Um Júri de Santa Cruz, na Califórnia, decidiu pelo pagamento de US$ 1 milhão a um agricultor orgânico cujas lavouras foram contaminadas por pesticidas usados em propriedades vizinhas, através do fenômeno chamado “deriva de agrotóxicos”. Traços de pesticidas foram detectados nas lavouras orgânicas da propriedade Jacobs Farm em outubro de 2006, após diversos organofosfatos -- cloropirifos, diazinon e dimetoate -- serem aplicados em couve de bruxelas em uma propriedade próxima. Ao longo de vários dias após a aplicação, os agrotóxicos evaporaram e foram carregados pelo vento para propriedades vizinhas. O jornal San Francisco Chronicle relatou que os pesticidas “liquidaram o trabalho de um ano com ervas culinárias incluindo sálvia, alecrim e endro na propriedade Jacobs Farm, da cooperativa Del Cabo”.
Embora os organofosfatos sejam conhecidos por sua capacidade de persistir e por sua tendência a derivar, o jornal observa que “nem as regulamentações federais e nem as estaduais levam em conta esta questão ou fornecem qualquer proteção aos agricultores orgânicos”.
A Western Farm Service -- a empresa que aplicou os agrotóxicos e foi condenada a pagar a multa de US$ 1 milhão -- está estudando uma forma de recorrer da decisão, argumentando que o veredicto “levanta preocupação sobre o uso futuro de organofosfatos na Califórnia”. Nathan Benjamin, um advogado da propriedade orgânica, declarou que “a mensagem do júri é bem clara, tanto para a indústria como para as agências reguladoras: é inaceitável que se aplique estes químicos venenosos e se vire as costas para as conseqüências a partir do momento da aplicação”.
Fonte:
Pesticide Action Network North America (PANNA), 02/10/2008.
http://www.panna.org/resources/panups/panup_20081002#2
N.E.: A decisão do Júri de Santa Cruz merece aplausos e deve inspirar decisões similares para os casos em que agricultores convencionais e orgânicos têm suas lavouras contaminadas por transgênicos. Não se pode mais aceitar que agricultores que não queiram agrotóxicos e transgênicos em suas lavouras tenham que arcar com todos os custos de se proteger da contaminação e ainda fiquem no prejuízo quando não conseguem evitá-la.
Fonte: http://www.aspta.org.br/
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