente não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas 24 horas do dia", disse Hélio Bicudo, fundador do PT, do alto do púlpito da praça, ornada com duas bandeiras do Brasil.
Sob o sol forte do meio-dia, professores, sociólogos, economistas, intelectuais, escritores, poetas, artistas, advogados e também políticos tucanos cantaram o Hino Nacional. Muitos dos presentes ao ato público de ontem estavam no mesmo local em agosto de 1977 para subscrever a Carta aos Brasileiros.
Fonte: Estadão 23/09/10
P.S. eu estava lá!!!
Manifesto em Defesa da Democracia
Em uma democracia, nenhum dos Poderes é soberano.
Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo.
Acima dos políticos estão as instituições, pilares do regime democrático. Hoje, no Brasil, os inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democrático.
É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais.
É inaceitável que a militância partidária tenha convertido os órgãos da administração direta, empresas estatais e fundos de pensão em centros de produção de dossiês contra adversários políticos.
É lamentável que o Presidente esconda no governo que vemos o governo que não vemos, no qual as relações de compadrio e da fisiologia, quando não escandalosamente familiares, arbitram os altos interesses do país, negando-se a qualquer controle.
É inconcebível que uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo hipócrita, que, na certeza da impunidade, já não se preocupa mais nem mesmo em fingir honestidade.
É constrangedor que o Presidente da República não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas vinte e quatro horas do dia. Não há “depois do expediente” para um Chefe de Estado.
É constrangedor também que ele não tenha a compostura de separar o homem de Estado do homem de partido, pondo-se a aviltar os seus adversários políticos com linguagem inaceitável, incompatível com o decoro do cargo, numa manifestação escancarada de abuso de poder político e de uso da máquina oficial em favor de uma candidatura.
Ele não vê no “outro” um adversário que deve ser vencido segundo regras da Democracia , mas um inimigo que tem de ser eliminado.
É aviltante que o governo estimule e financie a ação de grupos que pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa, propondo mecanismos autoritários de submissão de jornalistas e empresas de comunicação às determinações de um partido político e de seus interesses.
É repugnante que essa mesma máquina oficial de publicidade tenha sido mobilizada para reescrever a História, procurando desmerecer o trabalho de brasileiros e brasileiras que construíram as bases da estabilidade econômica e política, com o fim da inflação, a democratização do crédito, a expansão da telefonia e outras transformações que tantos benefícios trouxeram ao nosso povo.
É um insulto à República que o Poder Legislativo seja tratado como mera extensão do Executivo, explicitando o intento de encabrestar o Senado. É um escárnio que o mesmo Presidente lamente publicamente o fato de ter de se submeter às decisões do Poder Judiciário.
Cumpre-nos, pois, combater essa visão regressiva do processo político, que supõe que o poder conquistado nas urnas ou a popularidade de um líder lhe conferem licença para rasgar a Constituição e as leis.
Propomos uma firme mobilização em favor de sua preservação, repudiando a ação daqueles que hoje usam de subterfúgios para solapá-las. É preciso brecar essa marcha para o autoritarismo.
Brasileiros erguem sua voz em defesa da Constituição, das instituições e da legalidade.
Não precisamos de soberanos com pretensões paternas, mas de democratas convictos.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Oposição critica ato contra a mídia apoiado pelo PT
Líderes da oposição criticaram a iniciativa, convocada por uma ONG, com o apoio do PT e de centrais sindicais, de se organizar um ato de protesto contra a imprensa, sob o pretexto de que estaria em curso no País um chamado processo de "golpismo midiático". O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, classificou a iniciativa como um atentado contra a liberdade de pensamento.
"Eu vejo uma coisa fascista", disse Serra. "Esse pessoal quer a liberdade de palavra para a turma deles. Como todo pessoal autoritário, tem toda a liberdade pra dizer o que pensa quem é cupincha. Quem for independente tem que ser perseguido."
Ontem, por meio de seu site na internet, o PT convocou militantes e simpatizantes a participarem do ato, que deve ser realizado amanhã, na sede do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. "Centrais sindicais e movimentos sociais preparam a realização de um manifesto público contra a baixaria nas eleições e contra o golpismo midiático", diz o texto do site.
Para o presidente do PPS, Roberto Freire, o "objetivo do PT, ao usar movimentos sociais como correia de transmissão de seus interesses, não é outro senão transformar aquele que sofreu agressão em agressor, a vítima, em algoz". "A inversão de papéis e de valores é uma marca registrada no governo Lula e de dona Dilma."
Em nota, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, repudiou a iniciativa. "A convocação de um ato destinado a esse fim explicita a vocação autoritária desses apoiadores. Querem uma imprensa e uma opinião pública subordinadas." O texto também diz que, ao falar em golpismo midiático, os organizadores do encontro se preparam para "tentar tirar a legitimidade de uma vitória de José Serra". "Ao convocar um ato para intimidar a imprensa, têm a cara de pau de evocar a democracia, quando o que querem é abalar um de seus pilares: a liberdade de expressão e de informação."
Oficialmente o encontro foi organizado pelo Centro de Mídia Alternativa Barão de Itararé, organização criada em maio e que teria como principal objetivo lutar pela "democratização dos meios de comunicação". Seu principal dirigente é o jornalista Altamiro Borges, do PC do B, um dos partidos da base de apoio do governo Lula e integrante da coligação de Dilma Rousseff (PT).
"Não vamos fazer um ato contra a liberdade de imprensa. Nós vamos fazer um ato em defesa da liberdade de expressão, em defesa da legitimidade do voto popular e em defesa da democracia", disse ele ao Estado.
De acordo com a organização do encontro, deverão participar representantes de quatro centrais sindicais, da UNE e de partidos que apoiam Dilma. O presidente do Sindicato dos Jornalistas, José Camargo, disse que não tem responsabilidade em relação ao evento e que apenas cedeu o lugar. "O espaço foi solicitado para um debate sobre a cobertura dos grandes veículos."
Fonte: Estadão 22/09/10
Charge: Sponholz
A elite que Lula não suporta
do Editorial do Estado de São Paulo
Nas encenações palanqueiras em que o presidente Lula invariavelmente se apresenta como o protagonista da obra de criação deste país maravilhoso em que hoje vivemos, o papel de antagonista está sempre reservado às "elites". Durante mais de 500 anos, as elites mantiveram o Brasil preso aos grilhões do subdesenvolvimento e da mais perversa injustiça social. Aí surgiu Lula, o intimorato, e em menos de oito anos tudo mudou. Simples assim.
Com essa retórica maniqueísta, sem o menor pudor Lula alimenta no eleitorado de baixa renda e pouca instrução - seu público-alvo prioritário - o sentimento difuso de que quem tem dinheiro e/ou estudo está do "outro lado", nas hostes inimigas. Mas a verdade é que o paladino dos desvalidos nutre hoje uma genuína ojeriza por uma, e apenas uma, categoria especial de elite: a intelectual, formada por pessoas que perdem tempo com leituras e que por isso se julgam no direito de avaliar criticamente o desempenho dos governantes. Por extensão, uma enorme ojeriza à imprensa.
Com todas as demais elites Sua Excelência já resolveu seus problemas. Está com elas perfeitamente composto, afinado, associado, aliado e, pelo menos em outro caso específico, o das oligarquias dos grotões maranhenses, alagoenses, amapaenses e que tais, acumpliciado.
Até por mérito do próprio governo na condução da economia (nem sempre a imprensa ignora os acertos do poder público...), os ventos favoráveis que hoje, de modo geral, embalam o mundo dos negócios, muito especialmente os negócios financeiros, não permitem imaginar que o "poder econômico" considere Lula um inimigo ou uma ameaça e vice-versa. É claro que em público o jogo de cena é mantido, com ataques, sob medida para cada plateia, aos eternos inimigos do povo.
Mas na intimidade o presidente se vangloria, em seus cada vez mais frequentes surtos apoteóticos, de que hoje o poder econômico, nacional e multinacional, está submisso à sua vontade. Não é, portanto, essa elite que tem em mente nas diatribes contra os malvados que conspiram contra sua obra redentora.
A revelação de seu verdadeiro alvo Lula oferece cada vez que abre a boca. Como no dia 18, em Juiz de Fora: "Essa gente não nos perdoa. Basta que você veja alguns órgãos e jornais do Brasil (...) Porque na verdade quem faz oposição neste país é determinado tipo de imprensa. Ah, como inventam coisa contra o Lula. Olha, se eu dependesse deles para ter 80% de aprovação neste país eu tinha zero. Porque 90% das coisas boas deste país não é mostrado (sic)."
Então é isto. Imprensa que fala mal do governo não presta, extrapola os limites da liberdade de informar. Não é mais do que um instrumento de dominação das elites.
Assim, movido por sua arraigada tendência ao autoritarismo messiânico que é a marca de sua trajetória na vida pública, Lula parece cada vez mais confortável na posição de dono de um esquema de poder que almeja perpetuar para alegria da companheirada. Um modelo populista, despolitizado, referendado pela aprovação popular a resultados econometricamente aferíveis, mas que despreza valores genuinamente democráticos de respeito à cidadania, coisa que só interessa à "zelite".
Tudo isso convivendo com a prática mais deslavada do patrimonialismo, coronelismo, clientelismo, tráfico de influência, cartorialismo, aparelhamento e tudo o mais que Lula e seu PT combateram vigorosamente por pouco mais de 20 anos, para depois transformar em seu programa de governo. E em toda essa mistificação o repúdio às elites é a palavra de ordem e a imprensa, o grande bode expiatório.
O diagnóstico seguinte foi feito, com as habituais competência e sutileza, por um dos mais notórios fantasmas de Lula, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em entrevista publicada no Estado de domingo: "Achei que (Lula) fosse mais inovador, capaz de deixar uma herança política democrática, mostrando que o sentimento popular, a incorporação da massa à política e a incorporação social podem conviver com a democracia, não pensar que isso só pode ser feito por caudilhos como Perón, Chávez, etc. (...) Mas Lula está a todo instante desprezando o componente democrático para ficar na posição de caudilho." Falou e disse.
Fonte: Estadão 22/09/10
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Testa de ferro do dono da empresa aérea perde cargo de direção na ECT
O governo decidiu demitir o diretor de Operações dos Correios, coronel-aviador Eduardo Artur Rodrigues, que assumiu o cargo em 2 de agosto por indicação de Roberto Teixeira, advogado compadre de Lula e nomeado por decisão da ex-ministra-chefe da Casa Civil Erenice Guerra.
Rodrigues esteve todo o tempo no centro da crise, como testa de ferro do empresário argentino Alfonso Conrado Rey, verdadeiro dono da empresa Master Top Linhas Aéreas (MTA), beneficiada pelo tráfico de influência de Israel Guerra, filho de Erenice, a seu favor.
A identidade de Rey foi revelada nesta coluna, da 14 passado. A MTA ganhou contrato de R$ 59,8 milhões para trasportar cargas dos Correios logo após a posse de Rodrigues na diretoria de Operações da ECT. Segundo revelou ojornal O Estado de S. Paulo neste domingo, Artur faz parte de um grupo de executivos e advogados que tem uma rede de empresas de fachada espalhadas pelo Uruguai, EUA e Brasil.
Rey mora em Miami e esteve no Brasil para a posse de Rodrigues. Eles movimentam dinheiro para um casal de laranjas brasileiros, como provam documentos do Banco Central, e trabalham para fazer da MTA o embrião da empresa de logística e carga aérea que o governo Lula promete criar após as eleições
Fonte: Claudio Humberto 19/09/10
TCU e Anatel favoreceram marido de Erenice
Unicel, empresa de telefonia celular que teve o marido da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra, José Roberto Camargo Campos, como diretor, teve ajuda do Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e o Tribunal de Contas da União (TCU) na obtenção de licença para operar telefonia móvel via rádio, também chamado de Serviço Móvel Especializado. Os dois colegiados votaram favoravelmente à concessão da licença para a Unicel, contrariando parecer de suas respectivas áreas técnicas.
Andre Dusek/AEEm família. Marido da ex-ministra não comentou o caso
A Unicel só não conseguiu a licença até agora, apesar da boa vontade, por razões burocráticas. Houve mudança no quadro societário da empresa, de forma que o processo passa por uma nova avaliação na Anatel. A agência está verificando a capacidade técnica e, se não houver impedimento legal, a Unicel poderá iniciar seus serviços de rádio. Hoje, ela opera telefonia celular convencional na cidade de São Paulo e região metropolitana.
O conselheiro da Anatel Jarbas Valente disse ao Estado que sempre foi contra a concessão da licença do SME para a Unicel. Na época do pedido, 2005, ele integrava a área técnica da agência reguladora, que fez parecer contrário. Essa posição não foi modificada, ao contrário do que informou a "Veja" desta semana. "Nunca mudamos nossa posição em uma vírgula", disse. Segundo a revista, Valente teria revisto seu voto e por isso teria ganho o cargo de conselheiro da Anatel. Ele negou, argumentando que ganhou o cargo este ano.
Valente explicou que, em 2005, a Anatel decidiu fazer uma consulta às operadoras de serviços de telecomunicações sobre interesse em operar novas faixas de frequência, ou seja, oferecer novos serviços. Em vez de manifestar seu interesse, a Unicel entrou direto com um pedido de outorga, o que foi considerado irregular pelos técnicos.
Mesmo com o alerta da área técnica de que o pleito da operadora era improcedente, o Conselho Diretor da agência aprovou a outorga para a Unicel por quatro a um. Diante do impasse, o processo foi enviado para a área técnica do TCU, que fez análise similar à da área técnica da agência, ou seja, contra a outorga. Surpreendentemente, porém, o julgamento do plenário do TCU desconsiderou as análises e deu o aval para o prosseguimento.
Há outro processo que envolve a concessão de outorgas de Serviço Móvel Pessoal (SMP) para a Unicel em São Paulo. Segundo Valente, o impasse nessa questão foi a não aceitação, por parte da comissão de licitação, das garantias financeiras apresentadas pela Unicel. O marido da ex-ministra foi procurado, mas não foi encontrado.
PARA LEMBRAR
Ex-ministra pediu demissão na quinta-feira
Na semana passada, reportagem da revista Veja revelou que Israel Guerra, filho da então ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, faria parte de um esquema de tráfico de influência no governo em troca de pagamento de comissão. Ele teria operado, pelo menos, a concessão de um contrato de R$ 84 milhões para um empresário do setor aéreo com negócios com os correios.
Um servidor que estaria envolvido, Vinícius Castro, foi demitido na segunda-feira. Nos dias seguintes, novas denúncias apontavam que outros parentes de Erenice também estariam envolvidos no esquema. Na quinta-feira, dia 16, Erenice pediu demissão
Fonte: Estadão 20/09/10
Charge: Nani
domingo, 19 de setembro de 2010
Maioria das famílias tem dificuldade em fazer renda chegar ao fim do mês
Mais de 75% das famílias brasileiras dizem ter pelo menos alguma dificuldade de fazer a renda “‘chegar ao fim do mês”. De acordo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 17,9% têm muita dificuldade em chegar ao fim do mês.
Na outra ponta, cerca de 25% das famílias relataram ter algum grau de facilidade para alcançar o mesmo objetivo, segundo informações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF). O dado é considerado uma medida de bem-estar da população. Do total das famílias, apenas 1% diz ter “muita facilidade” em concluir o mês.
Das famílias que alegaram ter muita dificuldade, 64,2% viviam com até três salários mínimos de renda mensal familiar. Entre as famílias com renda entre 3 e 6 salários, 24,2% apontaram o mesmo. Das famílias com renda acima de 15%, 2,1% relataram ter muita dificuldade em chegar ao fim do mês.
Fonte: G1 17/09/10
Charge: Santo
sábado, 18 de setembro de 2010
Forrest Lula
Por Wagner Valente
Resumo do governo Lula
- Todos conhecem o filme "Forrest Gump", que narra a história de um imbecil que sobe na Vida auxiliado por circunstâncias a ele, absurdamente, favoráveis. Nós brasileiros temos aqui o nosso "Forrest Lula", pelas razões que apresento abaixo:
1-) Lula pensa que chegou à Presidência do Brasil pela sua competência; mas, conseguiu tal proeza por uma junção entre sua "persistência malufiana" e o "mudancismo" do eleitor, que SÓ pelo desejo de Mudar, nem se sabe o quê, vota alternadamente em candidatos como Maluf, Collor e depois em Lula & Companhia.
2-) Lula pensa que é respeitado no Exterior; mas, não passa de uma "Curiosidade Zoológica", como o mico-leão dourado. A "esquerda" romântica de lá acha lindo um operário do Terceiro Mundo ter virado Presidente.... se ele é competente ou não, o terceiro mundo que se dane.. Mais ridículo do que ele próprio, é o fato dele acreditar que é "O CARA" (para Nós "DE PAU").
3-) Lula pensa que somos idiotas ao dizer que fez Novos Programas Sociais como o Bolsa-Família, que é o EX-Bolsa Escola (retificado para PIOR, pois antes era direcionado à EDUCAÇÃO das Crianças Pobres Brasileiras e hoje incentiva o aumento da natalidade, com consequente Crescimento da Pobreza Nacional), já existente durante o Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso. De concreto, o que ele fez MESMO, foi proteger os "terroristas sem-terra" (do MST) e transformar o Bolsa-Escola em Bolsa-Esmola.
4-) Lula pensa que faz sucesso com a Imprensa; mas, na verdade contou apenas com uma Imprensa domesticada e cordial, pelo menos até os recentes escândalos.
5-) Lula pensa que não existe ninguém que possa questioná-lo, tanto em Ética, quanto em Política; mas, isso só acontece porque ele nunca se expôs a entrevistas coletivas sérias, com jornalistas especializados, onde teria que dar uma satisfação objetiva de seu desempenho como Presidente do Brasil.
6-) Lula pensa que é "imune" a essa Crise Econômica Mundial, porque seu percentual de aprovação ainda é alto; mas, vamos lembrar que a maioria dos Brasileiros, infelizmente, não tem EDUCAÇÃO, nem CULTURA. Aqueles que ainda confiam nele são tão ignorantes quanto ele; por isso, não sabem o que, realmente, acontece e são facilmente enganados e manipulados.
7-) Lula pensa que é o responsável pelo sucesso da Política Econômica Brasileira; mas, isso se deve única e exclusivamente à manutenção da Diretriz Econômica Programada durante o Governo do Presidente Fernando Henrique, que nomeou Henrique Meirelles como Presidente do Banco Central do Brasil e que, Graças a DEUS, está lá até hoje.
8-) Lula pensa que foi responsável pelo aumento das exportações brasileiras; mas, isso somente aconteceu como consequência de uma série de Fatores Anteriores ao seu governo, MAIS as circunstâncias favoráveis do Cenário Internacional.
9-) Lula pensa que não sofrerá o "Impeachment", porque está acima de TUDO o que acontece no Cenário Político Nacional, embora Collor tenha sido defenestrado por muito menos. Na Verdade, ele somente vai ficar na Presidência do Brasil porque não interessa a ninguém transformá-lo em Mártir, dando-lhe a chance de retornar à Política como Herói, futuramente.
Wagner Valenti (Professor do Departamento de Biologia Aplicada da USP) é um Ótimo Professor de Biologia, pois mostrou que entende BEM de Moluscos, Vermes e Parasitas. Existe um determininismo biológico, que JAMAIS devemos esquecer....
o Autor é Docente da Universidade de São Paulo onde, via de regra, a grande maioria de seus alunos e funcionários é de "Esquerda", festiva e eleitora do Lula.
Fonte: Blog do Dr.Marco Sobreira
Mensagem de um Diplomata
Por Ozires Silva
Acordei hoje com um pensamento fixo: "Preciso escolher meu candidato à Presidência da República." Mas, votar em quem??? O primeiro pensamento foi: NÃO VOTAREI NA DILMA!!! Mas por quê? Seria por causa do Lula?
Quando lembro-me do Lula, tenho uma certa aversão, mas aí vem o pensamento: "Como posso ter aversão a um presidente que na última pesquisa teve 81,7% de aprovação pelo povo brasileiro? (Fonte: "Jornal A Folha de São Paulo"). Comecei a imaginar que o problema está em mim e não no Presidente Lula".
Pensei até que esta aversão poderia ser pela lembrança de minha adolescência quando via as reportagens de um Lula, um pouco "descabelado" sobre um caminhão ou palanque, com uma grande barba negra, gritando... E como comecei a pensar no passado, resolvi analisar parte da história, onde grandes países que também passavam por grandes desigualdades, fomes e crises, elegeram um presidente de partidos populares, vindo normalmente do povo sofrido.
Iniciei analisando a grande potência do início do século XX, a Rússia. Em fevereiro de 1917, na Revolução Russa, houve a queda da autocracia do Czar Nicolau, o último Czar a governar, e procuraram estabelecer em seu lugar uma república de cunho liberal. Já em novembro de 1917, houve a Revolução de Outubro, na qual o Partido Bolchevique, liderado por Bu Abuláh, derrubou o governo provisório e impôs o governo socialista soviético.
Os Bolcheviques eram considerados a maioria, que pretendiam a implantação definitiva do socialismo na Rússia através de reformas radicais com o apoio do proletariado. Este grupo era formado por uma facção do Partido Operário Social-Democrata Russo liderada por Vladimir Lenin.
As primeiras medidas tomadas pelo novo governo foram a reforma agrária(com a distribuição de terras aos camponeses), a nacionalização dos bancos e fábricas, (sendo que a direção destas últimas foi entregue aos operários) e a saída da guerra. Ao retirar-se do conflito, a Rússia assinou com a Alemanha a Paz de Brest-Litovsk, entregando aos alemães algumas regiões russas. Nesta tomada do poder, Lenin tinha uma popularidade positiva de 89% e assim ele fundou e implantou o Comunismo na Rússia e exportou para outras nações posteriormente, como Cuba, China e Coréia do Norte (fonte: Os Bolcheviques - Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre).
Continuando na história chegamos a década de 30.
Olhando para outro país que passava por crises, principalmente por ter perdido uma guerra (1ª guerra mundial), a Alemanha vê um homem, vindo do povo e com apoio de um partido popular, um grande líder. É pouco provável que algum dirigente político do século 20 tenha igualado o grau de popularidade alcançado por Adolf Hitler (1889-1945) na Alemanha, nos dez anos que se seguiram a sua chegada ao poder, em 30 de janeiro de 1933. O apoio da população ao Partido Nazista era tímido se comparado à veneração dos alemães por seu líder máximo, que tinha 92% de popularidade enquanto governava a Alemanha (fonte: "Livro Hitler, 1889-1936, e Hitler, 1936-1945, Ian Kershaw, W.W. Norton, 1998 e 2000"). O culto ao mito exerceu um papel determinante no funcionamento do Terceiro Reich e na aterradora dinâmica do nazismo. Adorado pelo povo, adulado por seus subordinados e temido no resto da Europa, Hitler entrou para a História como a encarnação da barbárie, o artífice do Holocausto, o símbolo de um dos regimes mais horrendos já conhecidos da humanidade.
Na mesma época, outra nação passava por insatisfação com os resultados do final da 1ª guerra mundial, crescente insatisfação popular por alto índice de inflação, empobrecimento do povo, desemprego e fome. Então surge do meio do povo um líder, vindo da guerra e com um partido com objetivo de ter um governo forte e autoritário. Benito Mussolini, junto com seu partido, o Partido Nacional Fascista. No poder, Mussolini alcançou da popularidade de 77% na Itália (fonte: Benito Mussolini - Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre).
Bem, sou apaixonado por História, pois aprendi que quem não conhece História não é capaz de construir um grande futuro, e nós temos que sempre analisar todos os pontos possíveis quando nos propusermos a tomar uma decisão importante como votar para presidente da república.
Cheguei à conclusão de que minha aversão ao Lula tem fundamento, baseado no modo autoritário de governar. Em uma entrevista, quando ele é punido pelo STE por fazer campanha antes do tempo para sua candidata, afirma que não concorda em obedecer a juízes. Mostrando em sua fala que é contra a democracia.
E analisando nossos candidatos, não creio que temos muitas escolhas, infelizmente, mas creio que posso contribuir para que o Brasil não seja, no futuro próximo, mais um país governado por alguém eleito pelo povo humilde, que coloca suas esperanças nas mãos de alguém que promete muito, sem condições de cumprir nem 10%. E minha preocupação aumenta, quando vejo que a segurança do povo, a maior instância do poder judiciário, pode ter sua credibilidade contestada.
Estou falando o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, que é composto por juízes elevados ao posto de ministros. Esses ministros são indicados pelo Presidente da República e se forem aprovados pelo Congresso, assumem uma cadeira no lugar de quem se aposenta ou morre. Dos 11, temos uma indicação ainda do Sarney, uma do Fernando Collor de Melo e duas do Fernando Henrique Cardoso e SETE do Presidente Lula.
O Supremo Tribunal Federal (STF) é a mais alta instância do Poder Judiciário do Brasil e acumula competências típicas de Suprema Corte e Tribunal Constitucional. Sua função institucional principal é de servir como guardião da Constituição Federal.
Mais quatro anos no poder, sendo o guia de uma mulher que parece uma marionete, podemos ter um STF totalmente indicado por eles e os nossos olhos e voz, nos jornais não comprometidos com o governo, poderão ser fechados e calados, como está atualmente o jornal O Estado de São Paulo e Diário do Grande ABC que, por ordem do STF, não podem falar de nenhum aliado do governo.
Lula olha para Dilma nos palanques e aponta o dedo dizendo: CONTINUIDADE! CONTINUIDADE! (Fonte: Jornal de Pé de Figueira de11/08/2010 com a matéria: A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff afirmou, em seu primeiro comício em Minas Gerais ao lado do presidente Lula, que vai fazer de seu governo uma continuação da atual gestão).
Continuidade da política da fome, onde ele pegou a idéia do governo anterior, a chamada Bolsa Escola, que concedia às famílias uma ajuda por enviar o filho a escola, tirando a criança do analfabetismo e suprindo assim a necessidade do seu trabalho infantil, e a transformou na Bolsa Família, que dá o dinheiro, independente da criança frequentar a escola. Assim, o pai recebe e ainda obriga o filho a trabalhar, não educando as crianças e aceitando as migalhas lançadas pelo governo.
Continuidade da ânsia pelo poder, mesmo fazendo alianças com grandes inimigos como Sarney, Renan Calheiros, Fernando Collor de Melo, como relatou o Jornal Nacional 09/08/2010.
Um país sem Educação, não pode ter senso crítico e ter condições de analisar o que é melhor para todos. Sem educação, você não conseguiria ler esta matéria, seu mundo seria reduzido. Sem educação, você viveria com uma mísera bolsa família e pediria para todos seus amigos e familiares votarem em quem lhe proporciona essa esmola.
Em quem vou votar???
Meu voto é secreto e não divulgarei, mas posso afirmar, NÃO VOTAREI NA DILMA!!!
Ozires Silva Foi Embaixador em vários países e se destacou pela sua cultura, realmente diferenciada.
Fonte: Blog do Dr. Marco Sobreira
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Ferreira Gullar branda: Vamos errar de novo?
Por Ferreira Gullar
FAZ MUITOS ANOS já que não pertenço a nenhum partido político, muito embora me preocupe todo o tempo com os problemas do país e, na medida do possível, procure contribuir para o entendimento do que ocorre. Em função disso, formulo opiniões sobre os políticos e os partidos, buscando sempre examinar os fatos com objetividade.
Minha história com o PT é indicativa desse esforço por ver as coisas objetivamente. Na época em que se discutia o nascimento desse novo partido, alguns companheiros do Partido Comunista opunham-se drasticamente à sua criação, enquanto eu argumentava a favor, por considerar positivo um novo partido de trabalhadores. Alegava eu que, se nós, comunas, não havíamos conseguido ganhar a adesão da classe operária, devíamos apoiar o novo partido que pretendia fazê-lo e, quem sabe, o conseguiria.
Lembro-me do entusiasmo de Mário Pedrosa por Lula, em quem via o renascer da luta proletária, paixão de sua juventude. Durante a campanha pela Frente Ampla, numa reunião no Teatro Casa Grande, pela primeira vez pude ver e ouvir Lula discursar.
Não gostei muito do tom raivoso do seu discurso e, especialmente, por ter acusado “essa gente de Ipanema” de dar força à ditadura militar, quando os organizadores daquela manifestação -como grande parte da intelectualidade que lutava contra o regime militar- ou moravam em Ipanema ou frequentavam sua praia e seus bares. Pouco depois, o torneiro mecânico do ABC passou a namorar uma jovem senhora da alta burguesia carioca.
Não foi isso, porém, que me fez mudar de opinião sobre o PT, mas o que veio depois: negar-se a assinar a Constituição de 1988, opor-se ferozmente a todos os governos que se seguiram ao fim da ditadura -o de Sarney, o de Collor, o de Itamar, o de FHC. Os poucos petistas que votaram pela eleição de Tancredo foram punidos. Erundina, por ter aceito o convite de Itamar para integrar seu ministério, foi expulsa.
Durante o governo FHC, a coisa se tornou ainda pior: Lula denunciou o Plano Real como uma mera jogada eleitoreira e orientou seu partido para votar contra todas as propostas que introduziam importantes mudanças na vida do país. Os petistas votaram contra a Lei de Responsabilidade Fiscal e, ao perderem no Congresso, entraram com uma ação no Supremo a fim de anulá-la. As privatizações foram satanizadas, inclusive a da Telefônica, graças à qual hoje todo cidadão brasileiro possui telefone. E tudo isso em nome de um esquerdismo vazio e ultrapassado, já que programa de governo o PT nunca teve.
Ao chegar à presidência da República, Lula adotou os programas contra os quais batalhara anos a fio. Não obstante, para espanto meu e de muita gente, conquistou enorme popularidade e, agora, ameaça eleger para governar o país uma senhora, até bem pouco desconhecida de todos, que nada realizou ao longo de sua obscura carreira política.
No polo oposto da disputa está José Serra, homem público, de todos conhecido por seu desempenho ao longo das décadas e por capacidade realizadora comprovada. Enquanto ele apresenta ao eleitor uma ampla lista de realizações indiscutivelmente importantes, no plano da educação, da saúde, da ampliação dos direitos do trabalhador e da cidadania, Dilma nada tem a mostrar, uma vez que sua candidatura é tão simplesmente uma invenção do presidente Lula, que a tirou da cartola, como ilusionista de circo que sabe muito bem enganar a plateia.
A possibilidade da eleição dela é bastante preocupante, porque seria a vitória da demagogia e da farsa sobre a competência e a dedicação à coisa pública. Foi Serra quem introduziu no Brasil o medicamento genérico; tornou amplo e efetivo o tratamento das pessoas contaminadas pelo vírus da Aids, o que lhe valeu o reconhecimento internacional. Suas realizações, como prefeito e governador, são provas de indiscutível competência. E Dilma, o que a habilita a exercer a Presidência da República? Nada, a não ser a palavra de Lula, que, por razões óbvias, não merece crédito.
O povo nem sempre acerta. Por duas vezes, o Brasil elegeu presidentes surgidos do nada -Jânio e Collor. O resultado foi desastroso. Acha que vale a pena correr de novo esse risco?
Fonte:Jornal Pequeno online- Blog do Linhares 05/09/10
PF esvazia tese de crime político na violação de dados fiscais de tucanos
Leandro Colon / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
O inquérito da Polícia Federal sobre a violação de sigilo de quatro tucanos, além da filha e do genro do presidenciável José Serra, esvazia a hipótese de crime político. O resultado da apuração da PF, por enquanto, está longe de descobrir os motivos que levaram à quebra dos dados fiscais dos adversários do PT.
Apesar de depoimentos contraditórios e novos indícios, a investigação caminha, até agora, para a mesma versão da corregedoria da Receita de que tudo não passou de um crime comum, dentro de um esquema de venda de informações sigilosas.
O Estado teve acesso ao conteúdo das investigações da PF. As duas lideranças do PT nacional ouvidas, Rui Falcão e Fernando Pimentel, negaram qualquer ligação com as violações de sigilo. Admitiram, no máximo, que frequentaram este ano o escritório no Lago Sul montado pelo jornalista Luiz Lanzetta, que era coordenador de comunicação da campanha de Dilma Rousseff (PT) até junho. O depoimento deles, prestado há três semanas, não ocupa uma página inteira de respostas. É breve, sucinto.
Candidato ao Senado por Minas Gerais, Pimentel foi quem convidou Lanzetta para participar da campanha de Dilma. O jornalista deixou a equipe eleitoral em junho por causa do envolvimento no episódio do dossiê contra tucanos. Um dos pivôs do escândalo, o jornalista Amaury Ribeiro, por exemplo, deu dois depoimentos, um no dia 24 de agosto e outro na última segunda-feira. Nas duas vezes negou ligação com as violações de sigilo e, na última visita, aproveitou para deixar com a PF o relatório da chamada Operação Caribe, em que ele reúne informações de supostas operações financeiras de tucanos no exterior. A PF ouviu Amaury pela segunda vez depois que o PT pediu oficialmente para que ele fosse de novo interrogado. Ou seja, o pedido do partido pôs nas mãos da polícia um documento contra os tucanos.
Contradições. A PF não aprofundou ainda as contradições nos depoimentos dados pelas cinco pessoas - entre elas Amaury Ribeiro - que participaram de uma reunião em abril para discutir a elaboração de um dossiê contra os tucanos. Presente ao encontro, o delegado Onésimo de Souza afirmou à polícia que foi chamado para cuidar da segurança do escritório de Lanzetta no Lago Sul, mas que, durante a conversa, surgiram outras solicitações. Pediram, segundo ele, que "fosse levantado tudo sobre algumas pessoas". Onésimo disse à PF que entendeu que poderia haver um "método que não fosse legal", e repetiu sua versão de que Amaury afirmou possuir "dois tiros fatais" contra Serra.
Representante da campanha na tal reunião, Lanzetta deu outra versão aos policiais. Contou que foi contratado pelo Diretório Nacional do PT para cuidar da assessoria de imprensa da campanha de Dilma e consultou Onésimo para fazer segurança porque estava preocupado com o vazamento de informações do escritório montado no Lago Sul. Durante a conversa, segundo Lanzetta, Onézimo falou de outros trabalhos executados por possíveis adversários do PT. Para Lanzetta, isso mostrou que a conversa estava extrapolando o seu objetivo e, por isso, se retirou da reunião.
Distante de uma elucidação política do caso, a PF caminha, por enquanto, para apontar a servidora Ana Maria Cano como envolvida num esquema de venda dedados sigilosos, assim como Adeildda Ferreira dos Santos - dona do computador da Receita usado para violar o sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, de três tucanos, e também da filha e do genro de José Serra.
O RUMO DA PF NA VIOLAÇÃO FISCAL
Investigação esvazia tese de crime político e aponta para contradições em depoimentos
Amaury Ribeiro
Em dois depoimentos, negou envolvimento com a quebra dos sigilos dos tucanos. Alegou que, no fim do ano passado, estava tocando os negócios da família. Entregou à PF o relatório da Operação Caribe, feito por ele e que mostraria a participação de tucanos em negócios no exterior, mas que não teriam dados fiscais brasileiros
Onésimo de Souza
Disse que foi convidado para cuidar das instalações físicas do comitê de campanha de Dilma a convite do coordenador-geral, Fernando Pimentel. No encontro, porém, apareceu o jornalista Luiz Lanzetta. Na conversa, surgiram "outras solicitações". Foi pedido que "fosse levantado tudo sobre algumas pessoas". Advertiu que poderia ocorrer o episódio "aloprados 2". Não viu nenhum dossiê
Luiz Lanzetta
Contou que foi contratado pelo Diretório Nacional do PT para cuidar da assessoria de imprensa da campanha de Dilma. Consultou Onézimo, por meio de Amaury. No jantar, mostrou preocupação com o vazamento de informações do comitê. Durante a conversa, Onézimo falou de outros trabalhos executados por possíveis adversários do PT. Em nenhum momento foi tratado assunto sobre interceptação ilegal
Benedito de Oliveira
Disse que não é envolvido em campanha eleitoral. Conhece Amaury e Lanzetta há 3 anos. Mantém rotina social com Lanzetta, que o convidou para um happy hour no dia da tal reunião. Não ouviu menção a quebra de sigilo, nem dossiê
Idalberto Matias, conhecido como Dadá Permaneceu calado durante todo o depoimento
Fonte: Estadão 16/09/10
Charge:Renato
Planalto já sabia sobre o lobby desde fevereiro
Leandro Colon - O Estado de S.Paulo
O Palácio do Planalto sabia pelo menos desde de fevereiro deste ano que havia um lobby funcionando dentro da Casa Civil e cobrança de vantagens para intermediar empréstimos junto ao BNDES.
Foi em 1.º de fevereiro que o empresário Rubnei Quícoli, estopim da queda de Erenice Guerra, enviou e-mail para quatro funcionários da assessoria especial da Casa Civil em que reclama da cobrança por fora de R$ 240 mil feita pela empresa de Israel Guerra.
Israel é filho da ministra, e teria feito a cobrança para que o processo de crédito de R$ 9 bilhões fosse acelerado. Em uma das mensagens daquele dia, Quícoli, consultor da EDRB do Brasil Ltda, pede que o assunto seja levado à então ministra e hoje presidenciável, Dilma Rousseff (PT). "Espero de coração que esse e-mail chegue às mãos da dra. Erenice e a (sic) ministra Dilma", afirma.
Dilma era ministra também quando, 45 dias antes, Quícoli recebeu a minuta do contrato que faria com a Capital Assessoria, empresa que Israel, filho de Erenice, usa para fazer lobby e cobrar dinheiro em contratos obtidos junto a órgãos públicos.
O documento cita o pagamento mensal de R$ 40 mil e a taxa de 5% (que significaria R$ 450 milhões) em caso de sucesso na operação para financiar um projeto de usina solar.
Consultor da EDRB, Rubnei Quícoli entregou ontem ao Estado os e-mails que enviou aos assessores da Casa Civil no dia 1º de fevereiro. Às 7h08, ele remeteu mensagem a Vinicius Castro, Glauciene Leitão, Vilma Nascimento do Carmo e Vera Oliveira, todos lotados na assessoria especial da Casa Civil. O primeiro pediu demissão na segunda-feira, depois da revelação de que botou sua mãe, Sônia Castro, como sócia "laranja" da Capital Assessoria.
Já Glauciene, além de receber os e-mails sobre as cobranças feitas pela empresa de Israel, foi quem agendou a reunião de 10 de novembro, que contou com a presença de Erenice e dos donos EDRB. Quatro dias antes, a funcionária da Casa Civil confirma o encontro e faz um alerta em que menciona a candidata do PT: "O Vinícius Oliveira - Assessor da Secretária, informou que o conteúdo do CD que está com ele é muito extenso e que é necessária uma apresentação mais sucinta para mostrar à ministra Dilma."
Nas mensagens aos funcionários da Casa Civil, Quícoli alerta sobre o uso do escritório Trajano e Silva Advogados pelo grupo ligado a Erenice Guerra para fazer negociatas. A Casa Civil confirmou, para o Estado, a lotação das funcionárias. Um dos sócios do escritório, o advogado Márcio Silva, que representa Dilma na Justiça Eleitoral, nega conhecer os representantes da EDRB. "Nunca vi essas pessoas."
Fonte: Estadão 17/10/10
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