terça-feira, 5 de abril de 2011

Mulher processa hotel por ser presa após denunciar estupro


Uma mulher australiana que passou oito meses na prisão nos Emirados Árabes após ter ido a polícia sob queixas de ter sido estuprada e drogada está processando o hotel em que a suposta violação teria ocorrido. Alicia Gali foi condenada a 12 meses de prisão depois de ter alegado ter sido violentada por três colegas de trabalho, quando bebia com colegas no bar do Le Meridien Al Aqah Beach Resort, nos Emirados Árabes, em junho de 2008.

Após ter relatado o crime à polícia, Alicia Gali acabou sendo presa por adultério e cumpriu uma pena de oito meses. Ela foi perdoada em março de 2009 e regressou à Austrália.

A australiana acabou presa por ser ilegal, manter relações sexuais fora do casamento nos Emirados Árabes e foi acusada e condenada de ter feito ''sexo consensual''. Estupro só é considerado crime no país se quatro homens muçulmanos testemunharem o ocorrido.

Advogados
''O ex-empregador de Alicia abandonou-a da forma mais terrível. Ela foi drogada e em seguida violentada por três ou quatro colegas. Quando a segurança do hotel foi informada do que aconteceu, não fez nada para ajudá-la. O gerente de recursos humanos do hotel não avisou para a sra. Gali quais seriam as consequências que ela sofreria ao relatar o crime. Para piorar ainda mais, ela foi presa por ter relatado esse crime hediondo'', afirmou a advogada Melissa Payne, que representa a australiana.

A defesa afirma ainda que o hotel descumpriu obrigações trabalhistas ao não ter em vigor um sistema que protegesse funcionários contra agressões e contra suas consequências legais, além disso, afirmam os advogados, o hotel estimulava seus funcionários a beber álcool no bar sem uma permissão especial (que é concedida somente aos residentes no país), criando assim um clima que tornava mais fácil salpicar um drinque com drogas''.

Segundo os advogados, entre as medidas que o hotel poderia ter cumprido estão a de contar com áreas isoladas e seguras para suas funcionárias e fornecer treinamento adequado a respeito das leis e costumes dos Emirados Árabes.

Alicia Gali conta que não quer que o seu caso seja explorado como um ataque antimuçulmano ou antiárabe, uma vez que ''os homens envolvidos eram estrangeiros. Eles não eram provenientes do Oriente Médio. Dois deles eram da Índia e outro das Ilhas Maurício''.

A australiana conta que ''julgava estar segura e protegida dentro de um grupo hoteleiro internacional, mas eles não me deram o aconselhamento correto e não me ajudaram quando eu fui acusada e presa''.

Mas Alicia Gali afirma que apesar de muitos estrangeiros, como ela, irem aos Emirados Árabes para trabalhar e de o país se vender como um destino turístico, eles ainda contam com leis arcaicas e que a legislação do país não protege as mulheres.

Fonte:UOL notícias 30/03/11

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