sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Nossa Democracia e seus assassinatos


Por Márcio Accioly

Tem gente que acredita em papai Noel (que mora na Lapônia), em varinha de condão e, até, na bondade de algumas das ações de criminosos em série. Tem gente que acredita no chamado Estado Democrático de Direito no Brasil, mesmo consciente da impunidade e de desmandos sem fim, na escancarada roubalheira. Que fazer?

O jornalista Lélio Gamboa desata a rir, chega a chorar, quando lhe falam sobre as vantagens da democracia brasileira. Entre gargalhadas e soluços, ele lembra os assassinatos do então prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel, e o de Campinas (SP), Toninho, ambos do PT.

E recorda que, no caso Celso Daniel, o número de testemunhas desaparecidas, mortas de maneira não racionalmente explicável, supera a casa das dez e pode chegar a quase 20, se efetuado levantamento detalhado. A “democracia” brasileira é estranha e provoca indescritível desconforto.

Na morte de Celso Daniel, o principal envolvido, Sérgio Gomes da Silva, conhecido como “Sombra”, trabalhou no gabinete do então deputado federal Luiz Inácio Lula da Silva (PT), hoje ocupante da Presidência da República, cujo índice de popularidade retrata com fidelidade o grau de entendimento de nossa população.

Sem contar que esses crimes estão vinculados a denúncia levada aos ouvidos do hoje presidente, Dom Luiz Inácio, tratando sobre esquemas de desvios milionários na coleta do lixo (em Prefeituras petistas). Tal denúncia resultou na expulsão partidária de quem ousou levantar o assunto, o tesoureiro Paulo de Tarso Venceslau.

Tudo isso para lembrar que, nas esquinas das grandes cidades (segundo não se cansa de veicular os diversos meios de comunicação), podem ser comprados CDs atualizados que trazem informações a respeito das atividades financeiras da maioria dos contribuintes da República.

E ao se encontrarem provas de quebra de sigilo, dentro do órgão responsável pela guarda dos dados (Receita Federal), as autoridades aparecem lépidas e fagueiras, garantindo que tudo não passa de matéria requentada. E que os verdadeiros culpados são os que têm suas vidas expostas nos CDs das ruas, ora veja!

Pois a denúncia de quebra de sigilo fiscal de pessoas vinculadas ao candidato presidencial José Serra (PSDB), claramente comprovadas (apesar de visível tentativa de abafa), parece se encaminhar para “exemplar” punição de funcionários dos escalões inferiores. Sem esquecer a apuração “rigorosa”, doa em quem doer.

O PT é mestre na montagem de dossiês, na coleta de dados e exposição dos adversários, no faça o que digo, mas não o que faço, na embromação e dissimulação. Não é este o primeiro caso. Nem se comenta mais sobre os dólares na cueca do assessor do então deputado estadual José Nobre, preso no aeroporto de Guarulhos (SP).

José Nobre (de comportamento vil), irmão do deputado federal José Genoíno, tornou-se deputado federal e ora dá as cartas com todos os naipes no Congresso Nacional. O próprio Genoíno, envolvido nos mais variados rolos, escondeu-se na ribalta e raramente põe o pescoço em cena.

Ele era conhecido como “mariposa”, no salão verde da Câmara, pois cada vez que se acendiam as luzes televisivas, lá ficava rondando refletores, dando cabeçada em abajures. Agora acontece exatamente o inverso.

O país que se está montando, nas esmolas sociais dos impostos que não beneficiam à organização social, é o do analfabetismo, da miséria e dos altos índices de homicídios que impedem a livre circulação de quem se arrisca nas ruas. Como é que não se enxerga nada disso? Vivemos num país de submissão e alheamento.

Fonte :Alerta Total 02/09/10 - Márcio Accioly é Jornalista.

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