Da Cidade das Abelhas, centro de treinamento e pesquisa da Epagri, em Florianópolis, o chefe Walter Miguel contabiliza as perdas registradas toda semana por apicultores do Estado. A produção de mel, ele estima, deve cair entre 15% e 20%.
Os prejuízos, porém, podem ser maiores em outros setores. As abelhas fazem a polinização de praticamente tudo que tenha flor, sendo fundamentais para viabilizar plantios comerciais, dos grãos à fruticultura, e até a pastagem para pecuária. A redução dos enxames, por enquanto, não seria capaz de quebrar safras, porém, já causa apreensão. O setor agrícola dos Estados Unidos enfrenta problema semelhantes, em estado mais avançado, há alguns anos. A chamada Síndrome do Colapso das Abelhas espalha-se por pelo menos 36 estados e está levando produtores a importar abelhas para polinização.
Inicialmente associado a doenças conhecidas pelos apicultores, o problema permanece sem diagnóstico claro nem procedimento para preveni-lo. Falou-se de ácaros, vírus, pólen contaminado por pesticidas ou de plantas transgênicas e até de ondas de telefone celular que estariam desorientando as abelhas.
Afonso Orth, professor do Laboratório de Entomologia Agrícola da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), afirma a alteração climática poderia ser responsável por algum tipo de estresse que deixaria os insetos debilitados. Ele também destaca o uso do herbicida glifosato, que seria responsável pela redução da disponibilidade de alimento no campo.
Nenhuma dessas hipóteses, entretanto, podem ser indicadas como causas. Mas, conforme alerta o pesquisador, isso se deve à ausência de estudos sobre o caso. De acordo com ele, entidades públicas deveriam percorrer as regiões apícolas do Estado colhendo material para verificar se o que ocorre é apenas uma mortandade por falta de alimento ou algum tipo de doença.
Fonte:
Diário Catarinense, 28/09/2008.
http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a2207408.xml&template=3898.dwt&edition=10776§ion=129
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