terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Protógenes no Programa Roda-Viva



Delegado Protógenes adverte que MPF vai denunciar autoridades e jornalistas ligados a Daniel Dantas


Por Jorge Serrão

Autoridades dos três poderes da República Sindicalista e jornalistas ou editores-chefe de veículos que funcionam na base de “mensalões” financiados pelo banqueiro Daniel Valente Dantas, do Opportunity, já têm bons motivos para se preocupar, assim que o Judiciário voltar de recesso, a partir de 6 de janeiro.

O delegado federal Protógenes Queiroz, que comandou a Operação Satyagraha e hoje foi posto na “geladeira”, advertiu ontem, em inquisição jornalística sofrida no programa Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo, que entregou ao Ministério Público Federal documentos que incriminam quem tem ligações perigosas com Dantas.

Protógenes Queiroz deixou nas entrelinhas é um “arquivo vivo”. O delegado deu a entender que tem muito mais munição guardada para usar, na hora certa, contra aqueles que agora o perseguem, para defender os interesses de Daniel Dantas.

Ao final do programa, indagado pela jornalista Lillian Witte Fibe se não temia por sua segurança, Protógenes despejou ironia. Advertiu que vive protegido por seguranças oficiais, mas ressaltou que seu principal segurança chamava-se Daniel Valente Dantas – a quem, a todo momento do programa, se referiu como “criminoso” ou “bandido”.

O Protógenes fez outra afirmação que deixou desnorteados seus entrevistadores-inquisidores. Garantiu que o suposto grampo no Supremo Tribunal Federal, contra o ministro Gilmar Mendes, não foi praticado por qualquer membro de sua equipe de investigadores.

Com esta afirmação, o delegado só reforçou uma informação já veiculada aqui no Alerta Total de que a interceptação telefônica ilegal contra Gilmar Mendes foi praticada por uma grande empresa particular de segurança, em Brasília. A verdade é devidamente abafada.

Protógenes pôs em dúvida o suposto grampo que pegou uma conversa entre o ministro Gilmar Mendes e o senador Desmóstenes Torres (DEM). O delegado alegou que só acredita no grampo desta conversa se ouvir o áudio – o que nunca foi divulgado.

Protógenes reclamou que a revista IstoÉ apenas divulgou a transcrição da suposta conversa – que o senador e o ministro até confirmaram que ocorreu. O delegado sugeriu que o sensacionalismo sobre o caso Gilmar teria servido como armação para desviar o foco sobre o caso Daniel Dantas. Gilmar Mendes acusou a Abin de ter feito o tal grampo.

Em outro ponto polêmico da entrevista, que assustou os jornalistas-inquisidores, Protógenes destacou que não existe qualquer vídeo de uma suposta reunião entre assessores de Gilmar Mendes e advogados de Dantas – conforme a imprensa chegou a veicular. No entanto, o delegado garantiu que existem fotos que comprovam o fato. Protógenes alegou que só não diria quem são os envolvidos, porque corre um inquérito em segredo de Justiça.

Protógenes sabe bem o que disse ontem no Roda Viva. Além da Satiagraha, ele foi responsável por outras grandes operações da PF, como as que resultaram nas prisões do ex-prefeito Paulo Maluf e do contrabandista chinês Law Kin Chong e investigou também crimes financeiros realizados com o uso de contas CC5 e a organização criminosa comandada pelo ex-deputado Hildebrando Pascoal.

Protógenes foi inquirido, no programa apresentado por Lillian Witte Fibe, pelos jornalistas Ricardo Noblat, colunista do jornal O Globo e titular do Blog do Noblat; Renato Lombardi, comentarista do Jornal da Cultura; Fernando Rodrigues, colunista e repórter do jornal Folha de S. Paulo em Brasília e Fausto Macedo, repórter de política do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: alerta total 23/12/08

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