domingo, 28 de dezembro de 2008

Pirâmides como a de Madoff são esquema antigo


Viram a história da fraude no fundo de hedge gerenciado por Bernard Madoff, ex-presidente da Bolsa Nasdaq e considerado um gênio das finanças mundiais?

Era uma pirâmide, como ele mesmo admitiu, primeiro, para seus empregados. Mas a pirâmide ficou de pé por 20 anos! Dando retorno firme de 1% ao mês, um espanto em economias estáveis, por duas décadas!

Como foi possível? Pelo crescimento contínuo das poupanças.

Isso mesmo, uma pirâmide funciona enquanto entra mais gente do que sai. Um cara coloca dez e convence outros dois a colocarem cada um mais dez. Estes, de sua vez, convencem, cada, outros dois, e assim vai, engrossando a base da pirâmide. Quando o primeiro depositante retira 15, com ganho de 50%, o bolo já alcançou 55 (70-15).

Como o lucro de 50% dá credibilidade ao negócio, mais pessoas entram na pirâmide, e assim vai.

De modo que o Fundo Madoff era, na verdade, um fundo comum, com aplicações normais no mercado. Ganhava menos do que 1% ao mês, mas como sempre tinha gente entrando – e deixando o dinheiro lá – podia pagar alto para os poucos que saíam. O que confirmava a fama do Fundo.

Só dá errado quando, na crise global, os investidores precisaram sacar para cobrir perdas. E aí, com mais saídas, a pirâmide se dissolve.

De certo modo, sempre há um tipo de pirâmide. Por exemplo: a bolha imobiliária. Com juros muito baratos, bancos e agências hipotecárias emprestaram para um número cada vez maior de famílias comprarem suas casas próprias.

O retorno dos bancos e agências era baixo, de modo que a coisa só funcionava se houvesse muitos empréstimos – para o que os juros precisavam ser muito baixos e as condições de concessão de crédito mais frouxas. E como havia mais compras de casas novas, os preços subiam sempre, o que fechava a pirâmide.

Quando o mercado se esgota e os preços param de subir e começam a cair, a roda gira ao contrário, a pirâmide cai.

Tivemos pirâmides por aqui. Lembram-se da Encol? Você vende na planta o prédio B para financiar a construção do A; vende o C para financiar o B e assim vai. Uma pirâmide. Quando não consegue vender um, caem os anteriores.

Pirâmides, tão antigas quanto as primeiras formas de dinheiro.

Fonte: Carlos Alberto Sardenberg em 16 de Dezembro de 2008

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