Imagens do Golfo do México, onde a plataforma era da Transocean.(Reuters)
O vazamento de óleo na Bacia de Campos quase passa batido na sua primeira semana. Imprensa, deputados e especialistas não se interessaram tanto pela mancha de 63 km2 no litoral fluminense.
O vazamento aconteceu no campo de Frade e, pela primeira vez, através da delegacia do Meio Ambiente da PF ficamos sabendo que a Chevron, empresa responsável pelo vazamento, talvez esteja escondendo dados importantes.
Leio que o secretário de Meio Ambiente do Rio, Carlos Minc vai sobrevoar a área amanhã. O governador Cabral. ainda nem tocou no assunto . Minc costumava ser mais rápido no gatilho.
O delegado da PF, Fábio Scliar, afirmou que, ao contrario do informado, o vazamento ainda não foi contido e que não viu uma frota de 17 navios trabalhando para conter a mancha, mas apenas um.
Pode ser que o vazamento seja mais grave, como suspeita o delegado. O que impressiona é como o Brasil é blasé. Em outros países, pelo menos as imagens seriam mostradas na televisão.
Aqui só se lê a nota da Chevron. O Rio deveria se mexer mais porque está lutando pelos royalties do petróleo. Precisa mostrar que cuida do seu litoral e está atento. E o Brasil sinalizar com seriedade para quem vem explorar o pré-sal.
Ontem, a bancada do Rio no Congresso foi informada o vazamento.Uma comissão externa de deputados fluminenses, sem custos para o Congresso, deve ser formada.
Ouvi um locutor dizer, com alívio, que houve o vazamento mas que a mancha estava se afastando do litoral brasileiro. Talvez tenha sido essa a causa do desinteresse- o rumo dos ventos.
Como se o mar territorial fosse um universo fechado e fora dele nada nos preocupe.
O Globo de hoje publica uma página inteira com as declarações do delegado e informa que a proprietária da plataforma da Chevron é a Transocean que esteve no centro do desastre da BP, no Golfo do México.
A esta altura, tanto a Chevron como a Transocean devem estar pensando como é mais fácil administrar um desastre num pais em que ninguém vai inspecionar o lugar imediatamente, que não divulga as imagens do poço, não rastreia o curso da mancha, nem examina como foi dada a licença ambiental . Ainda por cima é um país tropical, abençoado por Deus.
Toda essa celebração em torno do pré-sal só faz nos preocupar com o futuro do oceano brasileiro pois na faixa em que o óleo será explorado, circula a maioria das espécie em extinção em nossos mares.
Fonte: Estadão - Fernando Gabeira
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